ESTILO

O novo servir

Gaúcho radicado em Curitiba, Adroaldo Vasconcelos foi um dos entregadores que alimentou os curitibanos durante o isolamento social

Em junho, Adroaldo Vasconcelos dos Santos decidiu aliar seu trabalho de porteiro às entregas que faz em sua moto pelo aplicativo iFood. Ele foi um dos milhares de entregadores que fizeram o setor da gastronomia continuar em movimento durante o período de isolamento social. Contamos a sua história como forma de homenagear toda a classe pelo trabalho essencial prestado.

Adroaldo nunca imaginou que faria entregas por um app, mas gostou da experiência. O começo foi desafiador: tinha receio de tocar nos pedidos e contaminar outras pessoas. Mas, aos poucos, se acostumou com a rotina. Antes disso, já trabalhou em câmaras frias, carregando produtos que seriam exportados para outros países, e foi zelador. Cada fase trouxe aprendizados.

“Tento executar o trabalho com um sorriso e com carisma, de bem com a vida”

Como entregador, compara seu trabalho com o dos garçons. “você pega o pedido e leva até a mesa, para o cliente degustar. Tem que ter reponsa, não pode deixar a toalha cair, tem que seguir em frente e executar o serviço da melhor forma possível. Tem que saber respeitar e entender que tem altos e baixos.” 

Por mais que veja muita gente estressada e que contamina o humor alheio, Adroaldo tem outro lema: “tento executar o trabalho com um sorriso e com carisma, de bem com a vida.” Se isso contagiar outras pessoas, ainda melhor. E, é claro, nem tudo é trabalho. Todos os dias, por exemplo, respeita o horário sagrado: 17h é a hora de passear com seu cachorro, a Brasa.

Sempre que tem tempo, faz um churrasco — o tradicional do Rio Grande do Sul, com costela a fogo de chão e arroz carreteiro. Nascido em Soledade, interior do estado, chegou em Curitiba em 1994, casou e criou raízes por aqui. Agora se considera mais curitibano do que gaúcho. “Perdi o sotaque, tenho o dom [do churrasco].” Aproveita para me contar a história da tradição herdada dos tropeiros e garante que não perdeu os laços com sua terra: “a gente tem no sangue.”

Quanto ao ofício como entregador, pretende continuar, mas ainda não sabe como vai ser daqui em diante, especialmente com relação à abertura completa dos estabelecimentos no pós-pandemia. “Não sei se vai cair nosso serviço e não vão mais precisar de entregadores, mas isso é uma questão do futuro.”

Confira outras quatro histórias inspiradoras que fazem parte da matéria principal desta edição.

*Matéria originalmente publicada na edição #242 da revista TOPVIEW.

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