ESTILO

Herança de família dá match com estrutura moderna de projeto residencial

Artefatos vindos da Europa, com mais de 100 anos de história, compõem projeto contemporâneo que conta com toques de modernidade, como um elevador
De um lado, peças do século XIX, de madeira maciça, detalhes feitos à mão, vindos da Europa junto com a família dinamarquesa. De outro, vidro, metal e eletrodomésticos de última geração. Neste projeto assinado pela arquiteta Ana Johns, à frente do escritório Ana Johns Arquitetura, o antigo encontra o novo em uma composição harmônica, contando história, mas também oferecendo conforto e funcionalidade para um casal que se aproxima da melhor idade.
 
A escolha pela casa já construída em um condomínio fechado de Curitiba (PR) vai de encontro aos planos dos clientes: um casal de 60 anos que já não mora com os filhos, e buscava um imóvel menor, mas com espaço suficiente para receber a família durante as férias, ou eventos comemorativos. A residência, de dois andares, possui ampla área social, com sala de estar, jantar, lavabo, cozinha, churrasqueira e área de serviço, além de 4 quartos no piso superior. Com arquitetura moderna, janelas do piso ao teto na fachada, uma escada em concreto, pedra  e guarda corpo em metal e vidro no meio da área social, e pé direito duplo na sala de estar, o imóvel era o oposto do mobiliário que os moradores traziam de uma vida inteira, com peças de família e cheias de história para contar. O grande desafio da arquiteta foi, então, criar uma composição harmônica entre o antigo e o novo, pensando na funcionalidade e na personalidade dos clientes.
 
A estrutura da casa não sofreu alterações. “Mudamos o piso do pavimento térreo, que não combinava com o estilo dos clientes. Além disso, era polido, o que nos gerou preocupação pelo fato de que os moradores estão ficando mais velhos, e isso poderia ser um risco. Também fizemos algumas alterações no gesso, já presente na casa, mas o restante mantivemos da forma como o imóvel foi entregue”, diz Ana.
 
Na área social, o mix de elementos modernos e clássicos pode ser observado em todos os cantos. Já no hall de entrada, uma cômoda trazida da Europa recepciona os moradores à frente de um espelho, criando um contraste interessante. A composição de quadros nas paredes também remete ao passado, mas é complementada por dois sofás de design clean e moderno. “No centro da sala, os clientes desejavam uma mesa baixa que abrigasse alguns objetos decorativos, mas também que coubessem vasos de plantas generosos. Encontrei nesta opção de madeira e metal a solução perfeita para o que eles procuravam. O tapete persa, também uma herança de família, trouxe cor e estilo ao espaço”, revela a arquiteta.
 
Seguindo para a sala de jantar, um grande painel de madeira ripada reveste a parede onde ficam “escondidos” o lavabo e o elevador que leva até o segundo andar. “A porta do elevador é um elemento que não combina dentro de uma residência, e que poderia prejudicar o projeto visualmente. Inicialmente pensamos em formas de escondê-la, mas por norma de segurança, não é possível fazer algo neste sentido. A solução foi desenvolver um painel que disfarçasse o elemento, além de criar uma ligação da circulação com a cozinha, deixando todo o pavimento térreo mais integrado”, explica.
 
O relógio vindo da Europa, com mais de 80 anos, traz um charme todo especial para o painel e delimita o início da cozinha, que foi projetada para ser a mais moderna e funcional possível. O painel também faz parte do mobiliário do cômodo, tendo continuidade como cristaleira e armário da cozinha. Integrada a ela, a sala de jantar também brinca com os elementos antigos e novos, onde a mesa de madeira maciça, uma relíquia de família, é acompanhada de cadeiras com linhas orgânicas e modernas. “A luminária era um lampião trazido do Nordeste pela família dos clientes. Com cúpula pintada à mão, foi transformado em pendente e traz um pouco mais de história para este lar”, conta a arquiteta.
 
Já no piso superior da casa, os clientes optaram por manter dois quartos – a suíte master e uma suíte para receber visitas – e transformar os outros dois em escritório e sala de televisão. “O quarto de visitas tem um lado pensado para os netos, sendo que a neta mais velha não mora na mesma cidade e passa sempre um tempo com os avós. Do outro lado temos uma cama de casal, que é usada principalmente pelo filho ou pela mãe da moradora, já que ambos também não residem em Curitiba”, diz Ana.
 
Todos os cômodos contam com algum detalhe da história do casal. Seja uma penteadeira, um quadro ou uma poltrona, cada canto da casa foi aproveitado para manter esses objetos com tanto significado para os clientes. “Além disso, o casal mudou de uma casa maior para esta, então o aproveitamento de espaços foi muito importante para eles conseguirem acomodar grande parte do que tinham”, finaliza.

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