ESTILO VIAGEM

Etiqueta de viagem: comportamento e estilo que fazem diferença

Da postura ao vestir, entender como se comportar em diferentes destinos torna a experiência mais leve, respeitosa e elegante — dentro e fora do avião

Viajar ja foi algo de que eu gostei mais na vida. Depois de quase vinte anos fora do Brasil, mas sempre indo e vindo, de mais de trinta anos longe da minha terra natal, no Rio Grande do Sul, de tantas e tantas milhas entre Estados Unidos, Europa, Brasil, Caribe (ainda não fui para a Ásia e Oceânia), tenho menos vontade de viajar.

Assim mesmo, continuo indo e vindo, incessantemente, seja por trabalho, por família e, quase nunca, por lazer. Hoje, quando eu quero descansar, viajo dentro de casa, nos livros, na escrita, na busca do silêncio da meditação. Claro, tenho vontade de ir a novos lugares, mas não me apresso, pois sei que viagens se desenham e que as minhas hão de chegar.

Visto esta introdução, gostaria de falar de algo que, quando viajo, me incomoda muito: a etiqueta, o jeito como as pessoas se comportam. Nada a ver com aero-looks, coisa que para mim é realmente algo ultrapassado, já que é algo lógico: roupas confortáveis para passar horas em deslocamento; isso inclui nada de jeans, a não ser que sejam elásticos ou muito largos, nada de saltos (isso de jeito algum) e nada de decotes ou roupas curtas.

Atravessar fronteiras é ir na casa do outro; isso signifi ca seguir uma série de etiquetas e condutas culturais, para melhor explicar. Por exemplo, na França ou na Europa em geral, não usamos decotes profundos. Faz parte do nosso jeito de vestir e isso está ligado aos hábitos, que eu poderia explicar mais profundamente, mas prefiro deixar no ar e só aconselhar mesmo. No tempo de “corpos e regras”, melhor passar incógnito, não? Eu acho.

Acredito que uma boa maneira de viajar e não errar é fazer as coisas com cuidado. Tipo: quando você vai a uma igreja, como você se veste? Não vai pelada ou pelado, não é mesmo? Não vai como se estivesse indo a uma festa de Carnaval, não é mesmo? Isso vale para quando entramos em outras cidades, outros estados, outros países. Também não entramos gritando na casa dos outros, não é mesmo?

Muito menos na igreja. Na Itália, por exemplo, vendem-se lenços ou echarpes para que possamos cobrir os braços ao adentrarmos espaços religiosos. Existe uma lógica nisso? Existe. Lugares em que a atenção será dada à introspecção, onde os corpos devem passear com discrição. E as vozes também.

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Anos atrás, um amigo querido estava de viagem marcada para Nova Iorque e me ligou preocupado com o que levaria na mala. Nunca fui muito de regras, e tampouco de complicações; hoje mesmo
estou fazendo uma mala para a Sardenha e levo apenas coisas simples, entre elas, todas peças pretas e brancas, maiô, biquíni, roupa de ginástica e só. Maurício ia visitar o namorado e estava inquieto com o que se apresentar. Para piorar, o boy lidava com moda, um meio chatíssimo em dress code. Eu, já na época iniciada no meio e com várias passagens pela Big Apple, fui certeira: leve apenas roupas pretas; lá, todo mundo usa e você não vai se sentir deslocado pela roupa. Até hoje ele me agradece.

Então, meus amores, fi ca aqui minha dica: mesmo não amando mais tanto viajar, quando saio do meu espaço vital, vou no simples, não exagero em nada, nem nas palavras. Falo pouco, não grito, dou a vez aos outros dentro dos locais (quando é a vez deles!) e guardo a discrição de um comportamento universal, em que o fato de eu ser brasileira não é da conta de ninguém, a não ser dos controladores das aduanas; caso contrário, sou eminência parda. Fica a dica para quem vai! Bisous!

*Matéria publicada na edição #306 da TOPVIEW.