ESTILO CULTURA

Festival Coolritiba: os prós e contras da primeira edição

Ao trazer grandes nomes da música nacional e local - incluindo Novos Baianos - o festival nos presenteou com performances emocionantes

O Festival Coolritiba mal acabou e já deixa saudades. Foi um dia de muitas emoções, como diria Roberto Carlos. Na primeira edição do evento curitibano de música, cultura e arte, realizada no sábado, 13 de maio, a Pedreira Paulo Leminski recebeu alguns dos grandes nomes da música nacional como Céu, Criolo e Novos Baianos, e também da cena local, como A Banda Mais Bonita da Cidade, Karol Conka e Trombone de Frutas.

Tal qual a proposta de ser um evento com respeito às diferenças e “utilizando a música e a arte como linguagem universal, que une pessoas em todo o mundo”, o Coolritiba realmente se mostrou um evento pacífico, com gente “do bem”, cheio de boas intenções e emoções intensas. Do palco à plateia.

A começar pelo lugar, praticamente um santuário curitibano. Ali, entre o paredão de pedra e o lago, passaram Clarice Falcão, Céu, A Banda Mais Bonita da Cidade e Paulo Miklos, Anavitória, Karol Conka, Projota, Criolo e Novos Baianos. Sem contar as bandas do palco Arnica, em grande parte paranaenses, como Naked Girls & Aeroplanes, Trem Fantasma e Trombone de Frutas, além das paulistas Nômade Orquestra e Francisco, El Hombre.

A rapper curitibana foi ovacionada pelo público com suas letras feministas. (Foto: Divulgação Seven Entretenimento)

Havia som para todos os gostos. E em cada apresentação, um detalhe chamava a atenção: a intensidade com que cada artista se apresentava e interagia com a plateia e como pareciam à vontade com o público curitibano. No “festival de atitudes que mudam o mundo”, teve uma apresentação impecável (e empoderada!) da rapper curitibana Karol Conka – com direito a palhinha de Lalá, novo single da cantora que fala sobre sexualidade feminina e deve ser lançado nos próximos dias.

Era visível a emoção de Criolo. A apresentação do cantor era uma das mais aguardadas da noite. (Foto: Divulgação Seven Entretenimento)

Quem esteve lá também viu gigantes como Projota e Criolo se emocionarem; uma plateia de centenas de pessoas ir a delírio com o duo tocantinense Anavitória; e coros uníssonos emocionados acompanhando cada canção embalada pelos Novos Baianos, juntos após quase 20 anos de pausa – a grande atração do Festival Coolritiba, empolgante mesmo debaixo de chuva.

Emoção também – e principalmente – quando a grande atração da noite, Novos Baianos, subiu ao palco. (Foto: Divulgação Seven Entretenimento)

A seguir, você confere nossos destaques positivos e negativos sobre esta primeira edição.

O que deu errado no Festival Coolritiba

Atitudes positivas, mas nem tanto: um festival que promove o consumo consciente e práticas sustentáveis pecou ao proibir o público de levar alimentos. Principalmente se considerar que o primeiro show começava às 14h30 e já passava da meia noite quando o grupo Novos Baianos encerrou o evento. Nos moldes do que acontece no Rock in Rio, por exemplo, a organização poderia ter permitido frutas, sanduíches e outros snacks. Alérgicos ou intolerantes se sentiram excluídos dentro das opções oferecidas pelo festival, que incluíam fast foods como cachorro-quente, pizza, nachos e batata-frita, apenas.

(Foto: Divulgação Seven Entretenimento)

Água de graça, mas cerveja comercial: um dos grandes trunfos do Festival Coolritiba foi oferecer água potável de graça ao público. Já quem desejava algo a mais podia escolher entre refrigerante, vodka, energético, espumante ou cerveja – esta última de uma marca comercial bem popular. Curitiba tem um cenário tão amplo de cervejas artesanais – e tantas cervejarias locais de renome – que esperava mais nesse quesito. Teria valorizado o caráter regional do evento.

Entre um artista e outro, quase nada: outro detalhe que incomodou foi a falta de programação entre uma atração e outra. O Espaço Lab Moda e as mostras do Atelier Soma (restritas ao camarote, veja mais no tópico seguinte) foram ideias bacanas, mas insuficientes. Quem chegou cedo para assistir a cantora Céu (às 15h40), por exemplo, e só voltaria ao palco principal às 19h, para ver Karol Conka, se sentiu ocioso. Seria interessante se o festival tivesse oferecido outras atividades como oficinas e interações entre o público com os temas do festival.

O que deu muito certo no Festival Coolritiba

Espaço LaBmoda e exposições do Soma: como citado anteriormente, quem estava no camarote do Coolritiba teve acesso a obras de artistas do Atelier Soma como André Mendes, Antônio Wolff, Cleverson Oliveira, Daniel Katz, Eduardo Amato, Raul Frare e Willian Santos. Iniciativa excelente, pois reconhece a cena artística curitibana enquanto a expõe. Da mesma forma, o coletivo LaBmoda – que propaga a moda autoral local – teve um espaço reservado dentro da Pedreira, onde era possível não só conhecer o trabalho de muitos estilistas curitibanos como comprar as peças que estavam em exposição. Ponto para a organização.

As meninas do Anavitória mostraram o motivo pelo qual fazem tanto sucesso: uma performance de muita qualidade. (Foto: Divulgação Seven Entretenimento)

Anavitória: se você gosta ou não, é outra questão. Fato é que Ana Clara Caetano e Vitória Falcão, as amigas que dão nome e vida ao duo de Araguaína, no Tocantins, são um sucesso. Prova disso era a multidão reunida em frente ao palco principal só para vê-las. Quando os telões anunciaram o nome da dupla, uma histeria tomou conta do público e comprovou a popularidade da dupla, que tem como padrinho o cantor Tiago Iorc. Ana Clara e Vitória têm muita qualidade vocal – e um grande público também. A participação delas no festival foi outro grande presente aos curitibanos.

Francisco El Hombre: se fechar os olhos consigo me transportar para esse momento tão maravilhoso que foi ver o grupo paulista no palco Arnica (que, diga-se de passagem, também brilhou ao trazer a ótima Nômade Orquestra, grupo que mistura com sabedoria jazz, funk, rock, reggae e blues). O quinteto de Campinas, famoso pelo hit feminista Triste, Louca ou Má, foi a melhor aposta do festival. As letras politizadas e de cunho social – “Se essa vida se resume a dinheiro, corre corre o dia inteiro para a vida se pagar” é um dos versos de Tá Com Dólar, Tá Com Deus – ganham ritmos latinos com muita percussão, um gênero que eles definem como “pachanga folk”. Para cantar Triste, Louca ou Má, o grupo brilhou ao trazer ao palco as meninas do Mulamba (um sexteto curitibano com vocais femininos de peso), pontuando ainda mais no quesito qualidade e emoção. Já quero outra apresentação como essa.

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