ESTILO

Saiba como ampliar o repertório cultural sem sair de casa

É hora de aproveitar tudo o que museus, instituições culturais e grupos voltados para a área têm ofertado de forma on-line e gratuita

Não há dúvidas que sair de casa, viajar e conhecer lugares e coisas novas é um importante exercício para se adquirir repertório, conhecimento e também cultura. Num momento em que não se pode pensar nas alternativas acima para avançar além dos limites físicos, é possível encontrar novas formas de ampliar os horizontes. Quando se trata de conhecer mais sobre artes e acrescentar novas bagagens culturais ao que já se sabe, mesmo com as atuais restrições, existem inúmeras alternativas para expandir o conhecimento artístico e cultural.

A pandemia e, possivelmente, o tempo a mais que algumas pessoas estão encontrando para fazer coisas que antes não conseguiam, podem ser, inclusive, uma ótima oportunidade para se aprender mais sobre artes, consumir conteúdos e adquirir conhecimento para ampliar a bagagem cultural. De acordo com a assessora de Arte do Sistema Positivo de Ensino, Karoline Marianne Barreto, as manifestações artísticas têm um poder de transformação enorme, capaz de melhorar as pessoas e suas vidas. “A arte e a cultura são o ‘guarda-chuva’ de toda a nossa experiência vivida, que envolve tudo aquilo que escolhemos vestir, se alimentar, conversar, ver e ouvir. Todos os dias nos manifestamos culturalmente porque isso está intrínseco. Com o acesso facilitado às imagens, vídeos, filmes, séries e músicas e a diversidade cada vez maior das trocas culturais nos meios digitais, o processo tende a ser enriquecedor”, afirma Karolline.

A assessora reforça que, em situações de stress e tempos difíceis como o que estamos vivendo, assistir filmes, ouvir músicas, buscar registros de espetáculos teatrais ou de dança, ver obras de arte em visitas virtuais, além de dançar, pintar e desenhar, são formas de consumir e exercitar a arte que podem acrescentar novos significados ao que já sentimos, provocando novos pensamentos, mais prazerosos e aliviadores. A grande oferta de conteúdo artístico on-line favorece para que as pessoas consigam, mesmo sem sair de casa, conhecer e aprender mais sobre suas temáticas favoritas. “No caso de museus, por exemplo, a experiência virtual pode ser muito interessante e enriquecer nossos sentidos de uma forma diferente, mas igualmente significativa. Para a experiência acontecer, não basta acessar um site e pronto. É preciso se preparar, pois não é só a tela, que é o meio, que importa. Na experiência de visitas virtuais, é preciso preparar o contexto, organizar o espaço, acomodar o corpo de forma confortável e garantir que não tenha nenhum foco de desvio de atenção, para, aí sim, começar o seu tour”, orienta a especialista.

A professora e assessora de História, Filosofia e Sociologia do Sistema Positivo de Ensino, Marcella Albaine Farias da Costa, complementa que conhecer museus e espaços de cultura potencializa a ampliação da visão de mundo de cada um, pois faz as pessoas conhecerem outras temporalidades e espacialidades e, assim, olharem novamente para si próprio de maneira diferente. “É importante atentarmos para as emoções e sensações que essas experiências nos provocam”, explica Marcella. A professora cita uma frase do museólogo Mário Chagas, que diz que os museus podem contribuir para a dignidade da pessoa humana e para o desenvolvimento social. “Incentivo sempre meus alunos nesse sentido, reforçando que é fundamental para o desenvolvimento do indivíduo conhecer o patrimônio artístico e cultural de sua cidade, do seu país e do mundo.” Felizmente, este período de isolamento provocado pela pandemia fez com que museus, instituições culturais, grupos de oficinas de arte e escolas livres percebessem que a experiência virtual veio para ficar e estão investindo mais nessa modalidade.

A maioria das instituições culturais e museus possui atividades voltadas para a ação educativa. “Em Curitiba, o Museu Oscar Niemeyer, por exemplo, está mobilizando sua equipe de ação educativa e disponibilizando nas suas redes sociais algumas oficinas artísticas com materiais simples e fáceis de fazer, baseadas em obras do acervo”, conta Karoline. A dica da assessora é procurar os perfis de museus nas redes sociais e acompanhar os desafios, tutoriais, playlists, podcasts, lives e programas que estão sendo criados. Entre os museus, muitos oferecem a opção de tours virtuais gratuitos. E, de acordo com Karoline, alguns foram mais longe: “além das visitas virtuais em que as pessoas entram na sala para ver as obras que estão penduradas nas paredes, foram criadas exposições específicas para o meio virtual. Obras “penduradas” na nuvem do site, com uma qualidade de imagem muito boa e organizadas em uma determinada ordem, de modo que a pessoa “caminhe” sobre elas, como se estivessem organizadas nas paredes dos museus. Geralmente, essas exposições vêm acompanhadas dos textos do curador e da equipe do museu”.

Karoline recomenda seguir as hashtags #museuemcasa e #culturaemcasa para conhecer a infinidade de material de arte e cultura que as instituições vêm oferecendo neste período. “Se estamos com a porta de casa fechada para o mundo, vamos aproveitar para abrir janelas e permitir que a arte cumpra a sua função: instigar, fazer surgir o inesperado, o contentamento ou o descontentamento, fazer as pessoas se abrirem para algo, reinventar nossa experiência com nós mesmos e com aquilo que nos cerca”, finaliza.

Exemplos de Museus que têm oferta de tours virtuais:

Museu de Versailles
Um dos museus que entrou na onda do virtual foi o Versailles, na França. Por meio do Versailles 3D, é possível conhecer um dos mais suntuosos palácios já construídos. A estrutura foi erguida pelo rei Luís XIV no século XVII e chegou a ser o centro do poder da época. Em 1837, foi transformado em museu. 

Museu do Louvre
Ainda na França, em Paris, é possível viajar pelo mais famoso museu do mundo, o Louvre. Na página do museu, há a sessão Online Tours, que permite visitar vários espaços do maior museu do mundo. 

Museu do Vaticano
Um dos espaços mais visitados do mundo, o Museu do Vaticano é outra opção que merece ser explorada, mesmo que virtualmente. O lugar conta com um catálogo online que permite conhecer grande parte do acervo que reúne extensas e valiosas coleções de arte e antiguidades, colecionadas ao longo dos séculos por diversos pontífices romanos. 

Museu do Amanhã
O Brasil não fica atrás e entre as opções de visitas virtuais a museus, está o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. 

Museu de Arte de São Paulo – MASP
O Museu de Arte de São Paulo é um museu privado sem fins lucrativos, fundado pelo empre­sário brasileiro Assis Chateaubriand, em 1947, tornando-se o primeiro museu moderno no país. Além dos interiores do museu, é possível conferir on-line mais de 1.000 itens e várias mostras. 

Visite o mundo de casa
O próprio Google mantém uma plataforma que permite visitar muita coisa interessante. O Google Arts & Culture funciona em colaboração com museus espalhados por diversos países. Utilizando tecnologia do Street View, oferece visitas virtuais gratuitas a algumas das maiores galerias de arte do mundo. Basta acessar o site e começar a explorar.

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