FASHION

A crise do batom

Como os batons passaram de itens indispensáveis para os menos vendidos durante a pandemia?

O batom, no início do século XX, passou a ser item indispensável e desejado por todas as mulheres, sendo embalado em tubos e vendido em cartuchos pelas ruas de Paris. Mas quem diria que algo utilizado nos lábios como forma de confiança e expressão, seria utilizado como tática feminista e revolucionária?

O batom de cor vermelha, que durante a Segunda Guerra Mundial era odiado por Adolf Hitler, passou a ser utilizado pelas mulheres como forma de se declararem contra o fascismo implantado durante o regime na Alemanha. Já nos Estados Unidos, em 1912, as mulheres também utilizaram o batom vermelho enquanto marchavam para conquistar o direito de voto. Os lábios vermelhos como ato feminista e revolucionário são utilizados até hoje pelas mulheres e estão se espalhando cada vez mais pelo mundo.

(Foto: divulgação | Maria Luiza Schultz)

Leonard Lauder, ex-presidente da empresa de cosméticos Estée Lauder, criou informalmente em 2001 o Lipstick Index (Índice Batom), que acabou se tornando um indicativo econômico da área dos cosméticos. A partir deste índice foi possível notar que em épocas de depressão econômica e crise, as vendas de cosméticos aumentavam:

11 de Setembro – Ataque terrorista EUA: Enquanto a queda na compra de outros produtos caia, a venda de batom na Estée Lauder crescia.

1929 e 1933 – Quebra da bolsa de NY: Mesmo com a produção industrial nos Estados Unidos parada, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill assegurou que a venda de batons continuasse durante a Segunda Guerra Mundial.

31 de janeiro 2020 – Brexit: Mesmo com a época de incertezas pela saída da Inglaterra da União Europeia, as vendas de batom nas lojas de departamento John Lewis cresceram 31%.

Fim de 2019 – Pandemia: Pesquisa da Euromonitor Internacional demonstra que a venda de cosméticos caíram e abriram espaço para os itens de cuidados pessoais e sabonetes.

Mas, com a chegada da pandemia em 2019 e o uso obrigatório da máscara, muitos dos itens queridinhos pelas mulheres acabaram sendo deixados nas bancadas, tanto nas lojas quanto em casa. Muitos deles que antes eram indispensáveis, marcantes e revolucionários, estão enfrentando quedas históricas em suas vendas. Uma pesquisa realizada pela Euromonitor Internacional mostra que na passagem do ano de 2019 para 2020, a venda de batons perderia cerca de 2 bilhões de reais no Brasil. Além de quedas significativas nas vendas, muitas empresas de cosméticos precisaram fazer demissões em massa de seus funcionários. A francesa Estée Lauder por exemplo, demitiu 2 mil funcionários em todo o mundo no ano passado.

Se itens que antes eram considerados básicos em toda rotina de maquiagem não estão mais sendo usados, o que está em alta nas vendas durante a pandemia? Com mais tempo em casa, a skincare se tornou a queridinha nesta época. Máscaras faciais, sabonetes líquidos, esfoliantes, espumas de limpeza, cremes e toda aquela rotina de limpeza e cuidado com o rosto começou a fazer parte do dia a dia de muita gente. O #semmake e o #semfiltro do Instagram passaram a fazer parte da vida fora das redes sociais.

(Foto: divulgação | Pexels)

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