Paraná, um gigante da moda: 7 marcas que nasceram aqui e despontam no mundo
No mundo da moda, não basta criatividade. Para conseguir posição de destaque nesse concorrido mercado, é preciso posicionamento estratégico, senso de oportunidade e conexão com o público. O Paraná é exemplo disso e figura entre os principais produtores de vestuário do país, com destaque para o jeans e a moda feminina. A paisagem é tão grande quanto variada e, na região Noroeste, concentradas nas cidades de Maringá e Cianorte, estão as maiores confecções e marcas de moda paranaense. O Grupo Morena Rosa impressiona pelos números: das quatro máquinas que iniciaram a produção de moletons em 1993, em Cianorte, a empresa passou para mais de 6 mil multimarcas no país, entre franquias, lojas próprias e e-commerce.
Já Maringá é a sede da gigante de lingerie Recco, que começou com uma produção caseira há quase 40 anos, conquistou o mercado nacional e, agora, foca na internacionalização. “Estaremos na próxima edição da Interfeliere de Paris, começando a expandir contatos na Europa”, revela a gerente de treinamento, Bettula Vicentino Bazaani. Outro valor para marcas que trabalham em grande escala é estar em consonância com as tendências: uma roupa que traga informação de moda editada tem mais chance de ampliar sua base de clientes. Criada há 20 anos em Cianorte, a Richini está em 500 pontos de venda em todas as regiões brasileiras e aposta no e-commerce para desbravar novos mercados fora do país – a marca já vende para Argentina e Bolívia e está em vias de exportar para Angola. “Temos um estilo de roupa contemporânea. Não focamos em uma idade, porque hoje a mulher pode ser e vestir o que quer”, explica Jessica Richini, estilista da marca e fi lha da fundadora, Ana. No caso da Perfect Way, é impossível encontrar uma loja, porém, sua roupa prática, casual e contemporânea está em nada menos do que 1.300 revendas do Brasil e em países como EUA, Japão, Suíça, Argentina, Paraguai, Alemanha, Austrália, França e Bolívia. “Optamos por esse sistema porque a intenção sempre foi atingir o maior número de consumidores possível”, diz Debora Cristina Rubini, analista de marketing da empresa.
Em Curitiba… A confl uência de culturas, a fama de local test e o caráter cosmopolita de Curitiba têm sido o ambiente para que marcas autorais ganhem visibilidade e reconhecimento. Criada há dez anos, a Artha é literalmente fruto do casamento da designer Mariana Bassetti e do chef Christopher Nascimento. Ela começou a chamar a atenção de noivas que queriam um vestido diferente do tradicional. Hoje, o Atelier Artha entrega uma média de 300 modelos de noivas/ ano para clientes do Brasil e do exterior. Com pegada rock’n’roll e boho, os vestidos atendem um público alternativo, divertido e ousado. Alfaiataria e camisaria impecáveis, vestidos com caimento perfeito, matéria-prima superior. Sandra Kanayama tornou-se, em alguns anos, referência do simples-sofi sticado, inserindo no vocabulário da curitibana os termos cappotto (casaco, em italiano) e o cocktail dress , dois de seus ícones – e neste ano lançou seu e-commerce. “A loja online é a evolução da marca. Vem para ampliar nosso alcance e oferecer peças com design minimalista e atemporal, produzidas localmente e feitas para te deixar sempre pronta para qualquer ocasião”, afirma Sandra.
Com um portfólio de até 400 modelos por coleção, a cinquentenária Lafort tornou-se a embaixadora do tricô no Brasil – já foi fornecedora de marcas como Animale e Mixed. A direção criativa é de Irit Czerny, que reinventa a empresa herdada do pai. “Sempre acreditei muito no tricô como a matéria-prima mais rica e nobre que há”, diz a fã do costureiro Azzedine Alaïa, falecido no ano passado. Há quatro anos, a Lafort passou a investir pesado em marketing, desenvolvendo campanhas fotografadas no exterior e apostando no lançamento para a imprensa em Paris. A estratégia está dando certo. Além das 4 lojas físicas – 3 em Curitiba e 1 no Rio de Janeiro –, está em 130 multimarcas do país, registrando um crescimento de 40% ao ano. Crescer com sustentabilidade é um projeto comum a essas marcas, independentemente do posicionamento de mercado. Cada uma dentro de sua vocação, juntas, elas não só alavancam o PIB do estado como elevam o Paraná a referência de negócios e design, mesmo em um cenário instável. Nas palavras da estilista Irit Czerny: “Quando o saber vem com consistência, pode vir a crise que vier que você consegue vencê-la.”
Morena Rosa
As marcas do Grupo Morena Rosa – Morena Rosa, Zinco, Maria.Valentina e Lebôh – estão em 6 mil pontos de venda em todo o país. A contrapartida social é o Instituto Morena Rosa, que atende pessoas carentes na região de Cianorte. O controle da companhia – que hoje opera as marcas Morena Rosa, Zinco, Maria.Valentina e Lebôh – está passando das mãos do patriarca Marco Franzato para seu filho Lucas.
Sandra Kanayama
A designer mantém uma pequena produção em laboratórios na Itália para conservar a qualidade e a tradição de seus cappotti , os casacos que a tornaram conhecida.
Recco
Seus lançamentos pretendem alcançar as inúmeras necessidades da mulher: clássica, relax, sensual e maternidade são algumas das linhas. A marca tem, ainda, a Recco Man, voltada ao público masculino. São produzidas 110 mil peças/mês.
Richini
Optou por uma estrutura enxuta, com apenas 80 funcionários, mas está presente em 500 pontos de venda, em todas as regiões brasileiras. 80% da produção é concentrada em facções da região Noroeste do Paraná. Além da linha original, tem hoje a By Jesse, mais fashionista.
Artha
“Hoje se fala bastante em consumo consciente, sustentabilidade, responsabilidade social. Aos poucos, a maneira de consumir está mudando e também ajuda a despertar o interesse e a atenção para a moda autoral. Até mesmo o surgimento das mídias sociais tem papel importante. Quando começamos, há 10 anos, não existia nada disso e era muito mais difícil se fazer notar”, diz a designer Mariana Bassetti.
Lafort
Apresenta duas grandes coleções ao ano em tricô e alfaiataria premium, com até 400 modelos. A atual estratégia é um forte investimento em marketing.
Perfect Way
Com equipe de criação concentrada em Maringá e sem venda ao consumidor fi nal, a Perfect Way aposta na capilaridade dos pontos de venda para crescer: são 1,3 mil pelo mundo.
*Matéria publicada originalmente por Dani Brito na edição 213 da revista TOPVIEW.