Arquitetura low cost
Nosso trabalho – na maioria das vezes, orientado para residências de alto padrão e pautado por orçamentos flexíveis – esconde outras experiências e abordagens mais acessíveis – as quais vamos registrar neste artigo.
Geralmente, o maior “problema” dos projetos low cost é desencadeado pelo próprio cliente, que gostaria de um orçamento mais enxuto, mas tem uma série de expectativas que certamente vai impactar nos custos finais da obra.
Ajustar demandas é um ponto central nessa discussão. Outra questão recorrente é o cliente que, desavisadamente, por se encantar por qualquer aspecto ou valores de uma determinada área ou terreno, acaba nos trazendo um imóvel de abordagem difícil e custosa.
Algumas demandas e problemas são capazes de alavancar orçamentos, como exigências programáticas por ambientes com muitas especificidades, terrenos complexos e muito acidentados – associados a tipos de solo pouco resistentes –, presença de vegetação protegida, grandes áreas envidraçadas, grandes aberturas móveis, grandes vãos livres ou balanços – que exigem fundações mais profundas em concreto armado ou aço – e revestimentos ou acabamentos especiais, sejam eles nacionais ou, principalmente, importados.
Casa para uma artista
Esta casa de 265 m² foi projetada em 2008 para uma artista e ceramista. O projeto apresenta um conjunto de escolhas adequadas aos limites orçamentários exigidos. É uma obra que não requer nenhum dos recursos anteriormente mencionados e tem potencial para custar menos de um terço dos projetos mais dispendiosos.
Temos uma casa térrea e sem escavações, revestida e pintada. De estrutura convencional e fechada em alvenaria de tijolos, combina aberturas estreitas (seteiras) e porta-janelas. As lajes são pré-moldadas e o telhado é embutido. Buscamos, nas suas proporções, materialidade única e contínua, cheios e vazios, horizontalidade e efeitos de luz e sombra, bem como equilíbrio. Apostamos na integração interior-exterior, por meio de vistas distantes e do pátio com seus muros/fachadas, que ampliam a volumetria da casa, em uma economia também plástica e formal. O resultado é despretensioso, elegante e equilibrado. Keep
it low!
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*Coluna originalmente publicada na edição #239 da revista TOPVIEW.