ESTILO GASTRONOMIA

Coluna Marcos Soares, agosto de 2018

"Levando em consideração a máxima de que uma imagem vale mais que mil palavras, descrevo a tendência da gastronomia para eventos como visual", escreve Marcos Soares

Gastronomia visual

As tendências aparecem primeiro na palma da mão. Dez por cento de todos os usuários do Instagram no mundo são brasileiros e somos o segundo país com mais anunciantes nessa rede – proporcionalmente, a maior presença em ambos os casos. Ali, vemos casamentos enquanto eles são montados, vemos as noivas entrarem na igreja enquanto assistimos à novela e saboreamos o visual da comida com a cabeça no travesseiro, sem esforço e sem fofocas, só imagens. Ontem, tínhamos que esperar que alguém nos contasse como foi o evento, o que foi servido e quais eram os vestidos. Hoje, a imagem instantânea prevalece e essa é a grande tendência.

Levando em consideração a máxima de que uma imagem vale mais que mil palavras, descrevo a tendência da gastronomia para eventos como visual. Hoje, as mesas de buffet estão concorrendo com as mesas de doces e, para tal, a integração entre o catering e o produtor (party designer) é fundamental. Claro que a qualidade dos ingredientes, as receitas e o serviço sempre serão o tripé para a escolha do fornecedor, mas, se este não pensar em como impactar visualmente, ficará atrás na escolha final.

O que está em voga: mesas frias, estações e pratos à inglesa. Para começar a noite e receber os convidados, antes de a noiva chegar ao salão, eis as mesas frias. Felizmente, não temos mais queijos em cubinhos e salames fatiados. O que vale, agora, são as terrinas, embutidos caseiros feitos pelo próprio buffet, saladas elaboradas e pães artesanais – enfim, comida de quem sabe o que faz. As mesas frias podem ser divididas em estações. Atualmente, montar uma mesa com frutos do mar e outra com charcuterie para antes do jantar faz sucesso. Por vezes, as estações são dedicadas a um só produto: ostras, gravlax, presunto cru no “cotelet”, terrinas e assim por diante.

Comidas quentes, sobremesas e lanches da madrugada também vão na onda das estações. Dividi-los entre peixe e carne e seus acompanhamentos melhora o entendimento do que acompanha o quê e ajuda o fluxo da festa, diminuindo as filas. As estações trouxeram liberdade criativa e maior desempenho no serviço, mas é fundamental que haja alguém treinado servindo os convivas, explicando o que é cada item e montando os pratos com cuidado. Só assim é possível manter a comida quente e organizada. Chega daquelas mesas bagunçadas em que qualquer um se serve, deixando o buffet com cara de pós-guerra.

Misturar estações ou mesas frias imponentes para a chegada com pratos à inglesa é a grande inclinação e acredito que seja para sempre. Temos, no primeiro momento, o impacto de mesas fartas e decoradas, que ficam à disposição a noite inteira. Também temos os pratos bem montados e harmoniosos, servidos individualmente, gerando um espetáculo à parte. Claro que não são todas as empresas do setor que o fazem. Finger food, potinhos e os coquetéis estão em baixa para casamentos, mas estão em alta para festas em casa, comerciais e corporativas.

É difícil servir muita gente ao mesmo tempo com comida boa e quente. Com todas essas mudanças nos ingredientes e no serviço, nos é permitido criar algumas pirotecnias; um pouco de espetáculo traz uma alegria à parte ao jantar.

O Brasil está anos-luz à frente de qualquer outro país no quesito casamento. Acabamos de ver o príncipe inglês casar e a recepção, tanto na decoração quanto na comida, ficou bem aquém do que fazemos aqui. Somos imitados. Se quiser tirar a prova, verifique as datas dos posts das nossas empresas e das empresas em outros países. Isso só corrobora que a grande tendência vem da palma da mão e, por vezes, o que fazemos aqui, em Curitiba, é imitado em São Paulo e até em Tóquio.

*Matéria publicada originalmente na edição 214 da revista TOPVIEW. 

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