ESTILO

Volta ao mundo literária

Uma forma de viajar sem sair do lugar

Há pouco mais de 4 anos, eu embarquei na viagem mais fantástica da minha vida.

Nem poderia imaginar que, mesmo sentada no sofá da minha casa, a união de papel, palavras impressas e arte seria capaz de me transportar a tantos lugares, culturas e descobertas pelos quatro cantos do mundo.

As páginas dos livros me levaram àquela Rússia gelada e escura do Dostoiévski (Crime e Castigo), à colorida e descontraída Cartagena do Gabriel Garcia Márquez (Amor nos Tempos do Cólera), às ruas caóticas e cheias de história da Nápoles da Elena Ferrante (A Amiga Genial). Eu pude reviver a magia da Índia com o realismo fantástico do Salman Rushdie (Os Filhos da Meia Noite), senti a delicadeza dos quimonos e o silêncio dos japoneses com a escrita sensível do Kawabata (Kyoto), percorri os campos do interior da Inglaterra – e, claro, suspirei com os olhares do Mr Darcy – com a magnífica Jane Austen (Orgulho e Preconceito).

Mesmo de tão longe, me aproximei de realidades que não faziam parte do meu mundo: conheci a história da Park Yeonmi, uma refugiada da Coreia do Norte (Para Poder Viver); sofri com uma família nigeriana mesmo com a força da Chimamanda (Hibisco Roxo); passei a ter uma visão diferente sobre racismo nos Estados Unidos e no mundo com a Harper Lee (O Sol é Para Todos).

Já fui e já voltei no tempo com as três gerações de uma família chinesa e todas as suas transformações com a Jung Chang (Cisnes Selvagens), pude entender o comunismo cubano desde as suas origens com a ficção que não é ficção do Leonardo Padura (O Homem que Amava os Cachorros), já me transportei até a abundância da antiga Pérsia ao turbilhão do Irã de hoje em dia com os quadrinhos da Marjane Satrapi (Persépolis).

Mesmo em isolamento, a viagem não para. Agora estou percorrendo as ruas de Paris dos anos 1920 com o Hemingway – inclusive sentindo água na boca com as descrições de todos estes bistrôs franceses (Paris é Uma Festa)!

Tive sorte ao escolher desde o início as melhores companheiras de viagem, que compartilham dessa curiosidade, das trocas, da busca por expandir nossa visão de mundo. Como nossa viagem é cultural, não poderíamos ficar sem um guia: nosso mediador de leitura – Francisco Escorsim – nos transporta a todos esses destinos com muita sabedoria para percebermos as sutilezas e belezas desta viagem.

Nossa bagagem é extensa, mas nunca em excesso. Quanto mais conhecemos, mais sabemos que há muito a aprender. Não há nada melhor do que a certeza de que temos, literalmente, um mundo inteiro pela frente

*desde 2015 a NomadRoots promove o Clube de Leitura Volta ao Mundo Literária, para quem quer viajar através da literatura. Para saber mais: Clique aqui

*Coluna originalmente publicada na edição 235 da revista TOPVIEW.

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