Você já ouviu falar em “comfort food”?
“Comfort Food” é um termo em inglês que literalmente significa “Comida Conforto”. Pode-se dizer que designa toda comida escolhida e consumida com o intuito de proporcionar alívio emocional ou sensação de prazer em situações de fragilidade, como stress ou melancolia, sendo associada muitas vezes a períodos significativos da vida de um indivíduo, como a infância, e/ou à convivência em grupos considerados importantes por ele, tal como a família.
Nessa época de pandemia e quarentena que estamos enfrentando, a tendência é, tanto para quem está impossibilitado de trabalhar, quanto aos que estão cumprindo “home office”, exagerar na alimentação e, principalmente nas “Comfort Food”. Isso porque o corpo tende a desejar alimentos com altos teores calóricos e de açúcar durante períodos estressantes, pois, esses alimentos fornecem cargas de energia a curto prazo. O estresse também leva a níveis elevados de cortisol, que podem aumentar o apetite.
“A alimentação influencia tanto no estado fisiológico quanto no emocional. O estado emocional de uma pessoa pode ser afetado pelas escolhas alimentares e pela quantidade ingerida. Isso ocorre porque a motivação para comer não é meramente impulsionada por um desejo de consumir nutrientes e/ou de proporcionar a saciedade, mas também de manter o equilíbrio emocional e psicológico”, explica a nutricionista do Centro Médico Consulta Aqui, Iomara Isidorio Cavalcante.
Nesse tipo de alimentação, existe uma classificação com quatro divisões que são:
• Alimentos Nostálgicos – estão associados a pessoas que estão temporariamente longe de suas famílias e/ou de sua terra natal, como, por exemplo, o acarajé para o baiano que está distante da BA.
• Alimentos de Indulgência – são aqueles capazes de despertar um sentimento de clemência em quem os consome. Está associada a situações em que preocupações relativas aos aspectos nutricionais ou ao valor de determinados alimentos ou bebidas são deixados de lado, privilegiando-se o prazer que será obtido ao consumi-los. Essas exceções muitas vezes geram sentimentos posteriores de culpa, principalmente se a ingestão for em grandes quantidades. O “junk food” é um bom exemplo desses alimentos.
• Alimentos de conveniência – nesse tipo, o principal critério de escolha é a possibilidade do acesso e consumo imediato. Nesta categoria a associação entre conforto emocional e a praticidade é essencial.
• Alimentos de conforto físico – as características principais nesse tipo são as físico-químicas, ou seja, composição, temperatura e textura. Proporcionam ao indivíduo um bem-estar físico, além do emocional. Exemplos podem ser os gordurosos, ricos em açúcar e até mesmo o chá, o café e bebidas alcoólicas, que têm comprovada ação química no cérebro.
As “Comfort Food” também são possíveis de serem incluídas, com muitos benefícios, nos planos de reeducação alimentar, dependendo da quantidade e frequência em que será proposto. O consumo desses alimentos, de forma moderada, leva à produção de dopamina (DA), que, por sua vez, promove estímulos de prazer e de alegria na região cerebral. “Nos casos em que o paciente não deve ingerir gorduras ou açúcares provenientes desses alimentos, a substituição por amêndoas, café, farinha de aveia, cúrcuma, gergelim, vegetais de folhas verdes, semente de abóbora, vegetais marinhos e outros é válida”, diz Iomara.
“As experiências da infância são determinantes na formação das preferências e hábitos alimentares que se mantém ao longo da vida. Apesar desses hábitos poderem mudar completamente durante a fase adulta, a lembrança, o peso do primeiro aprendizado alimentar e os rituais sociais permanecem, muito provavelmente, para o resto da vida no inconsciente e consciente das pessoas, tendo, inclusive, papel importante na estruturação dos vínculos sociais”, finaliza a nutricionista do Consulta Aqui.