Tudo o que você precisa saber sobre charutos
Onde surgiu o charuto?
A planta do tabaco (Nicotiana tabacum) já era conhecida pelos maias, que fumavam por motivos religiosos antes mesmo da chegada de Cristóvão Colombo à América. De lá para cá, o hábito contemplativo de fumar e pensar na vida ganhou o mundo e virou quase que sinônimo de Cuba, país que reúne as melhores condições climáticas e de solo para o cultivo do tabaco. Por isso, muitos afirmam que é de lá o melhor charuto do mundo. Há registros de que a primeira fábrica no país surgiu por volta de 1810. De Cuba, a produção tabaqueira seguiu para República Dominicana, Honduras, Nicarágua, México e até para o Brasil.
Como o charuto é classificado?
A primeira classificação é feita pelo país de origem. “Depois classificamos por tamanhos: Double Corona, Churchill, Robusto, Pirâmide, Corona etc. Essa nomeclatura já engloba tamanho e espessura”, explica Cesar Adames, consultor na área de charutos e bebidas e professor do Senac-SP. Os diferentes charutos são identificados por seu comprimento e diâmetro e há uma variedade enorme de formatos (com alguns novos ainda surgindo).
Como saber se um charuto é bom?
É possível encontrar charutos feitos por máquinas, de tabaco moído. Mas o autêntico é feito artesanalmente, apenas de folhas enroladas. “Um bom charuto se diferencia pelo gosto, por sua construção e apresentação. Na caixa, nota-se a uniformidade da capa (a folha que envolve o charuto), do tamanho e da cor entre eles”, explica Luiz Marlon Mansur, um dos proprietários da Bulldog Tabacaria. Os cubanos são chamados de puros porque normalmente são feitos com as folhas de tabaco de um mesmo lugar. “Por isso eles têm mais valor agregado. Essa é uma característica que Cuba tem no mercado”, afirma Luiz Roberto Farah, sócio de Mansur. Um bom charuto custa, em média, a partir de R$ 20 e deve sempre ser adquirido em lojas especializadas.
Qual é o ritual correto para desfrutar um charuto?
O momento ideal para fumar é após uma refeição, como o jantar, quando se está bem alimentado e com tempo para relaxar. “Fumar o charuto é um estado de espírito”, afirma Rafael Ghignone Silva, um dos sócios da charutaria Tesoros de Cuba. O charuto pode ser acompanhado por uma bebida, uma música, um livro. Mas não é comum comer algo, nem um chocolate, enquanto se fuma.
Escolhido o charuto, o primeiro passo é cortar a ponta do lado que será levado à boca. O corte pode ser reto, em formato de V ou um furo, sempre feito com tesouras ou cortadores específicos. “Eu costumo cortar onde fecha a capa, mas isso varia de pessoa para pessoa”, explica Mansur. Depois, é hora de acender o charuto. Os fumantes mais tradicionais acendem com um pedaço de lâmina de cedro que vem na própria embalagem, mas é possível acender com fósforo ou maçarico (o gás do isqueiro tradicional pode prejudicar o sabor do charuto, mas é possível usar um com gás natural). “O normal é queimar um pouco a ponta antes de colocar na boca para que o charuto queime por igual”, explica Silva. Não custa lembrar que charuto não se traga e que, caso queira largá-lo no meio, o melhor é descartá-lo e começar um novo charuto quando quiser fumar novamente. “Você pode até retomar, mas daí o sabor já não é o mesmo, ele fica mais apimentado”, diz Mansur. A anilha – o anel decorativo de papel que envolve o charuto – pode ser retirada ou não na hora de fumar o charuto. “A escola inglesa mantém, a escola americana tira”, afirma Farah. Criada para evitar que a luva manchasse na hora de fumar um charuto, a anilha é mais um detalhe da aura charmosa que envolve esse cigarro.
Qual é a bebida que mais combina com ele?
Não há uma regra, pois essa escolha é muito pessoal. As bebidas mais comuns são uísque, conhaque, rum, licor e vinho do porto, mas há quem tome cachaça, um drinque ou até uma cerveja artesanal mais forte. “Em Cuba, os degustadores tomam mate”, afirma Silva.
Qual o charuto mais indicado para quem quer começar a fumar?
O ideal é começar com um charuto não muito grande e suave. Pode ser um feito à mão e não precisa ser necessariamente um cubano, que costuma ser mais encorpado. “Para um leigo, indicaria um charuto dominicano e de uma bitola que não fosse muito grande”, afirma Silva. O charuto artesanal é feito apenas de tabaco, sem aditivos químicos. A dica visual para descobrir se ele é fraco ou forte é reparar na cor: “Normalmente, quanto mais clara a folha, mais suave o charuto. Quanto mais escura, mais curada é a folha”, explica Mansur.
Como conservar os charutos em casa?
Diferentemente do vinho, o charuto não precisa de um tempo de maturação para ser desfrutado. Mas algumas pessoas gostam de ter uma coleção particular em casa e ela deve ser conservada da forma correta. Os charutos devem ser guardados dentro de um umidor, normalmente feito de cedro – a melhor madeira para conservar a umidade – em um ambiente com temperatura perto dos 20 graus. Dentro do umidor, é preciso conservar os charutos com cerca de 70% de umidade (essas condições simulam um ambiente tropical, no qual a folha do tabaco se desenvolve melhor). “Isso mantém as características de sabor das folhas”, explica Silva.
Mesmo não sendo tragado, o charuto faz tão mal quanto o cigarro?
Sim. O risco de desenvolvimento de câncer de faringe e boca é igual ao dos pacientes que fumam cigarros. “O risco de câncer de pulmão varia com a profundidade com que se traga ou inala e também com o número de charutos fumados por dia”, explica Áquila Carneiro, pneumologista do Hospital VITA Batel. Uma pessoa que fuma apenas charutos, sem tragar (e que não consumiu cigarros anteriormente), tem duas vezes mais chances de morrer por câncer de pulmão que um não fumante. Já para aqueles que combinam os dois, o risco aumenta em 11 vezes, porque quem está habituado a tragar cigarro acaba fazendo o mesmo com o charuto.
Onde fumar em Curitiba
Bulldog Tabacaria: Rua Gen. Aristides Athayde Jr., 254, Bigorrilho | (41) 3029-1299 e 3225-1594 | De segunda a sexta das 10h às 21h, sábado das 10h às 19 e domingo, das 11h às 18h. www.bulldogtabacaria.com.br
La Casa del Tabaco: Rua Cândido Lopes, 102, Centro (dentro do Hotel Bourbon) | (41) 3221-4600 ou 3221-4601 | Todos os dias, das 12h à meia-noite.
Tesoros de Cuba (Batel): Rua Comendador Araújo, 497, Batel | (41) 3029-2780 | De segunda a sexta, das 12h30 às 22h, e sábado das 11h30 às 20h.
Tesoros de Cuba (Cabral): Rua Munhoz da Rocha, 596 | (41) 3029-2785 | Segunda a sexta, das 14h às 22h, e sábado das 15h às 21h. www.tesorosdecuba.com.br