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NFTs como tendência mundial leva artistas brasileiros à Crypto Art

Que o mundo é digital já sabemos, uma nova revolução acelerada ainda mais nos últimos dois anos e que traz discussões em como todos os meios devem se adequar a esta nova realidade.

Um deles, o das Artes, no começo de março deste ano mostrou através de um leilão digital com picos de 22 milhões de pessoas conectadas ao mesmo tempo no site da Christie’s, uma das empresas de arte mais importantes do mundo, que já faz parte e que comercializa milhões de dólares em uma única obra por criptomoedas.

O artista Beeple leiloou uma de suas obras por 69 milhões de dólares (R$ 390 milhões), pagos em criptomoeda. Três vezes o valor de umas das obras da artista brasileira Tarsila do Amaral, “A Lua”, recentemente adquirida pelo museu nova-iorquino MoMA por US$ 20 milhões.

Para começar a entender melhor este momento, precisamos conhecer dois termos atuais: as NFTs e a Crypto Art.

E para uni-los à nossa arte brasileira, convidamos a galerista curitibana Zilda Fralletti para conversar sobre o tema e nos dizer se é ou não possível que nossas obras possam valer milhões de dólares se forem digitalizadas em formato de Crypto Art.

“Acho que esta forma crescerá muito, vários artistas já estão entrando ou se preparando para entrar na Crypto Art. Mas isso não substituirá as formas tradicionais, que continuarão existindo, de forma complementar”, ilustra a galerista com demais respostas abaixo, em forma de entrevista:

1) Zilda, o que você já aprendeu sobre NFT (Non-Fungible Token)?

Eu soube da existência da NFT há muito pouco tempo.

NFT (Non-Fungible Token) ou Crypto Arte, é um movimento artístico de arte digital que pode ser comercializada também de forma digital. As obras criadas são registradas em blockchain e isto garante sua autenticidade, surgindo assim a possibilidade de comercializá-la como uma obra original e autêntica. É uma forma de o artista digital monetizar sua arte e ser reconhecido. Também é possível rastrear o histórico de vendas da obra.

A crypto arte já existe há algum tempo, mas passou a despertar muita atenção no início de março com a venda de uma obra em leilão, pela Christie’s, por 69 milhões de dólares (R$ 390 milhões), pagos em criptomoeda. Isto torna o artista Beeple (@beeple_crap) um dos três artistas vivos mais caros do mundo, ao lado de David Hockney e Jeff Koons. Em alguns momentos 22 milhões de pessoas estavam ligadas no site da Christie’s para acompanhar o leilão. Foi a primeira vez que uma das mais importantes casas de leilões do mundo leiloou uma obra de arte totalmente digital.

2) Você acredita que as obras de arte, já existentes, passarão a também serem registradas como NFT? Ex: um quadro da Tarsila do Amaral terá sua versão física e sua versão NFT? Explique.  Então, caso isso aconteça, teremos dois proprietários para cada obra, um físico e outro virtual?

Isto é possível, pelo que tenho lido. O artista cria uma obra física, a digitaliza, registra sua autenticidade e pode vender as duas ou destruir a primeira. Ou fracioná-la e criar várias obras.  Mas no caso de artistas renomados e já falecidos, acho que teremos que aguardar, deverá haver legislação para regulamentar as muitas possibilidades que irão surgir. Deve depender também dos proprietários e dos herdeiros.

3) E sobre a arte contemporânea brasileira, os artistas passarão a ser reconhecidos pela sua presença neste tipo de arte ou haverá sempre separação entre a forma de arte atual e este novo modelo?

Acho que esta forma crescerá muito, vários artistas já estão entrando ou se preparando para entrar. Mas não substituirá as formas tradicionais, que continuarão existindo, de forma complementar. Mesmo porque tudo é muito novo e só com o tempo e a experiência saberemos.  Mas é algo que abre muitas possibilidades ainda inimagináveis e a tendência é de que venha para ficar e deve revolucionar muitas áreas de criação.

4) Alguma curiosidade ou ponto que queira acrescentar.

Após o leilão recorde soube-se que o comprador, que usa o pseudônimo MetaKovan, é dono do maior fundo de NFT do mundo e já era o maior colecionador de obras do Beeple. Assim, a venda não deve ser vista como representando o verdadeiro valor de mercado das NFTs.  Segundo alguns analistas, isso é apenas mais uma ‘bolha”, só o tempo poderá nos mostrar o que ficará e o que é apenas especulação. Há muita gente ganhando dinheiro com esta novidade, mas ainda não se pode saber o que vai acontecer.

Acho que podemos comparar, grosso modo, com o início do Uber, do Spotify, do Kindle e outras inovações que, a princípio, pareciam impossíveis de se impor, e hoje são inquestionáveis.

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