CULTURA ARTES

Curitiba para sempre

A Escola de Patrimônio de Curitiba ensina profissionais e a sociedade curitibana a preservar e a de difundir a história da cidade

Curitiba tem a imagem de um paraíso na terra, adianta o hino municipal. A capital do Paraná transparece riqueza,
opulência, altivez e glória. Em 332 anos, a cidade acumulou muito mais do que história: Curitiba elevou o poder arquitetônico, a miscigenação, a gastronomia e a arte. E preservar esse patrimônio é um desafio.

“A Escola de Patrimônio de Curitiba é um grande ateliê para se trabalhar”, afirma Gabriel Paris, coordenador do espaço. Inaugurado em 2020, o local foi idealizado para os cidadãos aprenderem e difundirem o conhecimento sobre os espaços e a cultura curitibana. O ambiente oferece cursos, workshops, palestras e atividades ligadas à preservação ao restauro e ao conceito do patrimônio municipal.

LEIA TAMBÉM: Curitiba: uma história

A ideia partiu de um convênio estabelecido entre o curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná (UTFPR), por meio do Projeto Arquivo e da Prefeitura de Curitiba — que se transformou na criação de um Centro de Pesquisa em Patrimônio Cultural.

A iniciativa se fortaleceu e, junto com outros programas da Prefeitura de Curitiba, como o Rosto da Cidade — idealizado para revitalizar a área central —, foi se desenhando até o molde atual. No início, havia uma parceria entre a Prefeitura, a UTFPR e a Fundação Cultural de Curitiba para viabilizar as ações.

As instituições definiram que o projeto seria ainda mais fomentador do resgate patrimonial da capital. De centro de pesquisa, o projeto se tornou uma Escola de Patrimônio.

Os cursos

A principal atividade da Escola de Patrimônio de Curitiba é a realização de cursos e outras atividades de conhecimento. Em três anos de atividade plena, m de 800 alunos foram formados em ações ligadas à restauração, conservação, acervo e memória.

Marcelo Sutil, diretor de patrimônio da Fundação Cultural de Curitiba, explica haver duas modalidades de cursos
oferecidos pela escola. Uma delas, mais teórica e conceitual, é direcionada a transmitir o conhecimento acerca do patrimônio arquitetônico e cultural da cidade. A outra é focada em workshops, com aulas para ensinar ou aprimorar as habilidades dos alunos em conservação e restauro. Todos os cursos são gratuitos, mas as vagas, que podem ser consultadas no site da Fundação Cultural de Curitiba, esgotam rapidamente, alerta Sutil.

Isabel Spitz leciona o curso de Conservação e Restauro de Metais
Ciência e Arte. (Foto: reprodução | Instagram)

Entre as ações já realizadas, estão uma palestra com Benjamin Mouton, responsável pela restauração da Catedral de Notre Dame, em Paris, um curso com Mariana Vetrone, que participou da revitalização da fachada do Edifício Copan, em São Paulo, e a restauração de uma obra do artista Franco Giglio, sob a orientação do professor português Ricardo Pereira Triães.

O professor Ricardo Pereira Triães, do Instituto Politécnico de Tomar, liderou o comitê de restauração de uma obra de Franco Gliglio. (Foto: Cido Marques)

“Os cursos são uma maneira de devolver a história à cidade”, explica Paris. Ele classifica como um dever do serviço público incentivar práticas semelhantes.

Os convênios

Para estimular o trabalho, a escola privilegia convênios com instituições de ensino nacionais e internacionais. A Universidade Federal do Paraná (UFPR) está entre as organizações parceiras, assim como organizações educacionais europeias.

Em 2021, a UTFPR, por meio da parceria com a Escola de Patrimônio de Curitiba, criou o primeiro curso de especialização em Patrimônio, Arquitetura e Cultura. Além das duas instituições, um convênio firmado com a École de Chaillot, de Paris, fortaleceu o lançamento.

O diretor de patrimônio explica que esses convênios são importantes não somente para internacionalizar o trabalho
da escola, mas, também, para a troca de conhecimento entre alunos, professores, especialistas e sociedade.

“O patrimônio cultural pertence à cidade”, afirma o coordenador da escola. Com a atuação de alunos na escola, eles passam a se interessar pela temática e se solidarizam com  preservação. Podem, ainda, trabalhar com essas conservações e manter a cidade ainda mais preservada. Ao interagirem com pessoas de outras instituições, são estimulados a desenvolver novos métodos e políticas públicas que privilegiem a conservação. Com esses conceitos, a sociedade passa a valorizar e a apoiar ações que promovam o cuidado com os espaços e com a história.

Não é necessário preservar toda a arquitetura, por exemplo, ou transformar a cidade em um museu, exemplifica o diretor. Mas é importante incentivar o trabalho de identificar aquilo que é relevante e referencial para cada uma das culturas presentes em um local. A partir desse mapeamento, decide-se o que deve ser preservado e o cuidado com o trabalho de fazê-lo começa.

Em Curitiba, além da Escola de Patrimônio, a Fundação Cultural, a Secretaria Municipal de Urbanismo e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) também trabalham em prol da preservação cultural e arquitetônica da cidade.

Veja os próximos cursos

Patrimônios Culturais de Curitiba: Estudos de Casos
1 a 4 de abril
2 a 5 de setembro

Introdução à Conservação de Acervo em Suporte Papel: Obra de Arte
7 a 11 de abril
7 a 11 de julho

Patrimônio Cultural no Brasil e no Paraná
5 a 9 de maio
15 a 19 de setembro

Paisagens Culturais e Conjuntos Urbanos: A Rua XV de Praça a Praça
12 a 16 de maio
4 a 8 de agosto

Memória e Patrimônio Cultural: Práticas Criativas
28 a 31 de maio
1 a 4 de outubro

Inscrições: guia.curitiba.pr.gov.br
Preço: todos os cursos são gratuitos

*Matéria originalmente publicada na edição #298 da TOPVIEW.

Deixe um comentário