ESTILO ARQUITETURA & DECORAçãO

A arte caminha comigo

Além de ser uma grande ferramenta de comunicação, ela foi fundamental para a construção da minha história

A arte sempre fez parte da minha vida. E não falo só de artes plásticas, artes cênicas e música. Fui impactado muito cedo pelo universo artístico por meio da arquitetura, quando, aos oito anos, nos mudamos para a casa que meu pai, Mário Petrelli, construiu e onde moro hoje.

Conhecida no meio arquitetônico como a Residência Mário Petrelli, ela foi erguida em 1964. De inspiração modernista, marcou época com o desenho e as dimensões avantajadas das vigas estruturais e nas disposições espaciais, com volumes curvos de alguns de seus espaços internos. O projeto leva a assinatura do Escritório Forte Gandolfi, dos arquitetos Luiz Forte Neto e José Maria Gandolfi, expoentes da escola modernista brasileira.

Ambos se formaram pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo (SP), e vieram para Curitiba (PR) no início dos anos 1960. Foram atraídos pelo concurso aberto para a construção do prédio-sede do Santa Mônica Clube de Campo e acabaram trazendo a escola brutalista paulista – marcada pelo concreto aparente e os grandes vãos. Há vários exemplares pela cidade. Quando andar por aí, preste atenção no prédio da Paraná Previdência, na sededo Clube Curitibano e no ginásio do Círculo Militar.

Viver nessa casa despertou minha atenção para o design, o que contribuiu para que me aproximasse da fotografia, da televisão e do cinema, áreas em que acabei me graduando.

 

Mas foi também pelo olhar do meu pai e de muitos amigos pintores que ele tinha que me aproximei para sempre das artes plásticas. Tive a sorte de conviver com alguns dos nomes que assinaram grandes obras, ganharam expressão internacional e influenciaram o mundo da pintura, do desenho e da gravura. Entre eles, o francês Paul Garfunkel, que viveu em Curitiba de 1936 a 1981, o inesquecível curitibano Poty Lazzarotto, desenhista, gravador, ilustrador e muralista, e Fernando Calderari, falecido em 2021, que se notabilizou pelas paisagens marinhas.

Nos fins de semana, nós íamos visitá-los. E meu amor pela arte só crescia, incorporando também admiração pelos artistas contemporâneos. Sempre gostei da ideia de acompanhar a carreira dos artistas novos.

Um amigo e tutor, o Marco Melo, foi quem me guiou nos primeiros passos dessa caminhada. Comecei a fazer uma pequena coleção que é composta de nomes como Daniel Senise, Siron Franco, Manabu Mabe, Jorge Guinle, Sérgio Sister, António Manuel, Eduardo Sued e Arcangelo Ianelli. Mais recentemente, investi em algumas obras mais pesadas, como as do israelense Abraham Palatnik – pioneiro em arte cinética no Brasil – e de Gonçalo Ivo, filho do escritor Lêdo Ivo – cuja obra une as experiências da arquitetura e valoriza a geometria, as formas e as cores.

Além de apreciador e colecionador, sou também um entusiasta do estudo da arte como canal para construção do conhecimento. Ela está em tudo e em todos. É fundamental que a sociedade incorpore as manifestações artísticas como caminho para a promoção cultural das pessoas. Arte é educação e fico feliz por fazer parte de um grupo de comunicação como a Ric, que usa seus veículos e recursos tecnológicos para ajudar as pessoas a se aproximar da arte, a usufruírem da riqueza que ela proporciona em todas as suas formas.

 

*Matéria originalmente publicada na edição #273 da revista TOPVIEW.

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