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Côte d’Or, a Champs-Élysées dos vinhedos

Os vinhos da região da Borgonha são tidos como verdadeiros néctares dos deuses

Mítica, encantadora, é na Borgonha que se encontram os vinhedos mais caros da França e, provavelmente, do mundo. Esta pequena região produz vinhos únicos em sua essência, uma combinação perfeita de terra, solo, clima e esse “terroir” mágico que só existe por lá. É na Côte d’Or, região que compreende as aclamadas Côte de Nuits e Côte de Beaune, consideradas as regiões mais importantes da Borgonha e onde estão localizados vinhedos icônicos como o de Romanée-Conti e Clos Vougeot. Tamanho prestígio lhe rendeu um simpático apelido, de Champs-Élysées dos vinhedos, uma analogia com a avenida que possui um dos m² mais caros da Europa.

A Borgonha tem o poder de gerar grandes expectativas em seus apreciadores, seus vinhos são tidos como verdadeiros néctares dos deuses. Sua excelência não se deve apenas ao seu terreno requintado, que lembra uma colcha de retalhos de trepadeiras intocadas, parecendo pintadas a mão. Mas também a sua história geológica, que data 200 milhões de anos atrás, quando a região fazia parte de um vasto mar tropical que criava solos calcários. Estes solos são o segredo por trás da mineralidade picante que é a marca registrada dos vinhos da Borgonha. Ao caminhar pelas vinhas, é possível encontrar pedaços de calcário ou marl (calcário misturado com argila) que contém criaturas marinhas fossilizadas misturadas.

Pouco se sabe como, de fato, se iniciou a produção de vinho na Borgonha, mas a teoria mais aceita é que foram os monges católicos que estabeleceram as vinhas na Idade Média. Eles cultivavam uvas para a igreja e para os aristocráticos duques da Borgonha. Com a Revolução Francesa, a terra voltou às mãos dos devotos aldeões que com um cuidadoso trabalho manual presentearam o mundo com os maravilhosos vinhos da Borgonha.

Côte de Nuits “Famosa pelo seu Pinot Noir”

A Côte de Nuits compreende 24 vinhedos Grand Cru e alguns dos mais caros do mundo. 80% dos vinhos produzidos são Pinot Noir e o restante são Chardonnay. Seus vinhedos formam uma colcha de retalhos nas encostas orientais, começando na vila de Gevery Chambertin, passando por Morey St-Denis e ao sul até Vougeot e Vosne Romanée. Os vinhos aqui podem envelhecer por décadas e alcançar as cifras de milhares de dólares! Mas também é possível encontrar exemplares mais acessíveis nessa região. As dicas são os vinhos da Côte de Nuits Village.

Côte de Beaune “O lar dos grandes Chardonnays”

Os vinhos desta região são bem diferentes do de seu vizinho ao norte. Aqui a Chardonnay reina com seus grandes vinhos. Apesar de possuir tintos incríveis, é a terra dos principais Grand Cru produtores de vinho branco como Corton, Corton Charlemagne e os Montrachet. Para os apreciadores a dica são os vinhos Côte de Beaune Village e Premier Cru de Chassagne-Montratchet, Santenay, Meursault, Puligny-Montrachet, Volnay, Pommard e Beaune

*Coluna originalmente publicada na edição 233 da revista TOPVIEW.

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