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Mi casa, su casa: as vantagens de alugar um apartamento no exterior

Uma revolução no jeito de viajar está em andamento. Em vez de fazer o check in em um hotel, que tal alugar uma casa e brincar de ser local?

A porta se abre e os 12 entram em casa depois de um dia agitado nos parques da Disney em Orlando (EUA). Uns se jogam exaustos no sofá da sala e ligam seus gadgets, outros se apressam em colocar as roupas na máquina de lavar. As crianças correm para a piscina para aproveitar as últimas horas do dia. Em breve, todos vão preparar e curtir juntos o jantar com os mantimentos que trouxeram do supermercado que, aliás, com tantas coisas diferentes nas prateleiras não deixou de ser um programa legal também.

Esse foi um dia na vida da família Klas na Flórida. Mas eles não moram lá. São turistas em visita à Disney e não estão em hotel. Eles alugaram uma casa com cinco quartos, quatro banheiros e até piscina por US$ 2.400 para passar dez dias. Como milhares de turistas ao redor do mundo vêm fazendo nos últimos anos, os Klas abandonaram a impessoalidade dos hotéis para passear como turistas, sim, mas experimentar a vida como moradores locais em casarões em estilo americano, com piscina, quintal, garagem… Eles estão em Orlando, porém o fenômeno acontece no mundo inteiro.

“O esquema de aluguel é uma das maiores revoluções no jeito de viajar dos últimos anos”, diz Adriana Setti, jornalista brasileira especializada em viagens, que vive há mais de dez anos em Barcelona. Ela tanto aluga seu apartamento quanto passa temporadas em casas e apês alugados durante boa parte do ano em outros cantos do planeta. “Do ponto de vista de quem aluga, é uma libertação conseguir abater gastos ou até ganhar uma graninha enquanto viaja, ao mesmo tempo em que dá a outro viajante a oportunidade de, de certa forma, ver a sua cidade do seu ponto de vista.”

Os brasileiros representam 25% dos inquilinos da Orlando Fun Rentals, que aluga imóveis nos arredores do complexo da Disney, em Orlando. “Os ingleses e canadenses tradicionalmente utilizam mais deste tipo de hospedagem. Porém, nos últimos cinco anos, especialmente nos últimos 12 meses, temos notado mais brasileiros se rendendo a essa opção”, diz Martônio Pinto, sócio fundador da empresa. Uma mudança de paradigma? “É uma geração nova de visitantes que já compra tudo online, cerca-se de dicas nas redes sociais, aluga carros com GPS e se vira”, conclui o corretor.

Dói menos no bolso

Além do gostinho de viver como nativo – imagina ser parisiense por 15 dias! – alugar uma casa ou apartamento em vez de pagar diárias de hotel chega a proporcionar muitas vezes uma economia de até 40%. Tudo varia de acordo com o destino, localização, estrutura e até quantas pessoas vão “rachar” essa despesa.

Em média, uma casa de quatro quartos em Orlando para até oito pessoas sai por US$ 150 a diária. A mesma quantidade de pessoas caberia em dois quartos grandes de hotel sem café da manhã por cerca de US$ 100 a diária. Um casarão com piscina semelhante ao da família Klas, que comporta até 15 pessoas, sai por U$ 250 por dia. E se for na baixa temporada (abril a junho e agosto a novembro) o valor pode cair pela metade.

“A pechincha ‘master’ foi quando alugamos um studio em Paris por 180 euros para uma semana”, lembra a psicóloga Karen Klas, que já adotou o aluguel como melhor forma de curtir outras cidades com o marido, o publicitário Leonardo Melo. Em outra ocasião, o casal pagou US$ 800 para ficar 15 dias hospedado em um studio no Brooklin, em Nova York. Uma breve pesquisa no site www.tripadvisor.com.br aponta que em hotel eles gastariam muito mais.

Como alugar

A internet é o principal caminho para alugar no exterior. O Airbnb (www.airbnb.com) é o site mais famoso e já hospedou 4 milhões de pessoas, sendo 3 milhões delas só no ano passado. Criado há cinco anos servindo apenas San Francisco (EUA), hoje oferece cerca de 300 mil anúncios em quase 200 países. A negociação é feita diretamente entre anfitrião e inquilino depois que ambos criam seus perfis – como no Facebook. O pagamento é feito via paypal com cartão de crédito.

Quem não se sente seguro em negociar via internet com alguém que não conhece, há imobiliárias, como a Orlando Fun Rentals, que têm assistência em português. Mas a boa notícia é que imobiliárias aqui no Brasil entraram nesse mercado também e passaram a oferecer a segurança de negociar diretamente com o corretor. A Apolar tem atualmente mais de cinco mil propriedades em 12 destinos para alugar por meio da Apolar Real State e oferece assistência caso o inquilino não fale o idioma do país.

O serviço foi lançado em junho de 2012 com 30 apartamentos, e em Paris apenas. Com disponibilidade mínima de três noites e máxima de oito meses teve aceitação – e lotação – imediata e foi expandido. “Nossos próximos destinos incluem até a China”, explica o gerente Jean-Daniel Galiano. Basta entrar no site, preencher um formulário e receber as opções de aluguel.

Prós e contras

Brincar de ser local é divertido e econômico, mas não é programa para quem gosta de mordomia. O inquilino-viajante vai ter o trabalho de arrumar a própria cama e lavar a louça. No entanto, para Cristina Klas, a possibilidade de poder preparar a refeição das filhas e evitar uma verdadeira bagunça na rotina do cardápio infantil, além de ter à mão facilidades como lavadoras de roupa são vantagens que superam a ausência dos mimos oferecidos por hotéis. “Não me importo de chegar em casa e a cama não estar feita”, diz ela, que já desfrutou da facilidade mais de uma temporada em Orlando.

A dica para quem busca mordomia vem da arquiteta Vanessa Taques, que já foi inquilina em lugares exóticos como Tailândia, Índia, Camboja, Laos, China e ilhas como Mykonos, Bali e Mayreau. “Na Ásia há casas com estrutura e serviço que podem incluir piscina, sauna, cozinheira, arrumadeira, motorista e até massagista pelo mesmo preço de um hotel de alto padrão”, lembra.

De praxe, sites e agências cobram uma taxa de limpeza de saída. Ou seja, os hóspedes não precisam limpar o imóvel ao partir. Porém, se quiserem ter limpezas e troca de roupa de cama diariamente, alguns locais oferecem o serviço por uma taxa adicional no ato da reserva.

Mas além do trabalho doméstico, há o check in e o check out. Em um hotel ele é feito tranquilamente e em horários padrões. Já quem aluga uma propriedade tem de combinar com o anfitrião os horários de entrega e devolução das chaves. Tem também que estudar previamente como chegar ao local, que muitas vezes não é assim tão fácil de ser encontrado como um hotel conhecido.

À equação podem ser somados um voo atrasado e a falta de um celular, que funcione no destino, para dificultar o encontro. Além disso, se o intervalo entre o horário do check out e do voo for grande, o turista terá de descobrir onde deixar as malas se quiser dar mais uma volta pela cidade. O que não aconteceria se estivesse hospedado em um hotel.

Deu problema, e agora?

O lugar não é tão limpinho como nas fotos. A água do chuveiro não é quente. A geladeira não funciona. Todo mundo que já alugou uma casa sabe que situações-surpresa podem acontecer. E no aluguel por temporada não é diferente. A TOP VIEW consultou especialistas e montou uma lista de cuidados:

• Cheque se a empresa é qualificada e tem boa reputação.
• Verifique se a reserva mostra o endereço real do imóvel. Há empresas que anunciam fotos que não são as do imóvel oferecido.
• Confira se o imóvel aceita recebimento de encomendas antes de fazer encomendas online.
• Cheque se a tarifa inclui aquecimento da piscina no inverno (Orlando, principalmente).
• Valorize os detalhes: escolha o imóvel com o maior número de fotos possível, converse bastante com o locatário via email perguntando tudo o que quiser e leia os comentários de outros usuários que alugaram o imóvel.
• Evite alugar imóveis sem avaliação dos usuários.
• Confira o contrato: é onde devem constar as datas de entrada e saída do inquilino; valor; forma de pagamento; eventuais multas por atraso, depredação ou desistência; o número de pessoas que vai se hospedar; e a descrição dos utensílios à disposição do locatário.
• Tenha um plano B, como um hostel ou hotel. Se houver problema, já se sabe para onde ir até acionar o serviço para recuperar o dinheiro depois.
• Registre as impressões sobre o locador e o imóvel ao voltar para casa. Isso ajuda os próximos usuários.

Arquivo pessoal
Rogério Milani é blogueiro do viajandobemebarato.com.br, consultor de viagens personalizadas e adepto do aluguel por temporada. Foto: Arquivo pessoal

Dois aluguéis, muitos erros, por Rogério Milani

“Eu já tinha alugado um apê em Lisboa pelo Airbnb e numa nova oportunidade tentei de novo. O anfitrião disse que não tinha vaga e indicou um amigo dele que também alugava. Ele informou que estava terminando a reforma no apartamento, mas que tudo ia estar pronto na data da estadia. Por confiar na indicação e gostar da localização e das fotos, acabei fechando ‘por fora’, sem as regras e comissão da Airbnb.

A chegada foi tranquila, mas daí percebemos que a tinta ainda estava fresca e as paredes de gesso estavam esfarelando… No primeiro banho, a água começou a escorrer do box mal planejado e, além de inundar o banheiro, foi para a sala.

A cortina do box era curta e a instalação malfeita. Acabei quebrando o cabo da cortina para poder baixá-la e aliviar um pouco o problema. No dia seguinte, resolvemos lavar roupas na máquina novinha. Tudo beleza até que faltou luz. Mandei uma mensagem para o anfitrião e o problema foi resolvido no fim da noite. Na mesma noite, minha sobrinha que viajava conosco ficou trancada no outro banheiro e tive que arrombar a porta, quebrando parte da maçaneta.

Como eram apenas três dias e toda experiência, boa ou ruim, é importante, fui até o fim. A segunda roubada foi em Bruges, quando aluguei um apartamento para cinco pessoas, super bacana, bem-avaliado também pelo Airbnb. Reparei que no quesito limpeza a nota caía um pouco, mas já estou bem-vacinado, afinal europeu não tem esta fixação de limpeza como o brasileiro. Também confiei bastante na proprietária, que é uma famosa consultora de Feng Shui na Bélgica.

Pois, ‘casa de ferreiro espeto de pau’: tinha pó de dois anos embaixo das camas. Do ralo do banheiro, que entupiu, tiramos sujeira que devia estar lá desde o primeiro inquilino. Limpamos tudo. Mandei mensagem para a anfitriã dizendo que eu tinha feito o trabalho sujo e que ela poderia nos devolver a taxa de limpeza ou uma consulta grátis de Feng Shui. Ela nem respondeu…”

Aluga-se online

Além do Airbnb, há muitos sites de aluguel e de agências que fazem o serviço com formas de pagamento e contato com ou sem intermediários. Abaixo, alguns dos mais conhecidos:

Paris: www.parisattitude.com; www.rentparis.com

Nova York: www.nyhabitat.com

Buenos Aires: www.homesba.com; www.homesba.com

Outros países: www.wimdu.com.br; www.vacationhomerentals.com; www.homeaway.com; www.friendlyrentals.com

DICA
O TripAdvisor oferece uma calculadora (www.tripadvisor.com.br/VacationRentals) que monta um comparativo sobre qual tipo de acomodação – hotel e imóvel alugado – é mais vantajosa nas condições desejadas pelo viajante. Basta marcar a cidade, o número de hóspedes e noites, e opções de alimentação.

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