Um passeio em Modena: Slow food, fast cars
Culinária refinada, criativa, inventiva — e um tanto audaciosa — são alguns dos requisitos incontestáveis para que um chef chegue ao ápice do reconhecimento gastronômico planetário: as cobiçadas três estrelas Michelin. Produtos excepcionais e potência nos sabores também são sempre levados em consideração, e executados com maestria pelo mundialmente renomado (e molto carismático) Massimo Bottura, triplamente estrelado desde 2012 por sua Osteria Francescana.
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O menu degustação do restaurante já é argumento dos mais convincentes para incluir Modena no roteiro da Itália. Mas seria um grande desperdício dar check em apenas um dos negócios deste célebre residente (de veloz bastam os carros; já volto ao assunto). Desde 2019, ele e sua esposa, a americana Lara Gilmore, estão à frente de um requintado hotel boutique na zona rural da Emília-Romanha, que mais parece a extensão da propriedade do casal: são apenas doze quartos cercados por jardins privativos e decorados com arte contemporânea da ousada coleção particular da família — destaque para a sequência de Dropping a Han Dynasty Urn, no lounge, na qual o chinês Ai Weiwei quebra um vaso da milenar dinastia Han. Ainda tem Tracey Emin na recepção e Damien Hirst na área de colazione.
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Tenho um lugar preferido na Casa Maria Luigia (o nome é uma homenagem à mãe de Bottura): a sala de música, com coleção infinita de vinil com jazz de primeira que literalmente ganhou meu coração. É possível passar horas ali contemplando música, leitura, drinks e comidinhas sempre disponíveis e sem custos extras. Jogar tênis na quadra de grama à la Wimbledon é outro ponto alto.
Mas voltemos à gastronomia. Se Itália respira e inspira comida, Modena é seu epicentro. A terra de Bottura é também a terra do aceto balsâmico, aqui usado com absolutamente tudo: pão, queijo, filé de porco e até sorvete (acredite, é surpreendentemente delicioso). Meu debut foi no mais novo empreendimento do chef em parceria com outra estrela regional, a Ferrari. Recomendo fortemente o almoço do Ristorante Cavallino pós-visita ao Museo Ferrari, em Maranello. Um deleite até para quem não é tão fanático por carro. Só Massimo para me fazer comer um surf and turf de pombo com enguia. A experiência Ferrari completa inclui test drive em carro oficial de corrida no Autodromo di Modena. A 300 quilômetros por hora. Três dias cheios é o mínimo do mínimo para a exploração regada a carros e comidas que ainda inclui visita ao showroom da Maseratti e sorvete artesanal do Broom, o “Massimo Bottura dos gelatos”.