ESTILO

Tecnologia pop!

Entender que os padrões de segurança na rede sofreram mudanças e se adaptar a eles é algo que precisa fazer parte de nossa cultura na web

Pensar em tecnologia atualmente sem ligar à cultura, arte e moda é o mesmo que falar em Romeu sem Julieta ou queijo sem goiabada. Não há como dissociar um do outro. Eles se complementam e tornam o mundo da TI mais atraente, diferenciado, inovador e inspirador.

A tecnologia se tornou cultura que, por sua vez, se tornou arte e, por consequência, moda. Acredito que ela tenha que encantar para você se interessar por ela. Além disso, é importante ressaltar que ela pode ser utilizada com o interesse de encantar. 

Cada vez mais, vemos artistas renomados – tanto nacionais como internacionais – que se beneficiam dos aparatos tecnológicos para desenvolver a sua arte. Destaque para Luke DuBois e a dupla brasileira Gisela Motta e Leandro Lima. Aqui, a imaginação flui por meio de todas as possibilidades, seja na utilização de telas LED, câmeras térmicas para pegar o momento exato e perfeito para a foto, o uso das ondas sonoras para dar movimento e fazer uma tela ímpar, os materiais recicláveis ou a sucata tecnológica para montar da melhor forma um órgão humano em 3D.

Da mesma maneira, a moda usufrui de toda a tecnologia disponível atualmente para ficar ainda mais em evidência, inovando no desenvolvimento dos tecidos com foco direcionado ao cliente, por exemplo. Tecidos recicláveis, renováveis ou biodegradáveis, são desenvolvidos para dar mais conforto às pessoas, evitar o suor – o que ajuda na eliminação de odores –, para melhor aquecer nos países de frio constante ou, ainda, com enfoque no esporte a exemplo da natação, que ajudam na performance dos atletas – inclusive imitando as escamas dos peixes para que a água flua melhor em sua superfície e, com isso, ajude no aumento da velocidade do nadador.

Os exemplos são vários e uma página da revista seria pouco para descrevê-los, mas vemos também, por outro lado, que a moda da tecnologia pode nos colocar em algumas armadilhas. Não conseguimos nos imaginar, nos dias atuais, sem a utilização de celulares – smartphones, notebooks, computadores pessoais e tablets. Estes itens passaram a fazer parte integrante de nossa vestimenta e, se esquecemos o celular em casa, rapidamente sentimos falta.

 Lembro-me da minha infância, no interior de Santa Catarina, quando brincávamos na rua, na casa dos vizinhos, dos amigos, jogando bola, brincando de esconde-esconde, jogando vôlei, basquete ou outros esportes, mas só voltávamos para casa no entardecer. Geralmente, nossos pais apenas confiavam em nossa palavra e em muitas situações, as pessoas não tinham telefone fixo em casa para contato, pois, à época, havia preços proibitivos. E pensar que, atualmente, temos mais de um dispositivo por pessoa! No meio da situação em que nos encontramos com a pandemia, como viveríamos se nossa realidade fosse aquela?

Hoje, as crianças estão dentro de casa, fazendo vídeos para o YouTube, TikTok, Instagram e Facebook, sem se atentarem aos riscos aos quais estão expostos ou então, expondo informações pessoais. Dou como exemplo os vídeos feitos dentro do condomínio em que moram, mostrando o nome ou número da torre/prédio, o número da casa ou do apartamento. A inocência nos leva ao perigo. Com a pandemia essa situação se intensificou. No fundo, foi a tecnologia que nos mostrou novas possibilidades em meio a esse novo normal, nos conectou às pessoas, gerou empregos ou, em algumas situações, os eliminou. No entanto, por meio dela pudemos nos reinventar e, principalmente, continuamos realizando nossas atividades laborais assim como os estudos. Nossos filhos rapidamente aprenderam a fazer aulas on-line, atividade que nós adultos, de certa forma, já estávamos acostumados – com as vídeo-conferências ou “conference calls”, em nossas empresas.

Rapidamente, tivemos que nos reinventar quanto ao uso diário das tecnologias e dos dispositivos móveis. Mas, na maioria das vezes, não nos atentamos aos riscos inerentes ao uso delas. Quando baixamos vários aplicativos em nossos smartphones ou entramos na onda de algum app que está em alta, nem paramos para nos perguntar ao que ou a quem podemos nos expor.

Infelizmente, na era digital, essa deveria ser a nossa primeira preocupação: a segurança. Cada vez mais nossos dados pessoais, hábitos de compras, interesses, estilo de vida, entre outros, são 100% monitorados. Vide o que acontece quando abrimos o Facebook e/ou o Instagram após uma conversa sobre viagem, por exemplo, e recebemos uma enxurrada de ofertas sobre esse tema. Hoje em dia, há profissionais e empresas especializados em roubar dados, que querem e que ganham dinheiro muito rápido. Os casos criminosos aumentaram expressivamente não só ao longo dos últimos anos, mas principalmente em 2020, com a pandemia. Foram inúmeras as situações expostas nas mídias. O roubo de dados é feito única e exclusivamente com o intuito financeiro.

Estamos sendo extremamente cobrados pelas empresas e estas pelos órgãos governamentais para que haja uma adequação quanto à Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD. Ela entrou em vigor em 2020 e, a partir de agosto deste ano, as empresas sofrerão sanções se os nossos dados forem vazados indevidamente na internet. Todos terão que investir em segurança, seja nós no cuidado com nossos dispositivos, o que acessamos e como acessamos, sejam as empresas, na aquisição de ferramentas que darão apoio e processos nesse novo modelo de gestão.

Ou seja, ficar inseguro não está na moda. Não faça arte da forma errada, seja um artista impecável com suas informações. Atualize as suas preferências na web e esteja em alta. Só assim a tecnologia será pop!

*Coluna originalmente publicada na edição #246 da revista TOPVIEW.

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