História em forma de arquitetura
Reunimos nesta matéria um conjunto de nove edifícios residenciais que se tornaram referência na paisagem curitibana e que representam a cidade no imaginário de seus habitantes. Edifícios de qualidade arquitetônica superlativa. Arautos do Movimento Modernista Paranaense, que além de anunciar novos costumes, com o registro migrando para moradias verticais, assumiram orgulhosamente a linguagem arquitetônica de sua época. O que é fundamental para qualquer obra que pretenda ser referencial e durável, capaz de atravessar os tempos.
Para me ajudar nesta tarefa convidei o amigo, arquiteto, mestre e especialista em Estética e Filosofia da Arte pela UFPR, Fábio Batista. Sócio da Grifo Arquitetura e professor da FAE Centro Universitário, diversas vezes premiado e autor de nove livros, entre os quais: Prédios de Curitiba (2017).
Boa Fruição e Leitura!
O primeiro impulso de verticalização de Curitiba ocorreu no final da década de 1920, com o início das obras do Edifício Moreira Garcez, mas foi somente no final dos anos quarenta que os prédios começam a despertar o interesse dos curitibanos. Já nos anos 1950 a verticalização passou a fazer parte do dia-a-dia da capital, juntamente com a arquitetura modernista, que figurava nos principais jornais e revistas da época, devido a construção do Centro Cívico do Paraná e as obras da nova capital federal: Brasília.
Nos anos 1960 ocorreram uma série de eventos que ainda hoje influenciam o nosso cotidiano urbano, entre eles podemos destacar a criação do curso de arquitetura e urbanismo na UFPR (1962), e a elaboração do plano diretor Wilheim-IPPUC (1965). A fundação do curso de arquitetura possibilitou a vinda de profissionais de outros estados, que, juntamente com arquitetos e engenheiros locais revolucionaram o modo de projetar e construir em Curitiba.
A partir da seleção de oito prédios residenciais apresentaremos algumas características relevantes da produção arquitetônica deste período:
Relação com a rua
O Itália utilizou a curvatura do terreno como potencial estético, o conjunto Maurício Thá e Veneza voltou os apartamentos para a rua criando uma boa relação com o parque, a CEU e o Valença mantiveram o térreo visualmente livre, aberto para a cidade;
Inovação
O Governado foi um dos primeiros edifícios redondos do Brasil, o Canadá possui um sistema estrutural com grande ousadia técnica e o Araucária foi construído com elementos de concreto pré-fabricados.
Conhecer estes edifícios é fundamental para compreender a Curitiba do passado e valorizar os arquitetos e a produção local, além de trazer à luz estratégias e soluções que poderiam ser aplicadas nas edificações futuras.
* Coluna originalmente escrita por Fábio Batista, convidado de Marcos Bertoldi, e publicada na edição #248 da revista TOPVIEW.