ESTILO

História em forma de arquitetura

Os principais edifícios residenciais de Curitiba da década de 1960

Reunimos nesta matéria um conjunto de nove edifícios residenciais que se tornaram referência na paisagem curitibana e que representam a cidade no imaginário de seus habitantes. Edifícios de qualidade arquitetônica superlativa. Arautos do Movimento Modernista Paranaense, que além de anunciar novos costumes, com o registro migrando para moradias verticais, assumiram orgulhosamente a linguagem arquitetônica de sua época. O que é fundamental para qualquer obra que pretenda ser referencial e durável, capaz de atravessar os tempos.

Para me ajudar nesta tarefa convidei o amigo, arquiteto, mestre e especialista em Estética e Filosofia da Arte pela UFPR, Fábio Batista. Sócio da Grifo Arquitetura e professor da FAE Centro Universitário, diversas vezes premiado e autor de nove livros, entre os quais: Prédios de Curitiba (2017).

Boa Fruição e Leitura!

1966. Edifício Panorama. Projeto do escritório Forte Gandolfi (Foto: Theo Marques)

O primeiro impulso de verticalização de Curitiba ocorreu no final da década de 1920, com o início das obras do Edifício Moreira Garcez, mas foi somente no final dos anos quarenta que os prédios começam a despertar o interesse dos curitibanos. Já nos anos 1950 a verticalização passou a fazer parte do dia-a-dia da capital, juntamente com a arquitetura modernista, que figurava nos principais jornais e revistas da época, devido a construção do Centro Cívico do Paraná e as obras da nova capital federal: Brasília. 

1968. Edifício Theodoro Schineider. Projeto de Henrique Panek (Foto: Theo Marques)

Nos anos 1960 ocorreram uma série de eventos que ainda hoje influenciam o nosso cotidiano urbano, entre eles podemos destacar a criação do curso de arquitetura e urbanismo na UFPR (1962), e a elaboração do plano diretor Wilheim-IPPUC (1965). A fundação do curso de arquitetura possibilitou a vinda de profissionais de outros estados, que, juntamente com arquitetos e engenheiros locais revolucionaram o modo de projetar e construir em Curitiba.

1967. Conjunto Maurício Thá e Veneza. Projeto de Elgson Ribeiro Gomes (Foto: Theo Marques)

A partir da seleção de oito prédios residenciais apresentaremos algumas características relevantes da produção arquitetônica deste período:

Relação com a rua

O Itália utilizou a curvatura do terreno como potencial estético, o conjunto Maurício Thá e Veneza voltou os apartamentos para a rua criando uma boa relação com o parque, a CEU e o Valença mantiveram o térreo visualmente livre, aberto para a cidade;

1961. Edifício Itália. Projeto de Elgson Ribeiro Gomes (Foto: Theo Marques)
1967. Conjunto Maurício Thá e Veneza. Projeto de Elgson Ribeiro Gomes (Foto: Theo Marques)
1962. Casa da Estudante Universitária – CEU. Projeto de Projeto de Jorge Ferreira e José Genuíno de Oliveira (Foto: Theo Marques)
1967. Edifício Valença. Projeto de Elgson Ribeiro Gomes (Foto: Theo Marques)

Inovação

O Governado foi um dos primeiros edifícios redondos do Brasil, o Canadá possui um sistema estrutural com grande ousadia técnica e o Araucária foi construído com elementos de concreto pré-fabricados.

1967. Edifício Governador. Projeto de Adel Karam e Abrão Assad (Foto: Theo Marques)
1960. Edifício Canadá. Projeto de Elgson Ribeiro Gomes (Foto: Theo Marques)
1969. Edifício Araucária. Projeto de Lubomir Ficinski Dunin e Roberto de Albuquerque (Foto: Theo Marques)

Conhecer estes edifícios é fundamental para compreender a Curitiba do passado e valorizar os arquitetos e a produção local, além de trazer à luz estratégias e soluções que poderiam ser aplicadas nas edificações futuras.

* Coluna originalmente escrita por Fábio Batista, convidado de Marcos Bertoldi, e publicada na edição #248 da revista TOPVIEW.

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