Retrospectiva 2023 e agenda 2024
Nossa brasilidade está em alta, e 2023 fez com que ela se tornasse ainda mais evidente lá fora. O que nos prova são alguns movimentos/trends e também por onde nossa cultura apareceu entre exposições, músicas e marcas.
Isso nos faz ficar ainda mais atentos ao que 2024 nos reserva, já com datas marcadas de grandes eventos nacionais e internacionais.
Por aqui, trago uma retrospectiva 2023 e a agenda 2024 de alguns pontos que considero interessantes observar e fazer parte.
É um texto escrito com carinho, pesquisa e observações para gente se organizar e guardar.
Um olhar de futuro absolutamente embasado no passado
2024 será (continuará) um ano repleto de dúvidas e questionamentos entre o on e offline, o que nos deixa certos de que a ancestralidade e nossas origens continuarão por completo nos guiando rumo ao futuro, que de certo está o cuidado que devemos imediatamente assumir, voltando-se ao que é sustentável e regenerativo, e em curtir e celebrar a vida, cada vez mais colorida, saudável, diversa e artística. Já que o restante é incerto.
No London Design Festival e Bienal de Arquitetura de Veneza em 2023, pude observar o que afirmo acima, que já tinha aparecido com força na Milan Design Week 2022, e que se refere aos materiais biodegradáveis, soluções sustentáveis, olhares lúdicos aos problemas diários, para buscar mais leveza, e a concentração de grupos que se conectam por reais propósitos.
Por isso o maximalismo, cores que nos lembram os anos 70, brilhos, materiais antes impulsionadamente usados, histórias e tradições que poderiam se perder, foram resgatados e passaram a fazer parte do nosso cotidiano, atrelados às tecnologias que avançam.
Unindo-se ao que é local, regional, e que singulariza o valor que tanto buscamos enquanto consumidores e profissionais, e, onde, na diversidade brasileira, encontramos infinitas possibilidades. Afinal, onde mais é tão tropical?
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A representatividade brasileira aos gringos
Em conjunto ao grande movimento mundial, e com destaque ao nosso país, conversei com a arquiteta Gabriela de Matos, em outubro, na Semana Criativa de Tiradentes/MG, falando exatamente sobre a visão que o mundo hoje tem sobre a ancestralidade brasileira que pode se transformar em soluções para o que se necessita e que talvez muitos de nós ainda não tenhamos se despertado.
Gabriela, ao lado de Paulo Tavares, foram os responsáveis pela assinatura do pavilhão premiado com o Leão de Ouro e intitulado “Terra” na Bienal de Veneza de Arquitetura 2023, que destacou dois lados das origens brasileiras: o indígena e o africano.
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A fala de Gabriela, de certa forma, toma proporções uma vez ao ano com a Semana Criativa de Tiradentes, onde a encontrei. Um movimento recente brasileiro que se concentra aos olhares sensíveis de seus idealizadores, Simone Quintas e Júnior Guimarães, e que tem nos feito observar tradições e saberes através da artesania sobre processos que se tornam cada vez mais atuais e nos guiam adiante, valorizando o trajeto até aqui, e dando conexões e continuidade ao que pouco antes só era visto pelos gringos de forma solta pelo país.
Ainda sobre representatividade brasileira, Salvador foi palco do Liberatum Festival, que celebrou a capital afro das Américas. A Farm Rio estampou suas modelagens na Europa, conquistando Paris, Londres e Itália, a cantora Anitta levou sua música às passarelas no desfile da Louis Vuitton e a Escola de Samba Mangueira encerrou o desfile da Chloé na Semana de Moda de Paris. Exemplos de fronteiras ultrapassadas e que celebram a diversidade e criatividade brasileiras.
Cor, mistura de material, geometria
O mundo tem trazido, em seus diversos encontros sobre design, a valorização crescente de quem sabe misturar e cruzar histórias que se fortalecem. São os collabs, comunidades, marcas e profissionais que se unem para (re)criar movimentos que fazem sentido.
A Expo Revestir 2023 em São Paulo foi cenário para este encontro, como o exemplo que trago abaixo:
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A Maison&Object, em Paris, misturou o que as várias edições da CASACOR no Brasil receberam em alguns espaços multi coloridos e alegres.
Ao olharmos para a brasilidade, as cores estão presentes através da fauna, flora, história, cidades e pessoas. A multiculturalidade que o país representa em sua composição está dentro do que o mundo tem olhado nas outras nações.
Ela já faz parte das nossas atividades há um tempo, com diferença, que de agora em diante, também fará parte de atividades mundiais, já que o Brasil está em voga através da sua criatividade, padrões, materiais e soluções.
Tendência precisa de tempo para se consolidar
Com a enxurrada de posts nas redes sociais e ao mesmo tempo de pessoas que se titulam caçadoras de tendências, é de se tomar cuidado com o que se vê como tal.
Uma tendência leva tempo para se consolidar, ela traz sinais ao longo dos anos (sim, anos), diante de cada exposição de marcas e pessoas realmente antenadas com o comportamento humano e se solidifica com respostas de impacto a problemas sociais e ambientais.
É preciso um olhar aguçado, uma intuição trabalhada, e, sobretudo, de uma curadoria que só é resultante após conhecer, visitar, ler, pesquisar e fazer parte.
Por isso os grandes movimentos e encontros mundiais fazem sentido ao se deparar com repetições de comportamentos e padrões entre os continentes.
Em 2024 não será diferente, trazendo em si seu diferencial, de guiar nosso olhar para cidades e regiões até então “desconhecidas”, mas com imenso potencial de identidade, resgate e singularidade, como Holanda, México e Curitiba, que tal?
Para finalizar nosso último encontro de 2023 por aqui, separei alguns dos eventos mais significativos para mim em 2024, onde espero lhe encontrar on ou offline, desejando ainda mais descobertas para gente nesta virada de ano e festas entre famílias e amigos.
Veja a agenda que separei para 2024
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