ESTILO

Allex Colontonio e André Rodrigues, os Decornautas, contam como você pode ir além das tendências

Os diretores criativos da Artefacto falam sobre o futuro do mercado de design e arquitetura e como se destacar no segmento

Arquitetos, decoradores ou designers. Poderíamos arriscar que Allex Colontonio e André Rodrigues exercem alguma dessas profissões. Mas a dupla extremamente comunicativa entrega sua verdadeira profissão na primeira troca de frases: são jornalistas.

Ao nos encontrarmos na Artefacto Curitiba, em uma das (várias) visitas que os dois fazem na loja anualmente, a conversa fluiu fácil. Também pudera: acomodados em um dos aconchegantes ambientes da loja de mobiliário, é difícil não se sentir confortável para um bate-papo. “Aqui é nossa segunda casa”, afirmou Colontonio, que, junto com Rodrigues, é diretor-criativo da Artefacto.

Desta vez, a visita a Curitiba foi para lançar dois projetos – a revista Pop-se e o artbook Decornautas – e para um talk sobre o Salão do Móvel de Milão e como a Artefacto consegue trazer as referências apresentadas internacionalmente para o mobiliário nacional.

Chega de tendências!

Não é que a dupla – cheia das opiniões fortes – rechace o termo “tendência” – até porque é inevitável. A ideia é trocar o conceito pela ideia de “narrativa”, e não de efemeridade, como acontece atualmente. “O mercado se abastece das tendências. A gente tenta fazer com que o profissional preste mais atenção em movimentos contemporâneos”, explica Colontonio.

A demanda mercadológica (não se troca de mobiliário com tanta frequência quanto de roupa, por exemplo) faz com que as novidades sejam mais lentas – e até mesmo mais repetitivas, segundo eles. Está muito mais difícil encontrar novidades em formas, volumes, texturas e matérias-primas e o que se encontra são releituras do que já existe, normalmente com cores reinventadas. “O arquiteto é um grande formador de opinião e precisa de responsabilidade para projetar o espaço para o outro”, avalia Colontonio. Mas, se for para falar em tendência, a dupla cita móveis modulares e o apogeu da cor.

Como futuro do mercado, eles enxergam a necessidade de abrir o olhar para novos segmentos. Assim como na Europa, é preciso se abastecer do ambiente artístico, cultural e econômico. “Referência é muito pessoal e intransferível. É isso que gera originalidade no seu trabalho”, aponta Rodrigues. Nessa linha, a Artefacto busca seguir a sua narrativa própria dentro desse universo. Ela lança uma extensa gama de produtos, assemelhando-se a uma gigante italiana, mas faz isso antes: em março, enquanto as feiras passam a acontecer apenas em abril.

 
 
 
 
 
Visualizar esta foto no Instagram.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

✨? @decornautas ・・・ Ainda ontem o @r_andreh, a metade taurina do duo, quase deu um coice no exu-tranca-revista que conjurou no nosso estande na @abup_oficial só pra dizer que éramos inexperientes demais (?) para publicar na era digital, entre outros recalques de quem imprime os catálogos mais medonhos que já vimos na vida (juro: não dava nem para forrar o W.C. de Alice, nosso coelho, com os panfletos da fulana, autoproclamada “editora”). Apostar no impresso foi um caminho sem volta – questão de honra, é claro, porque poderíamos largar mão disso para fazer algo bem mais lucrativo, tipo publicidade ? Mas esse amor desmedido que temos por assentar no papel nossos saberes/fazeres na direção de arte e no jornalismo cult, em plena era do crepúsculo editorial, só faz crescer a cada dia ? @pop_se e o art book @decornautas estão na boca do povo e continuam reverberando com força – e concorrendo aos prêmios mais expressivos da categoria ? Nosso modelo de comercialização, que colocou os produtos em pontos estratégicos que vão desde as livrarias e bancas mais badaladas do País (parceria com a distribuidora Black & White) às lojas de design, também passa por eventos exclusivos de corpo a corpo com a audiência nas feiras mais importantes do circuito (estaremos na @sp_arte, na @exporevestir_oficial, na @highdesignexpo) e pelas palestras que ministramos País afora ? Ou seja: proporcionamos aos nossos parceiros um alcance único e panorâmico, direto e sem escalas, com audiência qualificadíssima, sem intermediários ♻ É assim que encaramos a visibilidade nesses tempos de transição: orgânica e legitimamente, afinal, nesse business, trabalho se mostra mesmo é nas páginas, à prova de qualquer truque ?? Na @artefactooficialbrasil, nossa segunda casa, sempre encerramos nossos talks (já fizemos Rio e Sampa e nos preparamos para encarar as lojas de Balneário, Curitiba, Brasília, Goiânia, Porto Alegre, João Pessoa, Campinas, Jaú, Manaus, Cuiabá, Salvador, Ribeirão Preto e Porto Velho) com esse “meet & greet” com arquitetos e designers de interiores que reconhecem nosso trabalho ❤ O vídeo aí em cima fala sobre um desses encontros com essa gente – e esse label – que a gente a-m-

Uma publicação compartilhada por Allex Colontonio (@allexcolontonio) em

O impresso como arte

Depois de passarem anos circulando em revistas como Casa Vogue, Wish Casa, Kasa e Giz, a dupla não se vê longe das publicações. Mesmo com um grande apelo digital no Instagram, Allex Colontonio e André Rodrigues sentiram a necessidade de um produto físico.

Como a internet é rápida, ligeira e rasteira, como diz Colontonio, a Pop-se é praticamente uma peça de arte colecionável com conteúdo super aprofundado. “Os ensaios são mais densos, intensos. Os textos são imensos para usar um outro ‘enso’”, brinca o jornalista. A revista de lifestyle com foco em design nasce do mundo pop e tem Vera Fischer nua como capa, trazendo toda a transparência e veracidade da dupla.

 
 
 
 
 
Visualizar esta foto no Instagram.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

#Repost @allexcolontonio ? ・・・ Desde que eu, bocó que sou, levei uma rasteira, todo mundo, exceto o @r_andreh, tenta me impedir de fazer revistas. Eles querem o meu bem, já que cada etapa do processo devora um pedaço de mim e dos meus – não mexe comigo, pois não ando só (e tem sido assim nos últimos 20 anos, com praticamente o mesmo time). Mas eu, que amo tudo o que faço (e que não faço pouco, muito menos pela metade), não seria completo sem um revistão pra tocar cotidianamente, bordando cada milímetro do conteúdo com muita verdade, resiliência e uma obssessão irrefreável pela qualidade. O mercado editorial está por um fio, os anunciantes retraídos; a concorrência, desesperada, joga baixo; a crise na indústria, das gráficas às distribuidoras, obriga até nós, quase-veganos, a matar um leão, dois ursos panda e um tiranossauro Rex por dia. Mas o formato colecionável no qual apostamos, autoral, em primeira pessoa, tipo reality-artsy-magazine, com quase 600 páginas cuidadosamente traçadas à mão, realmente aconteceu e começa a ser imitado. @pop_se esgotou-se em quase todas as bancas que alcançou no País. Em algumas delas, é a revista mais vendida. Concorre a vários prêmios de excelência e foi a única publicação latino-americana a ganhar menção honrosa no prestigiado The Society of Publication Designers (SPD), desde 1965 um dos mais importantes certificadores do mundo – fomos condecorados ao lado de lendas do impresso como New Yorker, Wired e The Cut. Nesta semana, viramos pauta da Monocle, a bíblia inglesa do estilo que é sinônimo de cosmopolitismo. Celebridades de todos os credos disputam nossas capas (a próxima, já pronta, talvez seja a mais ousada da minha carreira). Parece que deu certo, né? Espero em Cristo que sim. ?Enquanto isso, vou continuar sendo esse bocó sonhador (claro que, agora, mais calejado e blindado contra sociopatas). E aplicando o velho método: fazer eu mesmo, enquanto os outros (magros, grifados e ocupados demais dando ordens e morrendo de medo de mostrar quem de fato são, já que não têm muito a oferecer) mandam fazer e tropeçam em seus próprios egos. Obrigado a você, que ainda acredita em mim. ❤️ Foto: @miro_foto. Arte: @calenda

Uma publicação compartilhada por POP-SE (@pop_se) em

Já o @Decornautas foi uma das contas pioneiras do Instagram a falar sobre design. Segundo Colontonio, não se trata de uma conta quantitativa, mas voltada para o mercado de especificadores. “Nosso trabalho é mais crítico, não é para o consumidor final. Traz informações que são um pouco mais difíceis de serem assimiladas. É mais para insiders”, afirma.

Agora, são dois volumes do artbook Decornutas. O primeiro traz a complexa história da casa brasileira com a linguagem do Instagram – sem abrir mão dos famosos textões pelos quais são conhecidos. O segundo é um panorama contemporâneo da arquitetura nacional por meio de 50 profissionais. E podemos dizer que os escolhidos têm grande relação com os jornalistas, já que eles buscaram desenvolver um projeto que os representasse de forma mais genuína. E Curitiba não podia faltar: Jayme Bernardo faz parte do projeto com o apartamento que fez para Marcus Contin, ambos amigos pessoais de Colontonio e Rodrigues.

Leia mais:

Veja como foi o evento na Artefacto Curitiba!

 

Deixe um comentário