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Oscar 2018: quatro cinéfilos apontam os “injustiçados” pela Academia que você deve ver

Abonico Smith, Claudio Stringari, Paulo Camargo e Arnaldo Belotto apontam os filmes que, na opinião deles, deveriam ter entrado na disputa

Na grande peneira da premiação mais tradicional da sétima arte muitas obras acabam ficando de fora da tão concorrida lista de indicados ao Oscar. Uma das discussões mais divertidas é entender quais filmes do ano tiveram poucas indicações ou passaram completamente despercebidos.

A TOPVIEW convidou quatro cinéfilos de carteirinha – Arnaldo Belotto, Abonico Smith, Claudio Stringari e Paulo Camargo – para compartilharem conosco os filmes que consideram os mais injustiçados do Oscar 2018 e que você precisa assistir. Spoiler: tem obra que é citada duas vezes!

Arnaldo Belotto

Além de diretor e cineasta, o curitibano é fotógrafo e aplica todas as narrativas do Cinema em seus trabalhos.

Os injustiçados de Arnaldo

O Sacrifício do cervo sagrado

O filme é provocativo e excêntrico. Discute a mutilação dos valores da sociedade de uma forma soberba.

Projeto Florida

Carrega um naturalismo muito poderoso nas ações e nos diálogos, atípicos nos filmes selecionados para o Oscar. Ambos os filmes são de diretores que carregam muita personalidade em seus trabalhos e discutem a linguagem cinematográfica.

Por que acha que a Academia não deu o destaque merecido?
O Oscar é um festival que prima pela produção. Novas linguagens, quebras de estruturas clássicas não são bem vistas. De uma forma ou de outra, sempre são filmes dentro de um padrão narrativo.

Claudio Stringari

O jornalista e empresário é sócio da Central Press e vice-presidente da ADVB-PR. Seu interesse por cinema nunca foi como objeto de estudo, mas ele afirma que é um frequentador assíduo de salas de cinema e consumidor frenético ​de filmes on demand.

O injustiçado de Claudio

Mãe!

​O trabalho de Jennifer Lawrence neste filme foi digno de indicação e a Academia ignorou ela. Lawrence poderia ter sido indicada ao prêmio de Melhor Atriz e a produção deveria concorrer à categoria de Melhor Filme. Acredito que o filme seja bem melhor que, pelo menos, dois dos indicados.

Por que acha que a Academia não deu o destaque merecido?

​A gente nunca sabe ao certo, né? Parece que alguns critérios mudam de um ano para outro. E sempre somos surpreendidos (negativamente) de alguma forma. É uma pena.

Abonico Smith

O criador do portal de cultura mais antigo de Curitiba, o Mondo Bacana, migrou radicalmente da crítica musical para ser o organizador oficial do Bate-Papo do Oscar, que acontece todos os anos na Livraria Cultura, do Shopping Curitiba.

Os injustiçados de Abonico

Lucky

É o mais injustiçado de todos, até mesmo por ser o último filme do Harry Dean Stanton. Ele deveria estar ao menos como protagonista, mas eu entendo porque é uma produção bem pequena, independente. Eu acredito que esse filme não está entre os indicados justamente pelo poder de fogo da produtora do filme, essa é a maior injustiça.

Dunkirk

É provável que o “Dunkirk” seja o outro maior injustiçado, pois merecia ser indicado em mais categorias. É um filme maravilhoso que se subverte a todas às regras dos filmes de guerra de Hollywood, recorta a narrativa em três, depois as junta no final. Então entre os filmes que estão indicados, ele deve ser o mais injustiçado.

Por que acha que a Academia não deu o destaque merecido?

O primeiro [Lucky] não foi bem um esquecimento, foi mais sobre a questão de produção de bastidores da empresa. E Dunkirk, como é um filme do Christopher Nolan, confuso de entender, então é compreensível que ele não leve. Ele pode sair em algumas das categorias técnicas. Mas acredito que essas foram as duas maiores faltas do Oscar 2018.

Paulo Camargo

O jornalista, professor universitário e crítico de cinema é o editor-chefe do portal A Escotilha e um dos seletos críticos do Bate-Papo do Oscar, organizado pelo Mondo Bacana e pela Livraria Cultura.

Os injustiçados de Paulo

Projeto Flórida

Do cineasta Sean S. Baker, o filme conta a história na perspectiva de uma menina nos arredores dos parques da Disney. O filme é muito inventivo e criativo e está praticamente em todas listas de melhores filmes do ano e possíveis indicados a Melhor Filme. No fim das contas, teve apenas uma indicação, a de Melhor Ator Coadjuvante. Foi muito bem falado, a ponto de conseguir lançamento comercial no Brasil. É de um cineasta em ascensão, que fez o filme Tangerine com transexuais – rodado em iPhone e que acabou ganhando vários prêmios. Esperava que tivesse uma repercussão mais. A reação da Academia é completamente inesperada, limitou-se a única indicação.

O Rei do Show

Foi um sucesso de público. Mesmo não recebendo as melhores críticas, foi um sucesso de bilheteria simplesmente pelo “boca a boca”, fazendo muito mais sucesso que os próprios produtores esperaram. Nesse ano o único indicado a Melhor Filme que realmente foi um blockbuster foi o “Corra”. Era a oportunidade de colocar um musical na categoria principal do prêmio – a única em que o filme concorre é Canção Original com o sucesso “This is Me” (Keala Settle), que tem forte concorrência com a música da animação da Pixar, “Viva”.

Por que acha que a Academia não deu o destaque merecido?

Eu com certeza tiraria o Destino para colocar o Projeto Flórida. O filme em que o Gary Oldman (“O Destino de Uma Nação”) foi superestimado e é o favorito na categoria Melhor Ator. É um bom diretor britânico, mas é um filme acadêmico, não é um grande filme de história e também não inova em muita coisa. “Projeto Flórida” foi um filme pouco visto pelos votantes, não teve tanta visibilidade por ser independente. Ele merecia a indicação por méritos estéticos, como “Lady Bird” e “Me Chame Pelo Seu Nome”. O “Rei do Show” não havia chegado ao seu auge de público quando os jurados votaram, isso influenciou muito.

 

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