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Palacete dos Leões: história, economia e cultura

Mantido pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), o lugar faz parte da formação cultural, econômica e social da capital paranaense

Além do chimarrão gaúcho ou do mate gelado nas praias cariocas, a erva-mate também tem relevância inquestionável na história de Curitiba. Na virada para o século XX, por exemplo, era o principal produto da economia do município. Com uma população que ultrapassava os 35 mil habitantes, a cidade ganhava ares modernos e as residências dos ervateiros mudavam a paisagem urbana.

No século anterior, quando aconteceu o auge da erva-mate no Paraná, houve um dos mais importantes ciclos econômicos do Estado, que resultou em conquistas como a emancipação da Província do Paraná e impulsionou a cultura, a educação, a arquitetura e a urbanização da região. Nessa época, uma das famílias ervateiras que se destacaram foi a Leão, fundadora da Matte Leão.

Em 1902, a construção encomendada para servir de residência para Agostinho Ermelino de Leão Júnior e Maria Clara Abreu de Leão, o Palacete Leão Júnior, apelidado de Leão Jr., foi concluída. O majestoso edifício, feito em um estilo eclético, refletia o esplendor do ciclo do mate, incorporando não apenas algumas tecnologias inovadoras para a época como também alguns primorosos trabalhos artesanais únicos pelas mãos de artistas locais e imigrantes. Poucos anos depois, em 1907, o patriarca Leão Jr. faleceu, o que fez com que, na época, Maria Clara, sua esposa, se tornasse uma das primeiras mulheres à frente de uma empresa tão importante para a economia local. Ela comandou o palacete por quase três décadas até falecer. A partir de então, a residência passou a ser administrada pela filha do casal, Maria Clara Leão de Macedo – que, mais tarde, seria conhecida pelos familiares como ‘Tia Caia’ –, até seu falecimento, em 1979. A herdeira manteve a casa sempre movimentada, recebendo constantemente os sobrinhos e demais familiares e promovendo eventos culturais informais.

Nesse mesmo ano, a importância histórica, cultural e arquitetônica do Palacete Leão Jr. (nome oficial do espaço) foi reconhecida por meio do Decreto Municipal 1.547, que o instituiu como Unidade de Interesse de Preservação. Em 17 de dezembro de 2003, foi finalizado o processo de tombamento 146II pelo Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico e o local passou a integrar a relação de bens considerados patrimônios históricos do Paraná.

Vista da exposição Tempo-Matéria, do fotógrafo André Nacli, realizada em 2017.

Já em 1984, a propriedade foi adquirida pela IBM Brasil, que dedicou o palacete para atividades e eventos culturais – reforçando, desde então, a essência de valorização e fomento à cultura, presente até hoje no local e tão importante para a formação da sociedade curitibana. 20 anos depois, no início do século XXI, o lugar foi comprado pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), que, assim como o palacete, possui uma história que se entrelaça com a do Paraná. Essa aquisição, inclusive, coincidiu com o momento em que a instituição financeira destacou seu olhar para a cultura.

Um ano após a compra do palacete, o BRDE instalou sua sede regional no bairro Alto da Glória e destinou o lugar a atividades culturais. Em 21 de junho de 2005, foi inaugurado o Espaço Cultural BRDE – Palacete dos Leões, com uma exposição do artista Jair Mendes. Desde então, vários artistas já apresentaram suas obras no local, destacando o comprometimento da instituição com o incentivo à cena cultural.

Hoje, o espaço oferece uma programação cultural gratuita, com exposições e atividades relacionadas à arquitetura, às artes visuais, à história e ao patrimônio cultural. Entre as diversas atividades ao longo de sua trajetória, recebeu obras e exposições de artistas contemporâneos e realizou parcerias com outras instituições culturais, como o Goethe-Institut, a Bienal Internacional de Curitiba, a Fundação Cultural de Curitiba e o Museu Paranaense.

*Matéria originalmente publicada no Caderno Especial Curitiba 328 anos, na edição #247 da revista TOPVIEW.


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