Luxo é ser feliz
Quando se fala em luxo, existe uma associação clara à ostentação. Mansões, carros caros, viagens exóticas, gastronomia diferenciada e, muitas vezes, charutos. Mas por que essa associação entre charutos e luxo?
O preço sempre foi um fator que tornava o charuto um hobby de luxo. Afinal, existem marcas caras, extremamente requintadas ou charutos que possuem algum processo diferenciado na sua elaboração e que, realmente, custam muito. Porém, esse é um princípio que caiu por terra. Hoje, existem charutos de alta qualidade e com preços acessíveis por menos de R$ 50. Em um país com tantas dificuldades econômicas e sociais, esse ainda é um valor considerável, mas já ao alcance de muitos – o que é um avanço.
Outro ponto que contribuiu para a imagem luxuosa dos charutos são as famosas figuras que eram fãs de longas e saborosas baforadas. Winston Churchill, Fidel Castro, Leonardo di Caprio e Jô Soares são só alguns dos nomes com inúmeras fotos com um puro na mão e que contribuíram para a construção da ideia de que o charuto é um hábito glamuroso e reservado apenas para famosos e ricos – o que não é ou, pelo menos, não é mais. A grande verdade é que luxo é poder fazer o que se gosta e não o quanto se paga por isso. Considero que, mais importante do que o preço do charuto, é poder passar alguns minutos saboreando-o de forma especial, em um lugar especial e em um momento especial. Isso é luxo: viver instantes de alegria verdadeira!
Charuto, para mim, é isso: um hobby de contemplação, de desfrutar de momentos que só um puro pode proporcionar, seja ele um charuto de centenas de dólares ou poucas dezenas de reais. Nada mais moderno para o momento que vivemos do que ressignificar o luxo e entendê-lo como encontrar a felicidade, independentemente do seu valor financeiro.
*Coluna originalmente publicada na edição #243 da revista TOPVIEW