O mercado, a horta e os chefs: as pontes da gastronomia em Curitiba
O Mercado Municipal acaba de completar 60 anos no endereço que os curitibanos conhecem muito bem e que a maioria dos turistas procura quando vem a Curitiba.
O tradicionalíssimo mercado pode ser considerado um dos espaços mais democráticos da gastronomia da cidade. Esbarram-se pelos seus corredores renomados chefs dos principais restaurantes da capital e esforçados cozinheiros de fim de semana, passando por donas e donos de casa, curiosos empenhados e desligados apreciadores de boa comida e de boa bebida – que ali encontram-se às toneladas, numa variedade colossal (são 72 mil itens, da mais simples hortaliça à mais exótica especiaria).
Com todos os méritos de uma rica história, o Mercado Municipal é um ícone para uma gastronomia que em Curitiba vai além dos fogões, panelas, cozinhas, mesas, pratos e restaurantes que fazem a alegria dos comensais.
Uma parte menos visível envolvida na produção das artes culinárias, no entanto, vem ganhando força na capital e promovendo a inclusão de pequenos (muito pequenos) produtores na grande roda econômica da gastronomia. Eles estão sendo inseridos num mercado que até agora estava muito distante do seu dia a dia.
Para não se dizer que isso cheira a ufanismo leite-quente, a iniciativa foi apresentada no ano passado num dos principais eventos de gastronomia do país – o Prazeres da Mesa, em São Paulo. Foi aplaudidíssima, deixando todo gabola o prefeito Rafael Greca, mentor da ideia.
Trata-se do Horta do Chef, programa lançado em março do ano passado e por meio do qual produtores de hortas comunitárias apoiadas pela Prefeitura estão sendo estimulados a venderem seus produtos para os restaurantes “in” da cidade.
As chefs Manu Buffara (do Manu), Vânia Krekninski (Limoeiro), Lênin Palhano (Nômade) e Gabriela Carvalho (Quintana) participam do programa, comprando alimentos e também fazendo mentoria aos produtores, que recebem orientações sobre o padrão de qualidade necessário para os restaurantes da capital.
A iniciativa já conta com cerca de cem pequenos agricultores da Horta Rio Bonito, do Campo de Santana e cerca de 90 da Horta Santa Rita IV, no Tatuquara (ambos os bairros do extremo sul da cidade).
“O frescor e a qualidade [dos produtos] são impressionantes”, disse a chef Vânia Krekninski, do Limoeiro, uma adepta do slow food e da produção sustentável, recentemente convertida em compradora das hortas comunitárias. “É muito bonito ver o trabalho dessas pessoas que se uniram para plantar em áreas não ativas, embaixo de linhões de energia, e que levam para casa, para suas famílias, alimentos mais saudáveis.”
Se com o Horta, os chefs estão indo onde o produtor desconhecido está, com o consolidadíssimo Mercado Municipal eles chegam também onde o povo está, e em grande número.
As festividades do aniversário de 60 anos, completados no dia 2 de agosto, incluíram uma série de aulas-shows. Oportunidade especial para o grande público conferir as dicas certeiras de cozinha de chefs como Celso Freire, Délio Canabrava , Beto Madalosso, Reinhard Pfeiffer, Fredy Ferreira, Joy Perini, Paola Guimarães Perotto e Caju.
É a gastronomia construindo muitas pontes em Curitiba e ligando cada vez mais gente de toda a cidade.
Em tempo, o aniversário é de 60 anos no local onde o Mercado está hoje, mas a história vem desde muito antes. A primeira sede ficava na atual Praça Zacarias e foi aberta em 1860 – há 158 anos!
Serviço
Mercado Municipal_R. Sete de Setembro x Pres. Afonso Camargo x R. da Paz x R. General Carneiro
Tel.: (41) 3264-6026 e 3264-1692.
Horário de funcionamento:
– Terça-feira a sábado: das 7 às 18 horas, todos os setores;
– Segunda-feira: 7 às 14 horas, sendo facultativo, ou seja, nem todas as lojas abrem neste dia;
– Domingo: das 7 às 13 horas, todos os setores, sendo que a Praça de Alimentação, somente neste dia, atende até as 15 horas.