Casa com cara de galeria ou galeria com cara de casa?
Amigas de longa data, Ariela Mansur e Natasha Szaniecki estão à frente de uma das galerias de arte contemporânea mais instigantes de São Paulo: a NATA Art&Design, recém-inaugurada em Pinheiros, São Paulo.
O espaço, instalado em um cubo de vidro e com cara de casa, reúne um acervo que inclui obras de artistas plásticos, fotógrafos, designers e escultores de todo o Brasil, além de artistas internacionais. Com foco em criações inéditas e exclusivas, a galeria busca ser um ponto de referência para amantes e colecionadores de arte.
Para elas, a paixão pela arte contemporânea transborda em todos os aspectos da vida. Essa dedicação, aliada ao poder transformador da arte, guia o olhar da dupla na curadoria de artistas, especialmente no que diz respeito à ambientação de espaços residenciais ou corporativos. No entanto, é em suas casas que fica ainda mais evidente que elas seguem à risca o envolvimento com tudo o que a arte é capaz de proporcionar.
O pai de Natasha Szaniecki foi responsável pela criação da famosa “A Galeria“, que, nos primeiros anos, recebeu exposições de ícones como Tarsila do Amaral, Hélio Oiticica, Di Cavalcanti, Candido Portinari, entre outros. Personagem importante para São Paulo, Valdemar manteve um forte vínculo com suas raízes baianas, incentivando pintores da Bahia, colaborando com Tom Zé em composições musicais e tornando-se inspiração e personagem nas obras de seu amigo Jorge Amado.
“Esse amor pela arte está no meu sangue e pulsante no meu peito. E uso tudo o que absorvi desde criança como inspiração para minha casa, onde vivo com minha família. Cada espaço possui cores, nuances, memórias e referências de tudo que experimentei”, recorda Natasha.
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Em 2020, começou a reformar seu apartamento em Higienópolis, em São Paulo. Desde então, mudou muita coisa por conta própria. “A vida sempre pede mudanças e, nesses cinco anos, muita coisa aconteceu: filhos começaram a trazer namorados para os jantares e almoços, e uma cachorra chegou ao lar”, conta.
Entre os artistas que no momento habitam suas paredes e móveis estão Duda Rosa, Cristhina Bastos, Andrea Fiamenghi, Marcio Lima, Christian Cravo, Andrea Azzi, Gleen Hamilthon, Tunico Lages, Manabu Mabe, Ted Benvenuti. Como objeto do desejo, a galerista sonha: “Adoraria ter uma obra do Damien Hirst, um artista que acho super inovador e questionador”.
A casa de Natasha também conta com muitas obras com um valor afetivo imenso. Ela acha até difícil fazer uma lista peças preferidas, mas topou revelar algumas. “Tenho esculturas do Mario Cravo Junior, que ganhei de presente de meu pai, uma Gravura dedicada a mim por Manabu Mabe, um Sergio Sister comprado num leilão, dois Wakabayashi e três Jamison Pedra, que eram da coleção de meu pai. E também uma foto do Christian Cravo, herança de família e uma de Andrea Fiamenghi”, diz.
Já para Ariela, que mora no Pacaembu, a presença da arte em casa inspira a criatividade e ajuda A pensar de forma mais inovadora no dia a dia. Por isso, ela escolhe a dedo a composição de cada ambiente do apartamento que divide com a família. “A arte deixa tudo mais leve. Escolhi artistas como Cristhina Bastos, Tunico Lages, Ted Benvenuti, Nicolas Selma, Gabriela Costa, Cilene Dedyck, Renata Scarbi, Renatos Gosling e Sarah Morris para decorar os ambientes de forma fluída e inspiradora”, comenta Ariela, que conclui: “A arte me salva”.
Entre as obras mais queridas da galerista, ela aponta um quadro de Sarah Morris. “Quando olhamos o quadro, suas cores e o desenho arquitetônico sentimos uma vibração muito positiva , tanto que uma vez pendurada, nunca mais mudei de lugar, pois ela se encaixa tão perfeitamente que eu não troco de lugar em hipótese nenhuma”, diz Ariela.
Assim como sua sócia, ela também tem uma aspiração para aumentar a coleção de sua casa: “Adoraria ter uma obra da Maria Lynch. Me seguro, pois não tenho mais parede livre – por enquanto”, brinca.
Lembranças de viagens
As sócias também dividem o gosto por viagens e como elas inspiram o olhar para decorar a casa. Tanto que dentro da NATA Art&Design elas criaram a La Petite Nata, um espaço exclusivo que traz, na essência, a vibe das lojinhas de museus, como a do MOMA.
São peças e objetos assinados por artistas plásticos renomados, com a mesma relevância artística de grandes obras, com uma curadoria minuciosa e detalhada, mas em itens menores.
“Nesses lugares, onde parece que nossa vida fica ‘suspensa’, depois de ver grandes artistas, que nos apaixonamos por itens que podemos levar pra casa sem medo. Não se trata de grandes investimentos, mas de um pequeno detalhe que faz seu coração feliz, e que eleva o ambiente a um novo nível de apreciação. É como a cereja do bolo, algo que você nem imaginava encontrar, mas que estava te esperando”, afirma Ariela.
A NATA Art&Design está localizada na Rua Cristiano Viana, 401, em Pinheiros, com atendimento de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 18h30, e aos domingos mediante agendamento prévio.