O que devemos esperar do futuro – e do Anuário Premium TOPVIEW 2019?
Longas jornadas em um cenário que beira a catástrofe, o cansaço, a argumentação extenuante, a busca incansável por novas soluções que não estão assim tão visíveis e uma latente crise criativa sempre à espreita. Além disso, discussões válidas e inválidas, sopros de possibilidades de virada de mesa e um mercado que prega união, mas parece segregar em diversos momentos para, no fim, com um sorriso de superação, começar tudo novamente.
O relato anterior parece ser de um roteiro de filme hollywoodiano, no qual os personagens lutam para chegar ao final de sua epopeias e, com isso, viver a felicidade destinadas aos heróis. Entretanto, nada mais é que do dia a dia em uma empresa de comunicação que está convulsionando para encontrar um caminho que não é claro, mas parece estar meticulosamente articulado por uma força que não é apenas superior, mas sobrenatural.
Caótico em todos os sentidos, intenso também, vívido ainda mais, porém longe de ser clichê como em muitos filmes. É o apocalipse do modelo de negócio (e não do setor ou desta empresa) em uma ERA da comunicação. Sem a certeza de que o futuro será grandioso, a gente constrói o amanhã em um hoje que está sendo retumbante. Sim, retumbante. Se você está com este produto em suas mãos, é porque diversas previsões negativas foram derrotadas já no ano passado.
E neste ano, com a convicção como a de um louco, novos questionamentos foram, se não respondidos, sumariamente ignorados. O mercado não está para peixes, está para cobras e lagartos. Em um deserto árido, veículos – antes tradicionais – competem pela sobrevivência em um cenário Mad Max. O caminhão reabastecido com uma gasolina potente de recursos humanos leva as nossas ideias amarradas à frente da carroceria: sem medo aceleramos indo ao encontro de uma nova realidade.
O portal do futuro se aproxima cada vez mais. Ao mesmo tempo, parte dele está cada vez mais longe, como uma miragem. Parece que, quanto mais tecnológicos nos tornamos, mais analógicos ainda estamos. Nossas lutas diárias não estão mais só em contar histórias, entregando-as a uma audiência coerente. Dezenas ou até mesmo centenas de fatores estão tornando as estradas sinuosas.
Escrevemos para milhares, mas com uma linguagem que deve soar, ou pior, deve ser extremamente personalizada. Escrevemos e editamos não só para humanos, como também para máquinas tão críticas quanto pessoas de carne e osso. O que nos leva a continuar? A certeza absoluta de que a comunicação é um fator decisivo para a estabilidade da democracia e um pilar de evolução intelectual, social e humana para todos os seres pensantes que ocupam um espaço de terra.
Avançamos com nossas plataformas digitais e cada dia mais temos a certeza de que estamos em um relacionamento de coexistência extremamente igualitária com os nossos leitores, anunciantes, parceiros e fornecedores. Não existe mais o poder das empresas de comunicação, o que existe é o poder da comunicação por meio de redes formadas por indivíduos e grupos, uma formação comumente denominada “redes sociais”.
Estamos conectados e não existe mais possibilidade de vivência sem estar ligado por meio de plataformas, gadgets e outras interfaces. Parece aterrorizante – e é. Não sabemos para onde caminhamos pela primeira vez na história. O novo mundo com que estamos tendo contato é tão novo que estamos como indivíduos e sociedade questionando absolutamente tudo e até mesmo a forma como vivemos. O morar é mais do que isso: é viver, é expressar o que se acredita por um estilo de vida muito mais arraigado com questões existenciais do que era antes.
As necessidades de pausa, descanso, isolamento, confraternização, comunhão com o próximo e com a natureza são tão gritantes que as casas, apartamentos, estruturas comerciais e espaços urbanos estão mudando rapidamente. Por isso, eu confesso que me assustei com as grandes mudanças percebidas nos projetos publicados de um ano para o outro neste anuário. Mais do que a evolução de nossos profissionais, que é óbvia e maravilhosa, existe em curso uma mudança no jeito de conviver e coexistir com a arquitetura.
Os gostos, as necessidades, os amores, as referências, as construções sociais e até mesmo os nossos temores estão expressos em uma arquitetura cada vez mais personalizada e única. Um salve ao novo mundo e aos sensíveis que estão construindo uma nova era. Que ela seja grandiosa.
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