Casa Vogue realiza expedição pelo Sul da Bahia e promove intercâmbio entre criativos locais e artistas e designers de todo o Brasil
O que é que Trancoso tem? Foi com essa inquietação que, refrescados pela brisa inigualável da Bahia, a equipe da redação deu largada a segunda edição do Casa Vogue na Estrada, uma roadtrip que desbravou o sul da Bahia, promovendo um intercâmbio criativo entre artesãos locais e artistas e designers de diversas partes do Brasil.
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De povoado remoto a xodó da comunidade hippie nos anos 1970, o vilarejo experimentou grande crescimento turístico nas últimas décadas. Entre os estrangeiros que acabaram fincando raízes ali, o designer holandês Wilbert Das responde por um relevante intercâmbio que reanima as tradições do artesanato local.
A vila de pouco mais de 10 mil habitantes é um distrito de Porto Seguro. Os registros documentam o seu Rio dos Frades como lugar de desembarque da esquadra de Pedro Álvares Cabral, em 22 de abril de 1500. 86 anos depois seria fundada ali a aldeia jesuíta São João Batista dos Índios. Até a década de 1970, data de sua redescoberta pelos hippies, o vilarejo se manteve praticamente anônimo. Por lá não circulava dinheiro, vivia-se de trocas. À noite, sem luz elétrica, os moradores se reconheciam pela silhueta e pelos trejeitos do andar. Os biribandos, como passaram a ser chamados os forasteiros, almejavam justamente esse modo de vida alternativo, mas as transformações vindas com eles apresentaram os dois lados da moeda: enquanto surgiam mais oportunidades de emprego e educação, além de uma valorização dos trabalhos artísticos e artesanais dos nativos, também aportaram a especulação imobiliária, a falta de segurança e a degradação do meio ambiente.
Hoje com alto potencial turístico, Trancoso demonstra uma tentativa bem-sucedida de convivência pacífica entre suas tradições e as novidades que chegam de todos os lados. Não raro, esse clima de cidade do interior, com a vantagem de um oceano de águas muito verdes, enfeitiça visitantes a ponto de roubá-los de suas terras natais. Aconteceu com Wilbert Das, designer holandês atuante por 20 anos como diretor criativo da marca italiana Diesel: quando visitou Trancoso em 2004, se apaixonou à primeira vista. “Eu chorei quando retornei à Itália. Tinha certeza de que queria morar aqui um dia.” Depois de voltar algumas vezes, arrematou um terreno e logo começou a levantar o que hoje é o Uxua Casa Hotel & Spa, um complexo hoteleiro com 13 casas distribuídas ao redor do Quadrado. Aos poucos, os próprios hóspedes começaram a pedir que Wilbert desenvolvesse refúgios particulares para eles. A partir daí ele convocou o amigo Peter Kempkens, seu colega na época da graduação na Escola de Belas Artes, na Holanda, e com quem havia trabalhado na Diesel, para tocar esses projetos.
A fim de dar vazão à sua criatividade, Wilbert se empenhou no design de móveis e objetos. Além de fundar a marca de decoração Uxua DAS, inaugurou um intercâmbio, reunindo gente do mundo todo e de outros cantos do Brasil para colaborar com ele e com artesãos na invenção de novas peças. Esse anseio por estabelecer conexões entre materiais, tempos e pessoas inspirou a missão maior da empreitada. O resultado dessa imersão, que contou com a designer têxtil Ana Vaz, Cynthia Massote e Mariana Hardy, do estúdio Hardy Design, Liliane Rebehy, diretora criativa da Coven, a ceramista Paula Juchem, os artistas Hugo França, Laila Assef, Naná Lavander e Valquito Lima, o pintor Damião Vieira e os artesãos Pila, Evandro, Zé da Cerâmica e Tukunã, além de Wilbert e Peter, poderá ser conferida em 2021 – acompanhe a Casa Vogue pelas redes sociais para não perder nenhuma novidade.
Confira a íntegra da matéria e conheça alguns dos designers participantes do projeto na edição de dezembro e janeiro da Casa Vogue.
Serviço
Revista Casa Vogue | Edição de dezembro e janeiro
Nas bancas a partir de 17 de dezembro