CULTURA ARTES

MASP apresenta programação de 2025 dedicada às Histórias da Ecologia

Exposições de Claude Monet, Frans Krajcberg, Pierre-Auguste Renoir, Hulda Guzmán e Clarissa Tossin, entre outras, integram o programa

MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta em 2025 uma programação dedicada às Histórias da ecologia. Exposições, cursos, palestras, oficinas, seminários e publicações abordarão a crise climática e a relação do ser humano com o meio ambiente, em conexão com a cultura visual e as práticas artísticas. As atividades ocorrerão nos dois edifícios que compõem o museu – a sede original nomeada Lina Bo Bardi e no novo prédio Pietro Maria Bardi, que será aberto para o público em março de 2025.

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Histórias da ecologia reunirá artistas, coletivos e ativistas de diversas partes do mundo que, por meio de suas criações, respondem às crises climáticas, políticas, territoriais e sociais. A proposta curatorial investigará as relações entre os seres vivos, suas criações e o meio em que vivem. O termo “ecologia” foi escolhido em detrimento do termo “natureza”, entendendo o humano como parte de um ecossistema complexo e não separado, ou hierarquicamente superior a ele.

O programa do ano dá sequência às exposições dedicadas às Histórias no MASP, realizadas desde 2016 e que incluem Histórias da infância (2016), Histórias da sexualidade (2017), Histórias afro-atlânticas (2018), Histórias das mulheres, histórias feministas (2019), Histórias da dança (2020), Histórias brasileiras (2021-22), Histórias indígenas (2023) e Histórias LGBTQIA+ (2024).

Celebrando a abertura das novas galerias do edifício Pietro Maria Bardi em março, serão apresentadas exposições com recortes do acervo MASP, que incluem obras de Renoir e Artes da África, além de uma mostra dedicada às Histórias do MASP e uma vídeo-instalação inédita no país do artista Isaac Julien, que reflete as dimensão poéticas do legado da arquiteta e designer Lina Bo Bardi.

Como parte da programação anual de atividades culturais no vão livre do MASP, que incluirá diversas atividades propostas pela área de Mediação e Programas Públicos, o museu apresenta a instalação interativa, O Outro, Eu e os Outros, do artista colombiano Iván Argote que convida o público a uma reflexão sobre o papel do indivíduo no coletivo e no espaço público.

Confira a programação do MASP para 2025:

Pierre-Auguste Renoir

28.03 — 3.8.2025

Edifício Pietro Maria Bardi

Curadoria: Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, e Fernando Oliva, curador, MASP

A exposição sobre Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) exibirá as treze obras do artista presentes no acervo do MASP. Composta por doze pinturas e uma escultura, a mostra abrange praticamente toda a carreira do artista francês. Entre as pinturas europeias da coleção do MASP, esta constitui o maior número de obras de um único artista. A última vez que esse conjunto foi exposto em sua totalidade foi há 23 anos, em abril de 2002, no próprio museu, na mostra “Renoir – O pintor da vida”.

As obras de Renoir foram adquiridas durante o chamado período das grandes aquisições quando, entre o final da década de 1940 e início dos anos 1950, Pietro Maria Bardi (1900-1990), diretor-fundador do MASP, incorporou ao acervo trabalhos de artistas do cânone europeu, a maioria deles italianos e franceses, que hoje compõem o maior e mais importante acervo de arte ocidental do Hemisfério Sul.

Nascido em Limoges, na França, em 1841, Renoir foi um dos principais pintores do movimento impressionista francês, conhecido por suas pinturas de cores vibrantes, caracterizadas pelo uso da luz e cor, pinceladas fluidas e uma atenção especial à figura humana, especialmente em cenas de cotidiano e retratos. Renoir começou sua carreira como aprendiz de pintor de porcelana, mas logo se dedicou à pintura em tela, onde desenvolveu um estilo que evoluiu do impressionismo ao realismo. Ainda na juventude conheceu Claude Monet (1840‑1926), quando frequentava ateliês e estudava na École de Beaux‑Arts de Paris. Com Camille Pissarro (1830‑1903) e Alfred Sisley (1839‑1899), formaram o primeiro núcleo dos impressionistas, que renovaram a técnica e os temas da pintura da época. Contudo, diferentemente dos colegas que estavam mais preocupados em captar a sensação visual produzida pelo motivo ao ar livre, Renoir se interessou mais pela representação humana nos diversos retratos que pintou, muitos de famílias da elite francesa.

Histórias do MASP

28.03 — 3.8.2025, Edifício Pietro Maria Bardi
Curadoria: Regina Teixeira de Barros, Guilherme Giufrida e Laura Cosendey

A exposição “Histórias do MASP” celebra mais de sete décadas do museu, desde sua instalação inicial até a inauguração da sede na Avenida Paulista, agora conhecida como Edifício Lina Bo Bardi. A mostra apresenta temas como a formação do acervo, exposições marcantes e a evolução arquitetônica, refletindo sobre o impacto do MASP na cultura paulistana e nacional.

Artes da África
28.03 — 3.8.2025, Edifício Pietro Maria Bardi
Curadoria: Amanda Carneiro e Leandro Muniz

Esta exposição oferece uma nova interpretação da coleção de arte africana do MASP, com cerca de 120 peças, incluindo estatuetas, máscaras e obras contemporâneas, provenientes de diversas regiões da África. A curadoria, em colaboração com a arquiteta Gabriela de Matos, busca exibir essas obras fora das convenções tradicionais dos museus etnográficos, com a contribuição dos artistas brasileiros biarritzzz e Pedro Ivo Cipriano, que criarão obras inspiradas na cultura africana e suas influências na cultura brasileira.

Isaac Julien: Um Maravilhoso Emaranhado
28.03 — 3.8.2025, Edifício Pietro Maria Bardi
Curadoria: Adriano Pedrosa, Matheus Andrade

A exposição apresenta a vídeo-instalação “Um maravilhoso emaranhado” de Isaac Julien, que utiliza nove projeções simultâneas para explorar a obra da arquiteta Lina Bo Bardi. O trabalho destaca a poesia do legado de Bo Bardi e suas reflexões filosóficas, abordando seu impacto social, político e cultural. Filmado em locais icônicos de São Paulo e Salvador, o filme conta com atuações de Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, coreografia do Balé Folclórico da Bahia, e a participação de José Celso Martinez Corrêa, com trilha sonora de Maria de Alvear.

Geometrias
28.03 — 3.8.2025, Edifício Pietro Maria Bardi
Curadoria: Adriano Pedrosa, Regina Teixeira de Barros, Matheus Andrade

A exposição “Geometrias” reúne cerca de 40 obras do acervo do MASP relacionadas à abstração geométrica, com peças de artistas concretos, neoconcretos e contemporâneos, como Judith Lauand, Hélio Oiticica, Delson Uchoa e Beatriz Milhazes. A mostra explora a diversidade da geometria na arte, com abordagens que transcendem barreiras temporais e culturais, incluindo trabalhos de artistas afro-brasileiros, indígenas e de diferentes movimentos artísticos. A exposição reflete a crescente presença da abstração no acervo do MASP.

Iván Argote: O Outro, Eu e os Outros
28.03.2025, Vão Livre
Curadoria: Adriano Pedrosa

Iván Argote, artista e cineasta colombiano, apresenta no Vão Livre duas grandes gangorras coletivas (15 x 5 x 2 m), que reagem ao número e à posição dos participantes, incentivando a reflexão sobre as relações entre os indivíduos e o espaço compartilhado. Seus trabalhos abordam temas como poder, crenças e a interação humana nos espaços urbanos. Em 2024, participou da 60ª Bienal de Veneza e fez exposições individuais em várias cidades internacionais.

Hulda Guzmán: Convidou a Natureza Gentilmente
11.4 — 24.8.2025, 1° subsolo, Edifício Lina Bo Bardi
Curadoria: Amanda Carneiro

Hulda Guzmán, artista dominicana, traz uma visão única da paisagem tropical e caribenha, explorando planos, perspectivas e realidades que misturam elementos de realismo mágico, muralismo mexicano e arquitetura modernista. Suas obras retratam cenários oníricos e contraditórios, com personagens em paisagens paradisíacas e situações fantásticas. A exposição é a primeira monográfica da artista na América do Sul e destaca seu trabalho desde sua participação na mostra Histórias da Sexualidade (2017).

Mulheres Atingidas por Barragens: Bordando Direitos
11.4 — 3.8.2025, Mezanino, Edifício Lina Bo Bardi
Curadoria: Isabella Rjeille e Glaucea Helena de Britto

A exposição traz cerca de 30 trabalhos produzidos por mulheres do Coletivo Nacional de Mulheres do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), que usam a técnica têxtil “arpillera” para denunciar violências, como a ruptura da ligação com a terra devido à construção de barragens, violência doméstica, e impactos ambientais. Essas peças, feitas de materiais cotidianos, abordam questões como direitos humanos, falta de acesso a água e energia, e os danos da poluição nos rios. O MAB e o MASP já colaboraram em projetos anteriores com essa linguagem de resistência.

A Ecologia de Monet
16.5 — 24.8.2025, 1° andar, Edifício Lina Bo Bardi
Curadoria: Adriano Pedrosa, Fernando Oliva e Isabela Loures

A exposição explora a conexão entre o impressionista Claude Monet e o meio ambiente, destacando sua dedicação à pintura de paisagens, de cenas marítimas e florestais até suas últimas obras em seu jardim em Giverny. A relação de Monet com a natureza, vista sob uma perspectiva ecológica, questiona as convenções artísticas da época e oferece uma nova leitura de suas obras, abordando os impactos das transformações sociais e ambientais e a ideia de uma consciência ecológica.

Frans Krajcberg: Reencontrar a Árvore
16.5 — 19.10.2025, 2° subsolo, Edifício Lina Bo Bardi
Curadoria: Adriano Pedrosa e Laura Cosendey

A exposição dedicada ao artista Frans Krajcberg explora sua abordagem pioneira ao unir arte e ecologia. Trabalhando com materiais naturais, como troncos e raízes de árvores queimadas, Krajcberg denuncia a destruição ambiental, especialmente as queimadas e o extrativismo. Sua obra se torna uma reflexão política e ativista sobre a crise ambiental. A exposição, a primeira monográfica do artista no MASP, destaca a evolução de sua arte em resposta ao meio ambiente e sua atuação como ativista.

Histórias da Ecologia
5.9.2025 — 1.2.2026, Edifício Pietro Maria Bardi
Curadoria: Adriano Pedrosa, André Mesquita, Isabella Rjeille, com assistência de Teo Teotônio

Esta exposição internacional explora como artistas e ativistas respondem às crises climáticas e sociais, abordando as relações entre humanos e o meio ambiente. Dividida em cinco núcleos, a mostra aborda a interdependência entre seres humanos e não-humanos, e os efeitos dos deslocamentos forçados causados por práticas extrativistas e mudanças climáticas. “Histórias da Ecologia” busca refletir sobre como a arte responde ao meio ambiente, considerando o humano como parte de um ecossistema complexo.

Clarissa Tossin: Ponto sem Retorno
10.10.2025 — 1.2.2026, 1° andar, Edifício Lina Bo Bardi
Curadoria: Adriano Pedrosa e Guilherme Giufrida

Esta é a primeira exposição individual de Clarissa Tossin no Brasil, abordando questões ambientais como o aquecimento global e o colonialismo extrativista. A artista utiliza resíduos industriais, como plástico reciclado e látex da Amazônia, para criar obras que refletem sobre a degradação ambiental e a exploração de recursos naturais. A exposição inclui a obra “Mortes por onda de calor” (2021), uma réplica de silicone de uma árvore que morreu devido ao calor excessivo. Tossin também conecta a degradação terrestre com a exploração espacial, destacando a continuidade do colonialismo extrativista na exploração de recursos fora da Terra.

Abel Rodríguez: O Nomeador de Plantas
10.10.2025 — 1.2.2026, 1° subsolo, Edifício Lina Bo Bardi
Curadoria: Adriano Pedrosa e Leandro Muniz

Abel Rodríguez, artista indígena colombiano, é conhecido por seu trabalho de registro das espécies botânicas da Amazônia. A exposição apresenta suas memórias de plantas e árvores, ilustrando suas funções práticas e simbólicas, além de explorar interações ecológicas. Utilizando grafite e aquarela, seus desenhos mostram a complexidade da floresta, com detalhes sobre usos medicinais e a fauna local. Esta é sua primeira exposição individual no Brasil e destaca sua relação com as culturas Nonuya-Muinane e as mudanças culturais ao se mudar para Bogotá.

Minerva Cuevas: Ecologia Social
5.12.2025 — 8.3.2026, 2° subsolo, Edifício Lina Bo Bardi
Curadoria: André Mesquita

Minerva Cuevas, artista conceitual mexicana, aborda questões sociais e ecológicas, investigando o impacto do corporativismo na vida cotidiana. A exposição explora seu trabalho sobre ecologia social, inspirado no filósofo Murray Bookchin, e questões de consumo, valor e propriedade. Cuevas também foca na exploração de recursos naturais e suas consequências econômicas e sociais, especialmente em relação à extração de petróleo. Sua obra utiliza materiais como piche e explora o impacto da poluição nos oceanos e na sociedade.

Sala de Vídeo
2° subsolo, Edifício Lina Bo Bardi

  • Janaína Wagner (7.2.25 — 30.3.25)
  • Inuk Silis Høegh (11.4.25 – 1.6.25)
  • Vídeo nas Aldeias (13.6.25 – 10.8.25)
  • Tania Ximena (22.8.25 – 28.9.25)
  • Emilija Škarnulytė (10.10.25 – 23.11.25)
  • Maya Watanabe (5.12.25 – 25.1.26)

Essas mostras apresentam vídeos de artistas contemporâneos, explorando temas diversos através da linguagem audiovisual.

Acervo em Transformação
Durante todo o ano de 2025, 2° andar
Curadoria: Adriano Pedrosa e Regina Teixeira de Barros

A exposição permanente do MASP é uma seleção de obras do acervo, incluindo peças de artistas como Van Gogh, Tarsila do Amaral e Abdias Nascimento. As obras são exibidas em cavaletes de cristal, com atualizações ao longo do ano para propor novas leituras e perspectivas sobre a coleção do museu.

Serviço

Endereço: Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista – 01310-200 São Paulo, SP
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terças grátis e primeira quinta-feira do mês grátis; terças, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas.
Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos
Ingressos: R$ 70 (entrada); R$ 35 (meia-entrada)

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