Deleite para os olhos: os encantos de Puerto Iguazú – cidade argentina que faz divisa com Foz
A rivalidade entre Brasil e Argentina, principalmente no futebol, é famosa no mundo todo. E quando se trata das Cataratas do Iguaçu – considerada uma das sete maravilhas do mundo e que fica bem na fronteira entre os dois países – a disputa por quem tem o melhor ângulo de visão da atração natural também é motivo de uma saudável competição. Mas, nesse caso, quem ganha de goleada é o turista. Se do lado brasileiro é possível se deslumbrar com a vista total das mais de 270 quedas, do lado dos hermanos é possível caminhar sobre muitas das cachoeiras gigantes e, de certa forma, interagir muito mais com esse espetáculo da natureza.
O município que recebe os turistas que vão conhecer o lado argentino das cataratas é Puerto Iguazú. A simpática cidade, que tem uma população flutuante entre 60 e 80 mil pessoas por causa do volume de visitantes, tem verde por todos os lados, pois está no meio da selva – forma como os habitantes da província de Misiones chamam a Mata Atlântica. Mas engana-se quem pensa que o verde, nesse caso, é sinônimo de turismo rústico.
Entre as atrações da cidade, há cassinos, locais para compras, restaurantes sofisticados e até um bar feito de gelo (em pleno clima subtropical!). Para se hospedar, há seis opções de hotel cinco estrelas e cinco de hotel quatro estrelas. E para que você possa se encantar pelo que o lado de lá da fronteira tem a oferecer, a TOP VIEW selecionou o que há de melhor para se fazer na cidade-irmã de Foz do Iguaçu.
Contato com a natureza
Para visitar o Parque Nacional Iguazú, o ideal é chegar bem cedo, perto das 8 horas da manhã. Nesse horário, o local ainda está vazio e o sol não está tão forte. O parque, aberto em 1934, recebe cerca de 1,5 milhão de turistas por ano e tem uma área de 67 mil hectares. Pegue o trem que vai direto até a Estação Garganta do Diabo e siga caminhando até a mais impressionante e poderosa parte das Cataratas do Iguaçu, um precipício de 70 metros de altura em formato de ferradura. O caminho é bem sinalizado e, no meio dele, já será possível ver animais típicos do local, como os quatis e os macacos capuccinos.
Na volta, desça na Estação Cataratas e siga as trilhas do Circuito Superior. Não deixe de conhecer o Salto San Martín – que não pode ser visto do lado brasileiro por ficar escondido por uma ilha que há logo em frente a ele. E os fãs de emoções mais fortes ainda podem encarar o Iguazú Jungle – passeio de barco que dura pouco mais de uma hora e que leva o turista o mais próximo possível de algumas das cachoeiras, o que rende um bom banho e ótimas fotos.
Toque indígena
Os guaranis foram os primeiros moradores da região. Hoje, existem cerca de três mil descendentes que vivem na província, mas a herança cultural deixada pelos indígenas é muito maior, como uma aura onipresente em toda a cidade. Um exemplo disso é La Aripuca. Misto de parque, restaurantes e lojas, o nome significa armadilha em guarani.
A grande atração do lugar é uma réplica, feita de 500 toneladas de madeira, que imita a artimanha usada antigamente pelos índios para caçar. Na cidade, os fãs de aventura ainda contam com opções de passeios que incluem tirolesa, rapel e paintball em plena Mata Atlântica, em um pacote chamado Iguazú Forest.
E depois de muito caminhar, a dica é relaxar no spa ou em uma das piscinas panorâmicas do hotel – a do Amerian, por exemplo, tem uma vista privilegiada da tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. Aliás, é na divisa entre os dois primeiros países que fica outra atração local: o Duty Free Shop Puerto Iguazú. Em uma área de 5 mil m², que reúne as principais marcas de perfumes e bebidas do mundo, o turista pode dar um tempo no lado aventura da viagem e ir às compras.
Encontro de Titãs
Além das cataratas, outro famoso passeio de Puerto Iguazú tem a água como atração principal. Mas, nesse caso, elas são mais calmas – mas nem por isso menos impressionantes. Saindo do porto da cidade, há passeios de catamarã pelos rios Paraná e Iguaçu, passando inclusive pelo encontro deles.
O primeiro é o segundo maior rio da América do Sul (fica atrás apenas do Amazonas) e o segundo, desemboca na maior catarata do mundo, com vazão média anual de 1.413,50 m3/s, podendo chegar a mais de 2.500 m3/s em períodos de chuvas. Da embarcação, não é difícil ver pessoas pescando e guaranis indo de um país a outro de barco. Programe-se para ir no fim da tarde e deslumbre-se com o pôr do sol.
Caso ainda tenha pique, não deixe de passear pela cidade. O comércio local tem o costume de fechar no começo da tarde, entre meio-dia e 16 horas, para a famosa siesta. A noite da cidade, principalmente no verão, costuma ser movimentada. É que, por causa do calor, os moradores saem mais de casa nesse horário. E como as taxas de criminalidade na cidade são baixíssimas, dá para passear numa boa. Em um cenário como esse, sossegado e com tantas coisas a fazer, não há como não agradecer aos argentinos por serem nossos vizinhos.
Sabores inusitados
Da famosa carne argentina aos peixes de rio, como o surubi (bagre) e o dourado, a gastronomia é mais uma das atrações de Puerto Iguazú, que conta com mais de 40 restaurantes. Entre eles, destaque para o La Rueda – que funciona também como um wine bar – e o AQVA. Entre os sabores exóticos e típicos, há o sorvete de erva-mate, a sopa paraguaia – mistura de farinha de milho com queijo e cebola – e até a geleia de madeira. Feita a partir de uma árvore comestível local, a Yacaratiá, a iguaria é rica em fibras, tem um sabor que lembra o papaia e vai bem com um pedaço de queijo branco.
E para os fãs do mate, há água quente disponível em todos os pontos turísticos. No centro da cidade, há uma feira na qual queijos, azeitonas, doces de leite e salames são facilmente encontrados. Há boas lojas de vinho também – aliás, há excelentes Malbecs por um preço acessível, que podem ser trazidos na mão ou na mala. Só vale a pena consultar com o vendedor o limite de garrafas que podem ser transportadas, pois a legislação sofre mudanças frequentes.
DICAS ÚTEIS
Como ir: desça no aeroporto de Foz do Iguaçu e atravesse a fronteira de táxi ou van. O trajeto dura cerca de meia hora (o tempo depende da passagem pela alfândega argentina). Não há voos diretos de Curitiba a Puerto Iguazú.
Quando ir: no verão, a temperatura chega à casa dos 30 graus. Por isso, caso prefira temperaturas mais amenas para caminhar, o ideal é ir na primavera ou no outono.
Que moeda levar: apesar de a moeda oficial ser o peso argentino, os estabelecimentos aceitam dólar e real.
SITES ÚTEIS
Casino: www.iguazugrandhotel.com/pr
Duty Free: www.dutyfreeshoppuertoiguazu.com
Bar de gelo: reservas@icebariguazu.com
Iguazú Jungle: www.iguazujungle.com/eng
Iguazú Forest: www.iguazuforest.com
La Aripuca: www.aripuca.com.br
* A jornalista viajou a convite da Iguazú Turismo Ente Municipal (Iturem).