CULTURA CINEMA

5 aspectos psicológicos abordados no filme “Ainda Estou Aqui”

O longa traz questões importantes em torno de luto, memória e resiliência

Um dos filmes brasileiros mais comentados nos últimos meses, Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles e protagonizado pela recém premiada Fernanda Torres e o ator Selton Mello, traz reflexões importantes sobre aspectos psicológicos que estão presentes na vida de todas as pessoas.

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O longa, que conta a história da família Paiva durante o período mais intenso da ditadura no Brasil, em 1970, mostra como o sumiço de Rubens, levado por militares e que desapareceu, desencadeia uma série de emoções, sentimentos e ações. Blenda Oliveira, doutora em psicologia pela PUC-SP, compartilhou alguns pontos que provocam reflexões importantes sobre aspectos da vida psíquica diante de uma época desafiadora.

1 – Luto e a dificuldade de aceitação da perda

O filme retrata o impacto psicológico da perda de um familiar e o desenrolar da história mostra como isso molda as ações e pensamentos dos personagens.

Apresentado com muita sensibilidade, o luto destaca a dificuldade de aceitar uma ausência ao mesmo tempo que expõe o desejo de manter viva a memória de alguém. A forma de abordagem expressa as diferentes formas de lidar com o sentimento e como o processo muda ao longo da vida e de pessoa para pessoa. 

2 – Memória e identidade

A narrativa reflete sobre como as memórias definem quem somos e como lidamos com o passado. Segundo a psicóloga, a tentativa de preservar a essência do que foi perdido, seja através de objetos, cartas ou lembranças, é um tema central que conecta os personagens.

3 – Resiliência e superação

O filme também aborda como as pessoas enfrentam traumas emocionais e tentam reconstruir suas vidas.

“A busca por significado no meio do sofrimento é um aspecto recorrente que contribui para o desenvolvimento psicológico dos personagens. E, de certa forma, a forma como Eunice busca lidar com o luto é muito emocionante, pode inspirar outras pessoas mesmo em contextos diferentes”, comenta Blenda.

4 – Conexões humanas e empatia

A história evidencia como os laços emocionais podem ser fundamentais no processo de cura, mostrando a importância de compartilhar sentimentos e contar com o apoio de outras pessoas para enfrentar momentos desafiadores.

5 – dualidade entre isolamento e interação

Blenda traz outro ponto importante observado no filme: “os personagens frequentemente oscilam entre o desejo de se isolar e a necessidade de conexão. Essa tensão reflete os conflitos internos que acompanham situações de dor emocional. Aqui, cabe lembrar que não há receita e a contradição de sentimentos é comum, principalmente num momento de dor. Por isso, o dia após dia, buscando acolher o que sente é uma forma de autocuidado e também de vivenciar as emoções e sentimentos sem tentar evitar a qualquer custo, o que normalmente intensifica o processo”.

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