ESTILO

“Vai ser quente, não importa quantos graus façam em Curitiba”, garantem os músicos da Francisco, El Hombre

O quinteto mexicano-brasileiro formado em Campinas, famoso pelo hit Triste, Louca ou Má, participa da 2ª edição do Festival Coolritiba. Conversamos com eles!

Um ano atrás pouco se ouvia falar, entre a grande massa, de Francisco, El Hombre. O quinteto mexicano-brasileiro formado em Campinas (São Paulo) por Sebastián e Mateo Piracés-Ugarte, Juliana Strassacapa, Andrei Martinez Kozyreff e Rafael Gomes se apresentou, em 2017, na primeira edição do Festival Coolritiba e foi uma das mais gratas “surpresas” daquele dia. Na ocasião, eles ocuparam o palco alternativo do Festival ao lado de nomes da música local curitibana como Naked Girls & Aeroplanes, Trem Fantasma e Trombone de Frutas.

Este ano, porém, na 2ª edição do Festival Coolritiba, o palco Arnica não será suficiente para eles. O grupo é o primeiro a se apresentar no palco Cool, o principal, às 14h, abrindo os trabalhos para nomes como Emicida, Pitty, Iza, Baiana System e Nação Zumbi – que também participam do Coolritiba. De lá pra cá, efetivamente, muita coisa mudou para os músicos. Com a popularização do hit Triste, Louca ou Má e um refrão que prega “que um homem não te define/sua casa não te define/sua carne não te define/você é seu próprio lar” – a música, inclusive, foi indicada ao Grammy Latino 2017 na categoria Melhor Canção em Língua Portuguesa e está na trilha sonora da novela O outro lado do paraíso, da Rede Globo – eles ganharam uma repercussão imensa!

Triste, Louca ou Má foi a porta de entrada de muitos para outras composições de impacto do grupo, como “se a um fascista é concedido cargo alto e voz viril/vai lucrar do desespero, tal loucura já se viu” (Bolso Nada), “se essa vida se resume a dinheiro/corre corre o dia inteiro para a vida se pagar” (Tá Com Dólar, Tá Com Deus), e “vai Maria encontrar com seu José/que a recebe com tato de polícia/santo oco tua hora é de quebrar” (Calor Da Rua). As letras politizadas combinadas a uma performance enérgica no palco prometem uma apresentação incrível no sábado, dia 5. Por e-mail, conversamos com o baixista, Rafael Gomes, sobre o papel da música na sociedade, o público curitibano e o próximo álbum, com lançamento previsto para este ano.

Mateo, Rafael, Andrei, Juliana e Sebastián (sentado). (Foto: Rodrigo Gianesi)

Ano passado vocês se apresentaram na primeira edição do Festival no palco alternativo. Este ano, voltam, mas no palco principal. Mudou um tanto de coisa de lá pra cá, hein?

Só o que não muda é nossa vontade de chegar logo aí e fazer brotar o fogo interno de cada um para unir com o nosso! Vai ser quente, não importa quantos graus façam em Curitiba.

As letras de vocês trazem sempre temáticas políticas e sociais bastante pertinentes – o próprio “hit” Triste, Louca ou Má se tornou quase que um hino feminista. Pra vocês, a música é uma ferramenta de transformação? Quais os desafios na hora de levantar temas como esses?

Tem que ter muita responsabilidade pra se tratar de qualquer tema na música. Quando a gente sobe no palco e amplifica uma palavra pra um público, seja lá qual for seu tamanho, a música faz com que aquelas palavras ganhem muito mais força. Quando a gente começou a tocar [em 2013], nunca esperava receber de volta os comentários e relatos que recebemos, era mais um desabafo do que uma atitude prepotente de que aquilo poderia ser marcante a ponto de mudar decisões na vida de pessoas que nem conhecíamos. Hoje, tendo uma outra noção da força e do papel da música, a gente segue entendendo a necessidade de tratar daquilo que nos incomoda, principalmente quanto sentimos que esse sentimento não é só nosso.

“É muito gostoso sentir a importância de seguir amplificando a urgência de se viver de uma outra maneira”.

E como sentem a aceitação do público curitibano diante das músicas de vocês? Aqui o pessoal é tido como conservador….

Tem sido incrível tocar em Curitiba nos últimos tempos. Independente de termos certeza de que existe gente que se incomodaria com o que cantamos aí ou em qualquer outro lugar. É muito gostoso sentir a importância de seguir amplificando a urgência de se viver de uma outra maneira. Sentir que o espaço que criamos nos shows segue sendo necessário e energizador pras pessoas que não se contentam com a sociedade da maneira como está estruturada hoje.

Vocês conseguem conhecer/passear por Curitiba? O que é cool na cidade?

Bom mesmo é estar com as pessoas que fomos conhecendo por aí, onde quer que seja, mas uma cervejinha ali pela São Francisco cai sempre bem, né?

Vocês já adiantaram que vem álbum novo por aí – ainda em 2018. Ele deve seguir a linha de Solta as Bruxas (politizado nas letras e ritmado/dançante)? Dá pra adiantar algum detalhe pra nós?

Com certeza vai ser mega dançante, mega transante e cada vez mais intenso. A gente sente que esse disco novo já tá pulsando dentro da gente e não vai deixar de se conectar com como a gente sente o universo ao nosso redor.

Estive na apresentação de vocês ano passado no Coolritiba e também no Festival Estopim e a presença de palco de vocês é impressionante. O que podemos esperar da apresentação do dia 5 de maio? Vai ter palhinha de música nova?

Quem não sair suado e sem voz, não esteve no mesmo show que a gente. É o mínimo que eu espero das pessoas que estiverem ali! Se vai ter ou não algo novo… tem que deixar os ouvidos atentos pros detalhes das músicas, pode ser que você cante um refrão novo sem nem perceber.

Serviço – Festival Coolritiba 2018

Pedreira Paulo Leminski

Ingressos: a partir de R$ 120. Mais informações pelo site, Facebook e Instagram do Festival.

 

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