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Antídoto escapista na pandemia

A Festa de Formatura é o novo longa de Ryan Murphy e traz Meryl Streep e Nicole Kidman no elenco

Durante a Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945, um dos gêneros cinematográficos mais populares era o musical. Ir ao cinema era uma forma de fugir da realidade. Em tempos de pandemia, nos quais o público busca alento na arte e na cultura, além de uma forma de escapar das notícias tristes, A Festa de Formatura, novo longa-metragem do produtor e diretor americano Ryan Murphy, parece ter sido feito sob encomenda para esses tempos difíceis que atravessamos.

Murphy, conhecido pelas séries Glee e American Horror Story, traz para o canal de streaming Netflix, produtor do filme, sua adaptação de The Prom, espetáculo musical que estreou na Broadway em 2018. Para isso, reuniu um elenco estelar. Meryl Streep vive o papel de Dee Dee Allen, diva dos palcos nova-iorquinos, vencedora de dois prêmios Tony, que enfrenta uma fase difícil em sua carreira: a peça que acaba de estrear, na qual vive o papel da Eleonor Roosevelt, lendária primeira-dama do EUA, foi bombardeada pela crítica. Ela e seu companheiro de cena, Barry Glickman (James Corden), que interpreta o presidente Franklin Delano Roosevelt, foram apontados como grandes responsáveis pelo fracasso.

Na tentativa de reverter essa maré negativa, os dois se unem a Angie (Nicole Kidman) e Trent (Andrew Rannells), atores quase desconhecidos, na busca de uma “grande causa” politicamente correta. A ideia é colocá-los sob uma luz positiva – tanto Dee Dee quanto Barry têm a reputação de serem narcisistas e pessoas desagradáveis. A procura termina quando Angie descobre no Twitter a história de Emma, uma adolescente lésbica (a ótima Jo Ellen Pellmann), proibida pela Associação de Pais e Mestres de sua escola de ir com sua namorada, Alyssa (Ariana DeBose) à festa de formatura de sua escola, em uma cidadezinha no estado de Indiana.

Em alguns momentos, A Festa de Formatura parece muito um episódio expandido de Glee, e isso não seria um problema se a ambição do filme não fosse muito maior. Com as vencedoras do Oscar Meryl Streep e Nicole Kidman, ambas muito bem em seus papéis, à frente do elenco, entregar uma produção com mais cara de cinema tornou-se quase obrigatório para Murphy. E o filme tem, sim, alguns momentos inspirados, com boas canções e números musicais, muito por conta de Jo Ellen Pellmann, que constrói uma Emma muito empática, por quem vale a pena lutar.

*Coluna originalmente publicada na edição #245 da revista TOPVIEW.

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