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Dalton Trevisan: conheça as principais obras do autor

O escritor curitibano, que vivia recluso há alguns anos, deixou um legado enorme para a literatura brasileira

Dalton Trevisan, conhecido como “O Vampiro de Curitiba”, é um dos mais renomados escritores brasileiros. Sua produção literária é marcada por contos curtos, profundos e, muitas vezes, densos, retratando a solidão, os conflitos e a melancolia de personagens urbanos. A seguir, apresentamos cinco das suas principais obras, bem como dois livros que o próprio autor rejeitou ao longo de sua trajetória.

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Novelas Nada Exemplares (1959)

A coletânea consolidou Dalton Trevisan no cenário literário brasileiro. A obra reúne contos que exploram a vida de pessoas comuns, desnudando suas fragilidades, hipocrisias e contradições. Com uma escrita ácida e concisa, Trevisan mergulha no cotidiano e nas relações humanas, expondo verdades incômodas de maneira provocativa. É aqui que ele começa a mostrar seu estilo único, marcado pelo uso econômico das palavras.

Novelas Nada Exemplares. (Foto: reprodução)

Cemitério de Elefantes (1964)

Nesta coletânea, Trevisan se aprofunda ainda mais na melancolia e no desamparo urbano. As histórias, permeadas por personagens solitários, traçam um retrato sombrio da sociedade, em que os laços humanos se revelam frágeis e, muitas vezes, disfuncionais. Com um tom quase cinematográfico, os contos abordam temas como a solidão, a violência e a desesperança.

Cemitério de Elefantes. (Foto: reprodução)

O Vampiro de Curitiba (1965)

Talvez sua obra mais famosa, O Vampiro de Curitiba é uma coleção de contos que imortalizou Dalton Trevisan como um mestre da literatura brasileira. Os textos apresentam personagens marcados pela busca por amor, prazer e redenção em um cenário urbano cheio de ambiguidades. Curitiba, descrita quase como um personagem, serve de pano de fundo para histórias que exploram o lado sombrio e vulnerável do ser humano. A obra foi polêmica na época de sua publicação por tratar abertamente de temas como erotismo e marginalidade.

O Vampiro de Curitiba. (Foto: reprodução)

A Polaquinha (1985)

Este livro é considerado um dos mais ousados de Trevisan, tanto pela temática quanto pela forma. A Polaquinha narra a história de uma jovem provinciana em busca de ascensão social, utilizando sua beleza e sexualidade para atingir seus objetivos. A obra é escrita de forma fragmentada, com diálogos rápidos e incisivos, refletindo o conflito interno da personagem.

A Polaquinha. (Foto: reprodução)

111 Ais (2000)

Uma das obras mais experimentais do autor, 111 Ais é composta por microcontos, alguns com apenas uma frase. Com extrema concisão, Trevisan provoca o leitor ao condensar universos inteiros em textos mínimos. Os temas variam de amor e morte a traumas e memórias, sempre com o tom melancólico e irônico característico de sua escrita.

111 Ais. (Foto: reprodução)

As obras renegadas

Dalton Trevisan é conhecido por sua reclusão e pela recusa a revisitar certas produções iniciais. Entre elas estão:

Sonatas ao Luar (1945)

O livro foi o primeiro publicado pelo autor e reúne textos influenciados pelo romantismo e pela literatura tradicional. Embora tenha sido publicado, Trevisan nunca o reconheceu como parte de sua produção literária oficial. Ele considerava a obra imatura e desconectada de seu estilo desenvolvido posteriormente.

Sonatas ao Luar. (Foto: divulgação)

Sete Anos de Pastor (1948)

Outra obra que o autor rejeitou, Sete anos de pastor é um romance que demonstra traços de um autor em formação, ainda distante da concisão e da profundidade que marcariam sua carreira. O livro, inspirado em temas bucólicos, foi abandonado por não refletir o que Trevisan viria a considerar sua verdadeira voz literária.

7 Anos de Pastor. (Foto: divulgação)

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