Renata Tilli: curiosidades, inspirações e lembranças da paisagista
Brincam que nas veias da família Tilli corre clorofila. Isso porque os antepassados de Renata, a paisagista que assina o recém-entregue Ícaro Jardins do Graciosa, trabalham com plantas há três gerações. Ainda em 1913 inauguraram a primeira empresa do ramo, começando um legado a que a paulista dá continuidade com paixão, elegância e, sobretudo, respeito à paisagem e encanto pela natureza. “Nasci nesse meio. A conversa de mesa da nossa família de italianos era essa: plantas”, relembra. No Ícaro, trabalhou ao lado do arquiteto Arthur Casas, além de assinar outros projetos com grandes nomes, como Fernando Rocco, Isay Weinfeld, Marcio Kogan e Michel De Fournier. Nesta conversa, Renata compartilha curiosidades, inspirações e lembranças com o bom humor e a tranquilidade que lhe são característicos.
Papo Final com Renata Tilli
Uma lembrança de infância? A estufa do meu pai, onde ele fez o telhado com placas de fotografia. Tenho essa memória, aos 5 anos, dele fazendo uma estufa de avencas, violetas e begônias.
Quem a inspira atualmente? Quem sempre me inspirou: a natureza. Meu olhar está sempre direcionado ao verde – é um ímã.
Uma habilidade sua pouco conhecida? Canto.
Música preferida para cantar? Tudo, mas prefiro jazz e samba.
Melhor projeto que viu recentemente? Um jardim em um country club, em Nairóbi, no Quênia. Lá tem um mix da influência inglesa na linguagem com uma vegetação parecida com a nossa, dos trópicos de clima quente.
Atitude mais admirável que testemunhou recentemente? Admiro a humildade, essa sabedoria difícil de ser encontrada. Encontrar pessoas humildes que têm talento, de fato, mas não ficam contando isso para ninguém – ao invés de contar, elas fazem e deixam um legado.
Paisagista favorita no momento? Uma argentina, Piti Navajas, por deixar os ambientes muito naturais – quase parece que ela não fez nada.
Qual o papel do paisagista? Existe um equívoco sobre o que exatamente faço. Eu não faço só a vegetação, eu enxergo a paisagem como um todo, construo a paisagem – e ela não é feita só da vegetação.
Destino de viagem: Faz tempo que não viajo como gostaria, mas a última foi para a Indonésia. A próxima é a Grécia, gostaria de ir rapidamente, quem sabe amanhã (risos).
Banda no repeat? Fica difícil fixar alguém, agora com Spotify a gente não precisa de memória, está tudo lá – mas tenho ouvido Casuarina.
Último mimo que se concedeu? Dormir. Dar tempo para mim.
Se o dia tivesse 27 horas, como usaria essas três horas extras? Ficaria em silêncio.
Algo inusitado que recomenda que todos façam uma vez na vida? Um retiro de silêncio. Ficar em silêncio em três dias é um crescimento maravilhoso. Olhe para dentro, você vai descobrir coisas inacreditáveis sobre você.
Uma mudança importante na sua personalidade no último ano? Admitir a velhice.
Um hábito que gostaria de mudar? Não mudaria nada, não tenho hábitos ruins, só saudáveis.
Sonho de consumo? Uma casa no campo [começa a cantarolar].
O que espera de 2020? Evolução. O mundo está apodrecendo, então alguma luz no fim do túnel há de vir.
*Matéria originalmente publicada na edição 227 da revista TOPVIEW.