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O significado dos símbolos natalinos

A Top View foi atrás do significado de cada elemento que faz parte da época mais emocionante do ano

Pinheirinho, luzes, presépio. O clima de Natal vem sempre embalado em famosos símbolos que tanto conhecemos… ou pensamos que conhecemos. A TOP VIEW foi atrás do significado de cada elemento que faz parte da mais emocionante das fases do ano e descobriu que há um pouco de tudo por trás deles: lenda, fantasia, religiosidade, caridade, comércio…

A data

O Papa Júlio I, que dirigiu a Igreja do ano 337 a 352, foi quem instituiu o dia 25 de dezembro como aniversário de Jesus. Fez isso a fim de cristianizar as festas pagãs e trocar o dia de adoração ao sol pelo nascimento do Salvador.  “Até então celebrava-se apenas a festa da Epifania, isto é, a manifestação do Senhor aos povos pagãos, representados pelos magos do Oriente”, explica Luiz Alexandre Solano Rossi, coordenador do curso de Teologia da PUCPR. 

O pinheiro

Antes do cristianismo, as famílias costumavam levar para dentro de casa uma árvore verde para “abrigar” os espíritos da natureza durante o inverno, segundo relata Lídia Hanke Santos, curitibana contadora de histórias e autora do livro Histórias de Natal (Ed. Feller). As preferidas eram as coníferas porque permanecem verdes o ano todo. “As árvores ornamentadas eram um costume pagão que passou a ser cristão. Não se sabe exatamente onde ele teve início.

O certo é que há muitas lendas que tentam explicá-lo”, diz Lídia. “A árvore pode ser considerada como um dos mais ricos símbolos da vida. No entanto, não se trata de um símbolo ligado exclusivamente ao cristianismo”, diz Rossi.

As bolas e as velas

Para os pagãos, enfeitar a árvore no inverno fazia com que elas explodissem em vida nas próximas estações. Com o surgimento do cristianismo em alguns países europeus tornou-se hábito colocar nas igrejas árvores com velas acesas ao redor e nomeá-las Árvore da Vida, em alusão à vida de Jesus dada à humanidade. O costume passou para os lares e as bolas de vidro multicoloridas passaram a simbolizar os frutos. “Num texto evangélico os discípulos são reconhecidos por seus frutos.

Assim, as bolas coloridas passam a simbolizar as múltiplas e diferentes ações que as pessoas são capazes de realizar”, explica Rossi. Sobre as velas, as Sagradas Escrituras afirmam que na luz as trevas não se perpetuam, portanto velas são acesas para exprimir a fé.  As luzinhas elétricas do pinheiro são a versão moderna do costume.

Os presentes

A origem da troca é incerta, mas o presente é considerado uma das mais palpáveis demonstrações de bondade e de amizade humana. Portanto, conveniente nesta data. A maneira como chegam varia conforme crenças e tradições: pode ser o próprio Menino Jesus um presente para a humanidade; podem vir por São Nicolau (Papai Noel), pelos Reis Magos ou entregues por outras entidades. “Outrora os presentes tinham valor diferente em relação aos de hoje, pois eram confeccionados especialmente para quem ia receber.

As atuais gerações estão acostumadas a comprá-los ”, opina Lídia. Em seu livro ela conta curiosidades como o surgimento da primeira loja de presentes e artigos natalinos em 1785, em Paris. Dizem que o costume de colocar os presentes embaixo do pinheiro vem da rainha Elizabeth, filha de Henrique VIII, da Inglaterra, que costumava promover grandes festas natalinas no século 16.

O Papai Noel

A origem desse personagem é repleta de suposições. Mas é provável que ele tenha existido na figura chamada de São Nicolau e tenha tido sua história transformada conforme os costumes, a época e a imaginação popular. Nicolau teria vivido no século 4 na Ásia Menor e ajudado anonimamente os necessitados colocando sacos com moedas nas chaminés das casas.

Em nossa época, o entretenimento associado ao apelo comercial pode ter criado a figura do velhinho simpático vestido de vermelho. Há quem diga que o personagem ganhou ainda mais popularidade com as propagandas natalinas da Coca-Cola ao longo do século 20. Nada confirmado.

O Presépio

A reprodução do cenário onde Jesus teria nascido remonta à época de São Francisco de Assis, no século 13. Ele teria solicitado a alguém que criasse o primeiro presépio para facilitar a meditação da mensagem evangélica de Jesus que nasce na simplicidade.

A Guirlanda

O costume pagão de cobrir as portas das casas com ramos de flores, folhas e galhos durante as festas de inverno para que a vegetação voltasse viva nas próximas estações foi absorvida pelo cristianismo. Hoje, a guirlanda representa a fé cristã e é colocada nas portas das casas assim que começam os preparativos para o Natal.

Os Sinos

Pagãos usavam sinos para espantar demônios. Sua vibração espanta coisas ruins. Segundo Lídia, ao longo da história, sinos foram os grandes comunicadores de mensagens ao povo, chamando-os para defesas de território, orações coletivas, alertas. Natural que ao longo dos séculos fossem incorporados ao Natal para anunciar as boas novas.

Cores de Natal

Vermelho (fogo e amor divino); verde (renovação e esperança que a época traz) e dourado (lembra o ouro, metal associado à evolução da materialidade para a espiritualidade).

O Peru na ceia

No Dia de Ação de Graças, celebrado desde o século 17 nos EUA, o peru é o prato principal porque sua razoável quantidade de carne representa fartura. A data surgiu para expressar gratidão pelas coisas boas da vida e acontece no final de novembro. Os espanhóis levaram o costume para a Europa e a ave acabou indo para a ceia de Natal.

O Panetone

Uma das histórias contadas a respeito da origem desse pão doce com frutas cristalizadas é que ele foi servido à mesa de uma família nobre em Milão no século 17 preparado num dia de grande inspiração por um padeiro chamado Toni. O sucesso do pane di Toni atravessou fronteiras e séculos.

As Rabanadas

Tradição europeia, mais precisamente de Portugal. Alternativa para restos de pão duro que eram jogados fora. A origem de algumas receitas como a da rabanada vem do século 18, quando mosteiros e conventos da Europa dedicavam-se à arte da confeitaria e faziam chegar ao mercado um tipo de iguaria específico para cada festa do ano.

As Bolachas natalinas

Pães, bolachas e outros doces modelados como humanos, animais e astros são costumes de festas pagãs absorvidos pelo cristianismo – assim como aconteceu com a maioria dos elementos natalinos.

Curitiba e o Natal

Alguns endereços comerciais em Curitiba ficaram famosos por fazer a alegria da criançada em época de Natal. Quem  foi criança nos anos 70 e 80 e não se lembra da rua Barão do Rio Branco coberta pelos painéis natalinos iluminados das lojas Hermes Macedo? No subsolo da loja um enorme presépio chegava a hipnotizar as crianças mais dos que os próprios brinquedos nas prateleiras.

Tanto a HM quanto a Prosdócimo costumavam promover a chegada do bom velhinho com desfile. Também na Ótica Boa Vista tinha fila para ver o Papai Noel “de verdade”. Ele era um senhor de olhos azuis e compridas barbas brancas (naturais!) e encantava a todos deixando que os pequenos dessem um puxãozinho para comprovar sua identidade. As Lojas Malucelli tinham cinco integrantes tocando músicas natalinas: era a Banda dos Velhinhos da Malucelli.

Mas verdadeira marca registrada do Natal curitibano, no entanto, nasceria só no início dos anos 90: promovido pelo extinto Banco Bamerindus, o então “Natal na Avenida” inaugurava um enorme coral de crianças apresentando canções natalinas das janelas do antigo edifício-sede do banco. As vozes do agora Natal do Palácio Avenida continuam encantando a milhares de espectadores durante todo o mês de dezembro.

*Fonte: Histórias de Natal, de Lídia Hanke Santos (Editora Feller).

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