Restaurante japonês em Curitiba aposta na harmonização de saquês com pratos da casa
Muito tradicional na cultura japonesa, o saquê, ou sake, conquistou admiradores no mundo todo e hoje se apresenta como uma bebida extremamente versátil, capaz de acompanhar desde pratos leves até preparações mais marcantes. Diferente do vinho ou de destilados, possui características únicas: graduação alcoólica moderada e uma variedade de perfis aromáticos, que podem ir do floral e frutado ao encorpado e levemente amadeirado, permitindo harmonizações inusitadas e sofisticadas.
No Kibô Japanese Cuisine, essa multiplicidade de estilos está presente na carta de saquês, pensada para proporcionar experiências sensoriais que fogem do óbvio, acompanhando pratos orientais clássicos, preparações autorais e algumas surpresas do menu quente.
O cardápio apresenta sugestões que combinam diferentes estilos da bebida, convidando os clientes a explorar novas possibilidades à mesa. Harmonizar é mais do que combinar bebida e prato: é equilibrar texturas, contrastar ou potencializar sabores e criar novas percepções. Entre as sugestões, destacam-se as harmonizações com sashimis mais gordurosos, como Maguro Toro (barriga de atum), acompanhados de saquês com maior presença de umami e boa acidez, levemente secos. O mesmo estilo pode ser combinado ao Wagyu Teppanyaki (fatias de carne Wagyu grelhadas com alho, manteiga e molho ponzu), resultando em uma experiência gastronômica intensa e equilibrada.
Outro destaque é a variedade de estilos que podem ser explorados durante um jantar, com diferentes rótulos e perfis: leves e aromáticos, robustos e secos, frutados e adocicados. Entre as curiosidades está o saquê espumante, conhecido como Sparkling ou Awazake, produzido pelo mesmo método usado na elaboração do champanhe.
LEIA TAMBÉM: 1ª edição do CWB Wine chega com megadegustação de mais de 200 rótulos
A harmonização também surpreende em pratos mais condimentados, que combinam bem com saquês levemente secos, encorpados e de boa acidez. Um exemplo é o Tirashi de atum defumado, temperado com pimenta Toban Djan, acompanhado de um saquê Yamahai. Já nas sobremesas, saquês com maior residual de açúcar e boa acidez harmonizam perfeitamente. Um cheesecake de matchá com calda de blueberry, por exemplo, ganha novas camadas de sabor ao lado de um saquê Nigori ou de um Daiginjo.
Uma bebida milenar
Com séculos de história, o saquê assume hoje um papel contemporâneo nas experiências gastronômicas de alto padrão. Produzido a partir da fermentação do arroz polido, passa por processos semelhantes aos do vinho, com diferenças que definem seus estilos: dos mais frescos e frutados aos secos e robustos, passando pelos doces e cremosos.
Ao longo dos séculos, antigos produtores desenvolveram métodos artesanais de produção, mesmo antes da tecnologia e do conhecimento sobre leveduras e fermentação. Essa criatividade resultou em saquês únicos, com sabores marcantes e identidade própria.
Para quem está começando a explorar o universo da bebida, não é necessário escolher um rótulo super premium ou de alto grau de polimento. Na própria cultura japonesa, os saquês comuns (futsu-shu) são amplamente consumidos. A dica é experimentar variedades de estilos após o primeiro contato e permitir-se descobrir novas possibilidades.
Versátil e surpreendente, o saquê conquista cada vez mais espaço em propostas gastronômicas contemporâneas, revelando seu potencial em harmonizações inesperadas e convidando a sair do óbvio com leveza, equilíbrio e elegância.
Colaboração: Carlos Betini, chefe de bar do Kibô Japanese Cuisine.