Se tudo é belo, nada é belo
Certa vez, fiz um curso sobre a “Beleza Segundo Roger Scruton”, o qual me trouxe a frase que abre este texto.
O curso era filosófico e voltado à arquitetura. Fiquei realmente pensativo quando ouvi a frase pela primeira vez, o que era de se esperar, pois a intenção era mesmo deixar os alunos pensativos (e talvez confusos?). Depois, vi que a frase tem total sentido, afinal, como iríamos qualificar a beleza se tudo fosse belo? Da mesma forma, poderíamos dizer que não é possível existir a felicidade sem que soubéssemos o que é tristeza.
Então, se temos como diferenciar o que é belo do que não é, isso se faz por meio da educação estética. Segundo o professor do curso, é ela quem refina o juízo do gosto, com o estudo da História, da técnica e do conhecimento, que vai distanciar cada vez mais a subjetividade na escolha do que é ou não belo. A educação estética reconhece a beleza por parâmetros existentes e considerados belos por muitos. Reconhece a simetria, a proporção, a aparência — e não somente a função. Função que talvez tenha entrado em jogo com o modernismo e suas afirmações às funções acima das belezas estéticas.
Pode ser que, em determinado momento da arquitetura mundial, o homem tenha se distanciado da beleza que ele próprio escolheu no passado para que pudesse gritar ainda mais alto sobre suas misérias e mazelas, que, bem esquecidas por este homem, eram afastadas com a contemplação da beleza.
Na arquitetura, para algo ser maior, deve-se ter funcionalidade, estrutura e beleza, o que torna a obra contemplativa e a faz atravessar por gerações. Já na natureza, a beleza é indiscutível, pois é universal, não está ligada a um estilo ou período. Ela simplesmente é e se manifesta para todas as pessoas ao mesmo tempo.
No que diz respeito ao homem, ela surge pela evolução, quando o homem deseja se tornar especial — e também quando ele busca sua seleção sexual com o intuito de reprodução por ser um animal.
Para ajudar — e continuar — essa conversa
BELEZA, DE ROGER SCRUTON
Livro
WHY BEAUTY MATTERS?, DA PRODUTORA BBC
Documentário
A HISTÓRIA DA ARTE, DE ERNST GOMBRICH
Livro
*Matéria originalmente publicada na edição #261 da revista TOPVIEW.