Biofilia: descubra quando a natureza invade os espaços
Em uma sociedade cada vez mais urbanizada, a busca por um estilo de vida desacelerado pode ser um desafio. A hiperocupação dos grandes centros abre espaço para debates importantes sobre questões ambientais e mudanças de comportamento. Não é à toa que gerações emergentes, como os millennials, buscam (cada vez mais!) experiências compartilhadas, transformação em suas rotinas e batem na tecla do consumo consciente. Saúde e bem-estar tornaram-se prioridade e é nesse contexto que vemos o crescimento de termos como urban jungle, greenery e design biofílico.
Afinal, muitas pessoas têm apostado na presença de elementos naturais dentro dos espaços como forma de aumentar a qualidade de vida. Ao pé da letra, biofilia significa “amor à vida”. O termo foi cunhado pelo psicólogo e filósofo Erich Fromm, em 1964, e difundido pelo biólogo Edward O. Wilson, que buscava explicar a afinidade inata dos seres humanos pelo mundo natural e a grandiosidade da conexão entre ambos. Na arquitetura e no design de interiores, o contato mais próximo com a natureza se dá com a inserção de vida: plantas e flores e a valorização de ambientes com iluminação e ventilação naturais.
“Pesquisas (…) indicam que a incorporação de vegetação [em ambientes de trabalho] aumenta o foco e a produtividade.”
A ideia é reconectar o homem com sua essência. O ganho é, em grande parte, emocional, aumentando o bem-estar, reduzindo o estresse e estimulando a criatividade. Segundo a WGSN, uma das principais autoridades em tendências no mundo, essa é uma tendência que veio para ficar e que vai nortear a maneira de morar no futuro. O mesmo vale para ambientes corporativos. Prova disso é o que grandes empresas, como Google, Apple e Facebook, têm feito nos locais de trabalho. Pesquisas, como a Human Spaces: The Global Impact of Biophilic Design in the Workplace, indicam que a incorporação de vegetação nesses ambientes aumenta o foco e a produtividade.
Não há como negar que, com o cotidiano agitado e os avanços tecnológicos, as pessoas estejam mais propícias a se desconectar da natureza. É aí que nasce o processo inverso, do resgate emocional e do contato mais próximo com a natureza, uma vez que a relação do homem com o meio natural é hereditário, está em seu DNA. Por isso, apesar de um passo pequeno, a biofilia se mostra como um caminho para a conservação do meio ambiente e uma forma de sustentar a vida por meio do amor pela natureza.
Studio Boscardin.Corsi é o escritório de arquitetura e interiores comandado por Ana Carolina Boscardin e Edgard Corsi.
*Matéria originalmente escrita por Studio Boscardin.Corsi e publicada na edição 228 da revista TOPVIEW.