Melissa traz projeto cultural à Curitiba nesta quarta
Comissura é o nome dado à linha ou ponto onde duas superfícies se reúnem formando ângulo. Na anatomia, é o ponto de junção de duas partes, como os lábios e as pálpebras. Agora, comissura é também tema de um projeto supercriativo que a Melissa traz para Curitiba na próxima quarta-feira, 17 de fevereiro, em exibição única.
É a Melissa Makers, uma plataforma cultural e criativa que explora o melhor de cada local. Em cada cidade brasileira é escolhido um tema que reflita a essência dessa capital. A intenção da marca é aumentar a conexão com as pessoas e imergir na cultura e na alma das cidades brasileiras. Para alcançar isso a Melissa convidou meninas inspiradoras que representam a cena cultural do lugar onde vivem para, juntas e sob os olhares da arte, do design e da moda, expressarem a maneira como elas enxergam essa cidade. Depois do Rio de Janeiro e de Salvador, chegou a vez de Curitiba.
Durante cinco meses, oito meninas trabalharam em conjunto para desenvolver três projetos: uma instalação artística, um zine e um vídeo-manifesto. As obras discutem suas percepções sobre opostos e junções – as “Comissuras”–, que resultam em uma identidade conectada com o espírito da cidade.
A Melissa acompanhou tudo de perto, mas “foi um processo horizontal”, segundo a gestora do departamento de Marca e Comunicação da Melissa, Raquel Metz Scherer. “Tudo foi sugerido, discutido em grupo e produzido a várias mãos”, completa.
As makers de Curitiba são descoladas e nada óbvias, e passeiam por vários segmentos artísticos. São elas: a artista plástica Maya Weishof (que expôs a série Perimetral na Boiler Galeria), a fotógrafa Adriana Basso (que faz a cobertura fotográfica de festas como a Cambalacho e It’s a Trap), a empreendedora e realizadora cultural Eduarda Guimarães (proprietária do hostel Bosque da Iohana e idealizadora de eventos como o Troca Troca Oca), a fotógrafa e produtora cultural Carolina Zibetti (conhecida por organizar projetos voltados para arte e cultura no conceito “doors open”), a ilustradora e designer Thaíssa Esteves (que trabalha com produção artesanal e já estudou na École Cantonale d’Art de Lausanne, Suíça), a estudante de moda e blogueira Thainá Sagrado (frequentadora de ambientes da cena cultural, artística e de moda, especialmente as urbana e black), a designer e fotógrafa de balada Fernanda Pompermayer (forte presença nas festas e eventos descolados da cidade, das baladinhas da moda até o underground democrático) e a idealizadora e proprietária do Le Garret, um dos brechós mais conceituados de Curitiba, Bárbara Garret.
Segundo Raquel, a marca chegou até essas oito meninas após uma pesquisa feita em Curitiba, que levou em conta também a indicação de algumas meninas que a Melissa já conhecia. “Elas nos indicaram nomes de pessoas que mais movimentavam a cena cultural da cidade. A partir desses cruzamentos, montamos o grupo”, explica.
“É muito gratificante entender a visão das meninas de Curitiba. Percebo a influência do Brasil da imigração e da representatividade de algumas culturas europeias. Cada uma delas poderia estar representada em um grupo de Nova York ou Londres, o que mostra que existe uma cultura global, mas com peculiaridades locais. Isso faz com que a Melissa esteja cada vez mais próxima das suas fãs, tanto em nível global, quanto local”, observa Paulo Pedó, diretor de operações da Melissa.
Para Raquel, escolher Curitiba para essa terceira etapa foi algo natural. “A cidade é uma grande exportadora de talentos na arte, na moda e no design – pilares essenciais do trabalho da Melissa. Ficamos impressionados com tudo que a cidade já produziu. Seu histórico acumula um prefeito como Jaime Lerner, um escritor como Leminski e exporta talentos como Rimon Guimarães para o mundo das artes”, diz.
Melissa COMISSURA by Makers Curitiba
A instalação Foi aos pés do Marumbi e voltou, criada por Maya Weishof, Adriana Basso e Eduarda Guimarães, é um olhar aguçado sobre Curitiba por meio de uma manifestação artística. A Serra do Mar, que circunda a cidade, é o objeto de interesse das meninas nesta instalação nada convencional, criada sob os fundamentos da Land Art.
O processo aconteceu in loco, durante um passeio de trem pelo local em dezembro de 2015, gerando sons e imagens para esta instalação que utiliza recursos mixed media. O trem e seus trilhos são a Comissura – a linha que une a cidade à natureza.
O fanzine Comissura, publicação de Carolina Zibbeti e Thaíssa Esteves, demonstra a força criativa e feminina do design de Curitiba por meio de 24 páginas de fotos, ilustrações e intervenções. O conteúdo criativo passeia por três linhas gerais: Dualidade, Movimento e Entre Amigas.
Por último, o vídeo-manifesto Resgate, de Thainá Sagrado, Fernanda Pompermayer e Bárbara Garret, provoca a reflexão sobre o real significado da moda e aponta o estilo que circula pelas ruas de Curitiba. O vídeo aborda não apenas a indumentária, como também manifestações coletivas relevantes no cenário cultural da cidade.
Os trabalhos serão expostos no dia 17 de fevereiro, a partir das 20h, na Escola de Escrita, apenas para convidados. No entanto, será possível acompanhar on-line pelas redes sociais da Melissa e, após essa data, assistir por lá quando quiser. Para os próximos meses, segundo Raquel, outra cidade (ainda mantida em segredo) receberá o projeto. “Além disso, continuaremos em contato com as meninas do Rio, Salvador e de Curitiba, mantendo vivo esse movimento criativo”, garante.