Representatividade na literatura nacional
Vazio da Forma é uma homenagem literária a tudo que destruiu o senso de realidade do fotógrafo, cinematógrafo e escritor Andrew Oliveira. Narrado em primeira pessoa, o lançamento é focado na psique do protagonista Frey, um talentoso pintor assombrado por uma entidade chamada A Sombra – que nada mais é que a depressão do protagonista representada como personagem, com consciência e capaz de tomar forma de traumas e vícios.
Ao mesmo tempo em que encara a dor do desaparecimento de sua filha, Frey imerge em memórias do passado, verdadeiros traumas nunca enfrentados e superados. A ausência de Lírio fragiliza seu casamento: entregue ao vício alcoólico, Jacinto, seu marido, também revela dores e realidades nunca antes discutidas entre o casal.
“Por que você está voltando? Há razão pra voltar? Há um homem confuso e largado nesta casa sem filhos. E quanto as suas pinturas? Deixará de desenhar? O que você espera que haja quando voltar? A filha de volta? Ela não voltará. Está desaparecida. Você falhou como pai, assim como você falhou em cada aspecto da sua vida até esse momento. Quem você pensa que é, achando que pode virar a página e começar de novo? Você acha mesmo que tem algum controle sobre todas essas coisas? Você perdeu, Frey. Você só perde. Seu nome deveria ser Fracasso, do tanto que você perde.” (Vazio da Forma, pág. 151)
Na busca pela filha perdida, Frey procura uma maneira de recuperar a fé nas Três Irmãs, as deusas matriarcais de sua terra natal. O vai e vem entre as lembranças do passado e o presente situam o leitor na vida e na realidade emocional do protagonista.
Publicada pela Skull Editora, a produção é destinada ao público jovem adulto interessado na profundidade emocional de personagens literários. Une espiritualidade, realismo mágico e mitologia, três aspectos de criação e de conexão que estão intimamente ligados à vida de Andrew. A obra é o primeiro livro escrito completamente sóbrio pelo autor, que enfrentou a depressão durante boa parte da fase acadêmica.