ESTILO

Invernar na serra, por que não? É tempo de desacelerar, tomar uma xícara de café ouvindo o trepidar do fogo

Que tal se aconchegar na serra catarinense? Descobrimos uma surpresa por lá - e dá pra chegar por terra ou pelo ar

Chovia nas altas encostas da Serra Catarinense quando atravessei a porta da casa principal do Hotel Curucaca. Nada mal – na verdade, o prenúncio de um final de semana bom, de ócio, sono e sossego. A recepção cálida não estava só no ambiente serrano do grande chalé, mas nas boas vindas de Eduardo e da proprietária, Silvana Krüger, que orquestra tudo com fala mansa e nos incentiva a tomar um café com bolo – para “aquecer o coração”, ela fala – antes de irmos para nossa cabana particular.

A Serra Catarinense tem picos com altitudes que chegam a mais de 1,8 mil metros. É uma das regiões mais frias do Brasil, onde neva em quase todos os invernos – e se a neve não vem, o nevoeiro e a geada se encarregam de vestir a região com um manto gelado, digamos, bem conveniente. Até a chuva aqui é oportuna: pelo menos no hotel Curucaca, o som dos pingos lá fora só fazem ainda mais delicioso o tempo dentro de uma dessas cabanas quentinhas. Essas condições e cuidados vêm fazendo dessa serra uma possibilidade para passeios invernais de final de semana, mesmo saindo do Paraná. Se não for de carro, dá para chegar até de helicóptero ou aeronave de pequeno porte. A gastronomia serrana e campeira e as vinícolas boutique de altitude que se multiplicam por essa montanhas – muitas abertas a visitas – só fazem o convite ainda mais tentador.

O Curucaca é uma das muitas hospedagens que surgiram na região entre hotéis-fazenda e pousadas rurais. Nos limites do município de Bom Retiro – a 138 km de Florianópolis – surgiu há alguns anos com sua casa principal seguida pelas cabanas de telhado vivo mesclando-se ao cenário natural, e com uma proposta sustentável de respeito ao entorno. O ambiente rústico-chique do Curucaca é inspirado nas instalações das montanhas do Colorado (EUA), outro cobiçado destino de frio. Quando somos levados à nossa cabana, só notamos as outras unidades à medida em que nos aproximamos ou que observamos chaminés fumegando. É gente curtindo o aconchego montanhês já instalada em seus cantinhos.

Todos os aposentos do Curucaca são equipados com lareira, frigobar, internet e televisão (com muitos canais para quem não dispensa um fi lminho em days off ). Muitos têm banheira e a maioria tem varanda com vista para o vale, o lago ou os jardins – sempre com privacidade garantida. E aí que as diárias de R$ 300 a R$ 550 variam. O olhar cuidadoso de Silvana e de sua equipe garantem que a lareira esteja sempre pronta e fácil de ser usada e os pequenos detalhes e confortos impecáveis. Muita madeira, arandelas e móveis feitos à mão asseguram rusticidade, mas também elegância à meia-luz. A sensação na minha cabana, a Tiriva, é a de uma abraço caloroso. Minha cama (fofa na medida certa e adornada com um delicado dossel de ferro) e o banho quente com sais na banheira de frente para varanda foram os mimos fundamentais para um fi nal de semana dedicado ao recolhimento.

Quando a noite caiu seguimos para a casa principal, onde os hóspedes desfrutam da lareira na sala de estar, do bar e das sopas e pinhões cozidos dispostos sobre uma bancada aquecida antes do jantar. O cuidado está até mesmo nas cumbucas já aquecidas e nos temperinhos na horta. O bar e a carta de vinhos exaltam exclusivamente os rótulos da Serra Catarinense com opções de R$ 50 a R$ 180. As refeições seguem linhas italianas e internacionais privilegiando ingredientes orgânicos e produzidos na região. Truta defumada é uma das presenças mais constantes na cozinha da Curucaca, mas dessa vez fomos servidos com salada verde e risoto de alho poró no vinho tinto com lascas de fi lé mignon. A sobremesa foi sorvete de frutas vermelhas da região com crepe e calda de chocolate.

Spa e bem-estar

A manhã do dia seguinte foi propícia para aproveitar a estrutura dedicada a atividades de bem-estar após o farto café da manhã. O lugar tem estrutura de spa para atendimentos terapêuticos como as salas para atividades como yoga, sala de massagem, cama com duchas vichy (o tratamento de hidroterapia com aplicação de vários chuveiros atuando simultaneamente dos pés à cabeça para diferentes finalidades), ofurô, sauna seca, hidromassagem com vista e espaço para meditação, além de piscina externa aquecida voltada para o vale e ofurô também externo.

Recentemente, aproveitando a estrutura, Silvana tem aberto o Curucaca para receber grupos para retiros voltados a relaxamento e atividades terapêuticas. Casamentos e lua de mel também encontram acolhida por aqui.

Curucaca é o nome de uma ave que adora fazer seu ninho no topo das Araucárias, árvores que reinam por essas montanhas. São elas que, junto com as vinícolas, identificam o cenário da região o ano todo. E quando o inverno vai embora, o destino não deixa de ser convidativo. As cores da natureza vão se modificando a cada estação, mas o ar fresco predomina. E o Curucaca acolhe o ano inteiro. 

Novidade à porteira

Logo em frente ao Curucucaca, uma nova vinícola boutique surgiu para elevar ainda mais a qualidade dos vinhos de altitude da Serra Catarinense. É a Thera. O nome é uma carinhosa homenagem a Therezinha Borges Freitas chamada de Thera pelo marido Dilor Freitas, pioneiro na produção de vinhos finos em Santa Catarina. Quem comanda o empreendimento é um dos filhos deles, ao lado da esposa e um sócio. Assinados pelo enólogo Átila Zavarize – com passagens pela Chandon, Villa Francioni e Quinta da Neve – os vinhos vêm com uma identidade única. Predominante, os vinhedos estão voltados para variedades destinadas à elaboração de vinhos brancos e espumantes, tais como Sauvignon Blanc, Chardonnay, Pinot Noir, e também incluem Merlot, Carbernet Franc, Syrah, Malbec, Sangiovese, Montepulciano D’Abruzzo…O Sauvignon Blanc exprime as características únicas da terra e do clima das altas encostas da Serra Catarinense. Perfeito com frutos do mar, harmoniza com uma tendência gastronômica do momento: cozinha tailandesa e asiática. Já o Thera Rosé demonstra sutileza e elegância e não passa por barricas de carvalho para preservar a expressão da fruta. Os rosés e tintos serão produzidos em pequena escala e serão mais leves em relação ao que já é apresentado na vizinha São Joaquim. A propriedade deve abrir visitação nos próximos meses e prevê um wine bar para completar a experiência.

 

HOTEL CURUCACA_Rodovia SC 430, km 8, Bom Retiro (SC), telefone (49) 99136.9186, WhatsApp (49) 99136.9184, curucaca.com.br

COMO CHEGAR

  • Pela estrada até Florianópolis via BR-101 e depois para BR-282 direção Rancho Queimado e Lages. Fica a 148 km de Florianópolis e 431 km de Curitiba.
  • Por ar as coordenadas até a pista de pouso são 27° 51′ 48,3″ S / 049° 34′ 42,5″ W (contato 49 9127-8734 ou [email protected] para informações sobre as condições operacionais).

DIÁRIAS

• R$ 300 a R$ 550 com café da manhã.

• Jantar a R$ 80 por pessoa.

*Matéria publicada originalmente na edição 200 da revista TOPVIEW. 

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