Caminhos do saber

A união entre educação e entretenimento oferece formas de aprendizagem que vão além do convencional

31/05/2024

Tradicionalmente, a educação é vista como algo que ocorre quase que unicamente dentro de uma sala de aula, utilizando livros didáticos e métodos de ensino já estruturados. Apesar de o ensino convencional ser um pilar fundamental do aprendizado, na sociedade atual, a educação se expande para os mais variados contextos e oportunidades educacionais.

Ao considerarmos a linha do tempo de nossas vidas, passamos mais tempo fora da sala de aula do que dentro dela. Neste contexto, novas ferramentas de aprendizado, como o entretenimento, surgem não apenas como uma forma de escapismo como, também, uma fonte mais acessível, envolvente e estimulante de adquirir conhecimento.

O termo usado para essa ferramenta é o “Edutainment”, junção das palavras “education” “educação” e “entertainment” “entretenimento”. Essa abordagem é projetada tanto para educar como para divertir – e utiliza o entretenimento para potencializar o aprendizado.

A empreendedora e professora de pós-graduação de Life Long Learning na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Ariane Cereda, acredita que o entretenimento é uma forma de se educar. “A gente se acostumou a pensar que o único jeito de aprender é dentro de uma sala de aula, por meio de um professor, mas isso não significa que, quando estamos fora dela, não estejamos aprendendo, é só de uma maneira diferente”, comenta Ariane.

É importante se desprender do usual

Abrir os olhos para novos formatos de aprendizagem que estão fora da zona de interesse habitual é uma oportunidade de conhecer mais de si e do mundo. Um estudo sobre criatividade e habilidades comportamentais trouxe a prática de experimentar a educação por outros formatos para a vida de Ariane. “Sou professora de diversos temas e utilizo muito a criatividade – e, nela, a gente tem uma grande necessidade de repertório. Com novas experiências, é possível criar um repertório e, assim, descobrir novos temas e criar coisas diferentes.”

Essa intersecção entre entretenimento e educação revela um potencial promissor para enriquecer ainda mais a nossa jornada educacional e de vida. “Eu costumo encaixar formatos não convencionais quando estou estudando determinado tema, de forma intencional ou não intencional. Tenho buscado no entretenimento novas formas de crescer pessoal e profissionalmente”, finaliza a professora.

Instrumentos de transformação

Recursos como filmes, séries, livros e podcasts têm a capacidade de proporcionar insights, estimular reflexões e ampliar horizontes de maneiras que os métodos educacionais convencionais muitas vezes não conseguem alcançar. Segundo a especialista em psicologia educacional e educação especial do Centro de Inovação Pedagógica e Desenvolvimento (CIPP) Michelle Norberto Martins, a utilização do entretenimento atinge significativamente a motivação e os diferentes estilos de aprendizagem. “Existem muitos estudos que mostram como a música, os livros e os filmes alteram o funcionamento cerebral. Algumas áreas do cérebro, que não costumamos acionar, acabam funcionando”, discorre.

Com a tecnologia sendo a maior aliada da sociedade atual, ter esses recursos disponíveis e conseguir acessá-los é uma forma de estar sempre aprendendo. Para Michelle, o uso do entretenimento vem como um complemento à aprendizagem. “O entretenimento acaba sendo um recurso que traz outras formas de aprendizado, a partir de diferentes estímulos… é uma ampliação de estratégias para promover a aprendizagem”, conclui a especialista.

Grande parte do aprendizado que a maioria das pessoas têm durante toda a vida acontece de maneira informal. Essa combinação de educação e entretenimento representa uma evolução significativa no modo de busca e absorção do conhecimento. Junto com uma maior liberdade na escolha e no interesse de aprendizagem individual, a capacidade de aprender por meio de novas metodologias enriquece a experiência educativa e abre portas para um mundo em que a educação contínua e multifacetada necessita ser cada vez mais presente e valorizada

Podcast como forma de ensino

O professor de Física do Colégio Positivo de Londrina Moisés Sobral enxergou no podcast uma ferramenta de aprendizagem. Buscando algo mais interativo e que requeresse uma participação mais ativa dos alunos, o podcast consiste em entrevistas feitas pelos alunos com profissionais que discorrem sobre suas profissões e profissões do futuro. Depois da aplicação do podcast, Moisés conta que os alunos ficaram mais engajados na aula e estão entusiasmados para utilizar mais recursos como esse.