The Power of The Dog é um dos melhores filmes de 2021
Já começaram as especulações sobre quais serão os filmes que disputarão o Oscar 2022. Entre os possíveis indicados em múltiplas categorias, está The Power of the Dog (Ataque dos Cães, ainda em tradução livre), que já deu à cineasta neozelandesa Jane Campion o prêmio de Melhor Direção no Festival de Veneza deste ano. A produção estreia nos cinemas e na Netflix no dia 1º de dezembro.
Baseado no romance homônimo do escritor norte-americano Thomas Savage, o novo longa-metragem de Campion se passa nos anos 1920, no estado de Montana, oeste dos Estados Unidos. Tem como personagem central o carismático e temido fazendeiro Phil Burbank (Benedict Cumberbatch, de O Jogo da Imitação).
Dono de uma personalidade forte, autoritária, Phil, apesar de vir de uma família abastada, gosta de se comportar como um cowboy, postura que o torna bastante popular entre os peões do rancho, que ele administra com o irmão, George (Jesse Piemons, de O Irlandês), um sujeito mais doce e gentil.
Tudo muda na vida dos Burbank quando George se casa com Rose Gordon (a excelente Kirsten Dunst, de Melancolia), uma jovem viúva que tem um filho, Pete (Kodi Smit-McPhee, de A Estrada), um adolescente sensível que sonha em ser médico, como o pai. Phil vê na nova esposa do irmão uma oportunista, e uma ameaça.
Assim que chega à fazenda do marido, o cunhado faz de tudo para desestabilizá-la de todas as formas possíveis, hostilizando-a e maltratando-a. Acuada, ela começa a beber para fugir dessas agressões. Quando Pete, agora estudante de Medicina, chega à propriedade para visitá-la, Phil também direciona a ele sua agressividade, tornando-o alvo de homofobia, mas o garoto, ao perceber a situação da mãe, resolve adotar uma estratégia para conquistar o irmão de seu padrasto.
Com uma belíssima fotografia de Ari Wegner (de Lady MacBeth), e impecáveis direção de arte e figurinos, The Power of the Dog é, ao mesmo tempo, drama, western e thriller. A trama, surpreendente, envolve o espectador do início ao fim, graças ao excelente roteiro, também assinado por Jane Campion, que, em 1993, foi a primeira mulher a vencer a Palma de Ouro no Festival de Cannes pelo hoje já clássico O Piano, filme que lhe deu o Oscar de Melhor Roteiro Original.
Caso Campion seja indicada ao Oscar de Melhor Direção, a cineasta será a primeira mulher a disputar a estatueta duas vezes – a primeira foi também por O Piano.
*Matéria originalmente publicada na edição #254 da revista TOPVIEW.