ESTILO

O álbum de viagem de 4 curitibanos – e “QUE” álbum (!!)

A convite da TOPVIEW, quatro fotógrafos expõem seus olhares sobre destinos de viagem pelo mundo, a partir de quatro pilares – natureza, arquitetura, pessoas e cultura

LÍBANO, por Eduardo Macarios

Passado e presente, dois tempos da História no mesmo momento. Eduardo foi atrás de suas raízes familiares e encontrou bem mais em 20 dias de sol intenso, ao registrar as cidades de Beirute e Biblos. “O Líbano passou por uma série de guerras e conflitos e as marcas dessa época estão lá ainda”, conta o fotógrafo, cujo trabalho, que costuma registrar pessoas, evoluiu ali para uma abordagem arquitetônica. “Eu quis enxergar as cidades por meio da arquitetura, em um trabalho mais estático e pensado, tentando compreender o espaço em que eu estava por meio da fotografia.”

“É um lugar cheio de passado, com uma cultura muito acolhedora.”

NAMÍBIA, por Nuno Papp

“Natureza crua.” Assim o fotógrafo descreve a Namíbia, país do sul da África com a segunda menor densidade populacional do mundo. Nuno, que viajou pelo destino sozinho, chegou a percorrer 800 km sem ver ninguém. A solidão, no entanto, ajudou-o a refletir: “Percebi que também sou parte da natureza”, conta. A sensação, ele diz, é de uma terra intocada pelo homem: os animais se reúnem em torno das poucas poças d’água e o céu é imenso, colorido e estrelado. Mesmo a poeira não atrapalha em nada: quando mesclada aos tons de laranja no horizonte, é uma visão que rouba o fôlego. Mesmo a câmera fotográfica, sua grande companheira, ocasionalmente foi deixada de lado. “Tentei registrar tudo o que vi”, lembra Nuno. “Mas, às vezes, eu só observava e deixava tudo permanecer intocado.”

“Eu aconselho todo mundo a viajar sozinho. Principalmente para a Namíbia, porque é um encontro com a natureza crua.”

AMAZÔNIA, por Vilma Slomp

“O universo da Amazônia amedronta e, ao mesmo tempo, explode a reflexão do existir humano com seus mais de 1.100 rios em um tapete verde no mapa da terra. Nos torna humildes.” Vilma percorreu quase cinco mil quilômetros fluviais para registrar o povo ribeirinho e seu cotidiano. O que viu foi a natureza ajudar as pessoas, oferecendo subsistência na vida em cima das palafitas: “O básico vem da natureza e da beira do rio, como o peixe, a mandioca e a farinha. A natureza é exuberante e pacificadora”, observa a fotógrafa, que entrou a fundo no lugar para poder registrá-lo.

“Tudo é diferente e gira em torno das condições dos lugares.”

ILHA TAQUILE (PERU), por Arnaldo Belotto

Foram cerca de dois mil degraus que Arnaldo Belotto subiu para alcançar o topo da ilha, além das quase três horas de barco até chegar a Taquile. Mas ele garante que o esforço foi recompensado: “A ilha tem uma beleza natural impressionante, com cores fortes e primárias, tanto nas paisagens como nos moradores”. Gentis e herdeiros de uma cultura muito rica, eles preservam as tradições, visíveis nas vestimentas e no comportamento, como revelaram ao fotógrafo. “[Os moradores] dançavam no meio da praça, com suas roupas típicas, segurando engradados de cerveja quente para beber durante o Corpus Christi”, lembra Arnaldo, sobre a alegria e o apreço pela cerveja local.

“Tentei unir paisagem e moradores, mas sempre de forma que mostrasse o aspecto humano do lugar.”

*Matéria publicada originalmente por Nicole Smicelato e Thaiany Osório na edição 210 da revista TOPVIEW.

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