ESTILO

A neve derreteu: hora de ir para a Suíça!

Que inverno, que nada! O país-sonho de quem ama esportes de neve reserva uma viagem ainda mais fantástica quando é verão na Europa

Quando o gelo derrete, renasce uma Suíça tão exuberante quanto aquela do inverno, ainda que não tão famosa. Um passeio pela Suíça de língua francesa, nos arredores do célebre lago Léman, resume o que há de melhor no país: uma minimetrópole de Primeiro Mundo, lagos de água cristalina, montanhas pontilhadas por chalezinhos… Isso sem falar nos chocolates, queijos, relógios, canivetes e… Ok! …picos eternamente nevados bem lá no alto.

DIA 1| GENEBRA

O CHAFARIZ: de quase desastre a marco da cidade

Num dia de sol em Genebra, todo mundo tenta chegar mais perto do chafariz exagerado que brota do fundo do gigantesco lago Léman. Ele jorra 500 litros de água por segundo a uma altura de 140 metros e é um marco na cidade. O que poucos sabem é que ele surgiu assim quase sem querer: em 1886 uma estação de energia hidráulica para abastecer Genebra foi construída com água do rio Ródano – que nasce nos Alpes e deságua no Mediterrâneo antes passando por dentro do Léman, que é o maior lago da Europa Ocidental.

Numa certa noite, o acúmulo de pressão nos canos que passavam dentro do lago foi tão grande que, emergencialmente, uma válvula de alívio teve que ser instalada e… chuáááá!!! Assim nasceu o Jet d’Eau de Genebra, o chafariz mais legal da Europa. O melhor ponto de vista é o trapiche Quai Gustave Ador.

SE ESSAS PAREDES FALASSEM…

Antes de se mandar pelo resto da Suíça, repare bem no aeroporto de Genebra: existe um constante vai e vém de gente elegante – às vezes em trajes exóticos –, de limousines polidas e murmúrios em vários idiomas. São diplomatas e representantes de governos de todo o mundo que vão circular pelos corredores da Organização das Nações Unidas (ONU) e das representações diplomáticas de mais de 100 países sediadas aqui. Vão participar de tomadas de decisões históricas.

Gente como o famoso diplomata Henry Kissinger, Ronald Reagan, Mikhail Gorbachev já fizeram esse caminho em Genebra. Não existe uma reviravolta geopolítica ou guerra do último século que não tenha vindo parar em discussões dentro dos salões do Palácio das Nações, o complexo art déco em mármore que abriga a ONU. Bandeiras de 193 países-membros indicam a entrada para o palácio, que pode ser visitado. Quase em frente está a maior organização humanitária do mundo: a Cruz Vermelha, criada em 1863. Seu fantástico Musée International de la Croix-Rouge et du Croissant-Rouge conta tudo sobre sua atuação em guerras e catástrofes naturais.

Não longe dali, a Praça das Nações é uma conclamação à paz e à política desarmamentista. Ali está a Cadeira Quebrada, escultura superdimensionada do suíço Daniel Berset, que lembra as vítimas das minas terrestres.

Dia 2 | NA SUÍÇA, FAÇA COMO OS SUÍÇOS

Se você morasse na Suíça, seu caminho entre a casa e o trabalho provavelmente seria de trem. E aquele cenário de vinhedos em terraços de um lado, lago do outro e os Alpes seriam a visão batida do dia a dia. Turistas pagam pacotes em trens panorâmicos só para alcançar essa visão mais de perto. Desnecessário. Qualquer trem partindo de Genebra e percorrendo a rota regular da Riviera Suíça – a faixa de cidades que ficam entre o lago Léman e as montanhas – já realiza o sonho de muita gente. Veja a seguir as paradas obrigatórias do trajeto.

PARADA 1 – MONTREUX

Freddie Mercury, o vocalista do Queen, escolheu viver em Montreux – a 20 minutos de Genebra – nos últimos anos de vida. Dizia que era o seu lugar favorito no mundo. Não é difícil imaginar por que. Com jeito de balneário do sul da França e com edifícios que remetem à Belle Époque, a cidade vibra com bares onde costuma rolar boa música e muito jazz, ainda que seja calma.

A animação local atinge seu ápice em julho com o famoso Festival de Jazz de Montreux (montreuxjazzfestival.com). Uma estátua de Freddie ergue-se num ponto da calçada que margeia o lago e, mais à frente, uma joia medieval de mais de mil anos parece flutuar sobre a água: é o Castelo de Chillon. A antiga fortaleza de três casas reais que dominaram a região ao longo dos séculos tem tudo o que há em um castelo medieval: masmorras, salas de armas e salões de banquetes e festas.

PARADA 2 – AIGLE

Uma Suíça simples, sem o glamour das famosas cidades turísticas, aparece a dez minutos de Montreux para quem decide continuar a viagem sobre trilhos. O lago vai ficando para trás, os vinhedos tomam conta total da paisagem e a placa da próxima parada anuncia: Aigle. Situada no meio de um enorme vinhedo, Aigle guarda um castelo medieval que foi transformado em um museu sobre… vinho! A produção local é de vinhos tintos e brancos, essencialmente Chasselas, Gamay e Pinot, sob a denominação de origem controlada Aigle AOC. Uma vez na Suíça, essa é a hora de prová-los. Apesar da boa reputação, dificilmente serão encontrados além dessas fronteiras.

DIA 3 | A MONTANHA, FINALMENTE

O tímido tilintar de um sino ao longe quebra o silêncio na montanha. Deve ser uma vaca ou cabra pastando em uma das propriedades que salpicam com seus chalés por entre as trilhas que se espalham nos arredores dos vilarejos de Gryon e Villars-sur- Ollon. Ali sim está a Suíça que povoa o imaginário popular. Chalés de madeira, queijarias, fazendinhas… A mais de mil metros de altitude, as duas vilas são estâncias de esqui conhecidas quase que exclusivamente por europeus.

Quando o inverno acaba, tornam-se bases perfeitas para caminhadas leves e paradisíacas pelas montanhas e por entre vales exuberantes. No fundo do vale de Solalex – em uma caminhada de cerca de oito quilômetros a partir de Gryon – ergue-se repentinamente o Miroir d’Argentine, uma montanha de impressionantes 2,3 mil metros de altitude que domina o lugar e parece isolá-lo do resto do mundo. O silêncio é total. No caminho, Taveyanne é um povoado minúsculo com pastagens e chalés do século 16 que, de tão lindos, foram listados como patrimônio histórico nacional. Depois de um dia de caminhada, não faltarão nos vilarejos restaurantes servindo delícias como raclette em forno a lenha, crepes com cogumelos da floresta, fondues de carne ou chocolate…

Os centros de informação turísticas de Gryon e Villars fornecem mapas das trilhas. Chega-se aos dois vilarejos a partir de Aigle em uma viagem de 30 minutos de carro ou ônibus. Melhor ainda é optar por vencer os mais de mil metros rumo ao alto com as cremalheiras (trenzinhos) que partem de Bex – a 5 minutos de trem de Aigle.  A ferrovia Bex-Gryon-Villars descortina algumas das vistas mais exuberantes do mundo. É a Suíça!

Onde ir

Genebra
ONU_ Avenue de la Paix, 14. Entrada: 12 francos. www.unog.ch
CRUZ VERMELHA_Avenue de la Paix, 17. Entrada: 15 francos. redcrossmuseum.ch

Montreux
CASTELO DE CHILLON_Avenue de Chillon, 21. Entrada: 12,50 francos. chillon.ch

Aigle
CASTELO DE AIGLE_Entrada: 11 francos. chateauaigle.ch

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