ESTILO ARQUITETURA & DECORAçãO

O retorno dos ícones

O movimento retrofit é uma forma de transformar prédios antigos em novos ícones arquitetônicos

As cidades vão crescendo, se desenvolvendo, construindo e evoluindo. Milhares de edificações são erguidas e, com isso, uma história é escrita. Apesar de todos os benefícios que prédios históricos trazem para a cultura de uma região, eles também podem ser um empecilho.

Enquanto algumas regiões se desenvolvem, ganham edifícios com tecnologia de ponta, outros – que foram ícones
em determinadas épocas – passam a ficar velhos e desatualizados. Esse é um “problema” de cidades que carregam
seus edifícios como parte de sua história, como muitas cidades europeias.

Como solução, uma tendência na arquitetura e no design surgiu na Europa, o retrofit. O termo é uma nova forma de
revitalizar edifícios e outras construções, trazendo a eles novas tecnologias e designs mais promissores. No entanto, não se trata de uma reforma.

“O retrofit é mais profundo, uma transformação de fato. A reforma é uma restauração que traz o imóvel às condições originais. O retrofit mantém o tradicional aliado à vida moderna, com funcionalidades atuais”, explica Luiz Fernando Cordeiro, engenheiro civil e um dos sócios da R3 Retrofit.

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Luiz explica que este mercado, já conhecido internacionalmente e em outras cidades brasileiras – como São Paulo
– tem se mostrado uma tendência em Curitiba. Por isso, Luiz e seu sócio, Rodrigo Filippini, compram imóveis antigos na capital paranaense e os transformam, deixando-os prontos para uso – e parcialmente mobiliados – em até quatro meses.

Entusiastas do movimento, os arquitetos Renan Mutao e Ary Polis Jacobs, do Studio Architetonika Nomad, estão
nesse mercado há seis anos. “Nós ressignificamos apartamentos antigos e, no meio disso, devolvemos o potencial
desses imóveis, que têm lindas aberturas de vidros, pé direito alto e espaços mais amplos”, pontua Renan.

Os arquitetos, então, compraram um apartamento no Edifício Paraná, projeto construído entre 1965 e 1968 na Rua Visconde do Rio Branco na esquina com a Comendador Araújo. “Nos mudamos para experimentar como era viver no Centro e estamos apaixonados.

Temos a sensação de que no centro da cidade há verdadeiras joias arquitetônicas que estavam sendo desperdiçadas”,
revela Mutao.

Além disso, ele sinaliza a importância de trazer mais movimentação para o Centro. “Nós somos entusiastas da renovação do centro da cidade e julgamos importante que edifícios de décadas passadas recebam investimentos para se atualizarem e continuem fazendo parte da história da cidade”.

Mas não são apenas os arquitetos que pensam na importância da renovação do Centro de Curitiba. O projeto Rosto
da Cidade, programa de revitalização urbana com o objetivo de recuperar a preservação do Centro Histórico de Curitiba, também busca trazer as pessoas novamente para a região central.

“O Centro é o grande doutor de negócios e renda da cidade. No entanto, a gente percebe que, se não cuidarmos, ele vai degringolando”, afirma o arquiteto do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), Mauro Magnabosco.

Segundo o especialista, com o projeto, o setor histórico, os conjuntos de casarios e edifícios foram recuperados,
valorizando a arquitetura da região. “Nós estamos mantendo o centro da cidade vivo”, ressalta. Esse movimento, na visão do arquiteto e idealizador do projeto Prédios de Curitiba, Guilherme de Macedo, é um olhar com capricho. “A gente acredita que o retrofit é um resgate, a valorização da história da cidade. Não tem como deixarmos isso passar”, finaliza.

*Fotos: Pedro Ribas, Museu da Imagem e do Som do Paraná, Eduardo Macarios e Divulgação

*Matéria originalmente publicada na edição #264 da TOPVIEW

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