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Livro: conheça a história de Maha Mamo, a mulher que viveu por trinta anos sem nacionalidade

A obra acompanha toda a saga de Maha Mamo para conquistar uma nacionalidade desde a menina que saiu de Beirute, capital do Líbano

Maha Mamo, hoje cidadã brasileira, foi apátrida por 30 anos. É assim que são chamadas as pessoas sem pátria, impedidas de ter uma nacionalidade e que, por consequência, têm uma vida sem os direitos básicos de qualquer outro cidadão. Em Maha Mamo – a luta de uma apátrida pelo direito de existir, a autora conta, ao lado do jornalista Darcio Oliveira, sua complicada trajetória até a sonhada cidadania – da infância e juventude em Beirute à vida no Brasil.

Maha nasceu em Beirute, capital do Líbano, mas não pôde ser registrada como libanesa porque o país, como a maioria das nações, concede a nacionalidade pelo sangue, e não pelo território onde se nasce. Maha teria, então, que assumir a origem dos pais, sírios. Ocorre que o pai, Jean Mamo, é cristão, a mãe, Kifah Nachar, é muçulmana, e as leis da Síria não permitem o casamento inter-religioso. O resultado dessa perversa combinação jurídico-religiosa foi a apatridia – e tudo o que dela deriva.

Maha e seus irmãos não pertenciam a lugar algum, não eram sírios nem libaneses. Ficaram sem pátria, sem registro, sem documentos e sem direitos. Tiveram que lutar pelas questões mais elementares de cidadania, como frequentar uma escola, ter acesso a hospitais ou desfrutar da liberdade de ir e vir.

Na obra, que tem prefácio escrito pela jornalista Sonia Bridi, a autora conta sua trajetória em busca de um sonho, que na verdade era a correção de uma injustiça social e humanitária: tornar-se visível, pertencer ao mundo. Toda a saga de Maha está nessas páginas, desde os esforços da mãe Kifah para matricular os filhos sem-pátria e sem documentos em uma escola – a educação era o único caminho para tentar garantir, ao menos, um futuro mais digno – à vida no Brasil, o único país que abriu as portas para que os irmãos Mamo pudessem existir oficialmente. Nessa batalha pela cidadania, Maha contou com o apoio irrestrito do ACNUR, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. Hoje, ela é um dos símbolos da campanha I Belong, que pretende acabar com a apatridia no mundo.

A história de Maha é uma inspiração para todos aqueles que, por qualquer razão, tenham sido privados dos seus sonhos. Ela mostra como sua força e determinação fizeram com que nunca desistisse, mesmo quando tudo parecia agir contra ela. Afinal, como Maha conta, ela é filha de uma mulher chamada Kifah, que quer dizer “luta” em árabe, e esse sempre foi seu lema.

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