IMPERDÍVEL! Ai Weiwei, um dos maiores nomes da arte contemporânea mundial, chega a Curitiba
Dizem que a arte é um movimento político e que, muitas vezes, retrata a trajetória e as experiências vividas pela mente por trás das criações. Ai Weiwei segue perfeitamente este conceito. Chinês, exilado de seu país com a família quando tinha apenas um ano de idade e, décadas depois, preso em seu domicílio na China durante quatro anos, o polêmico artista está chegando a Curitiba.
Considerado um dos maiores nomes da arte contemporânea mundial, Ai Weiwei também é artista plástico, pintor e ativista social, posição em que luta contra a repressão e a violação de direitos humanos. E é com toda a sua extensa – e intensa – bagagem, que a exposição “Ai Weiwei Raiz”, a maior do artista, desembarca no Museu Oscar Niemeyer (MON).
Ai Weiwei Raiz
Pela primeira vez no Brasil, a exposição “Ai Weiwei Raiz” é a maior individual já realizada pelo artista no mundo. Com projeto desenvolvido e curado por Marcello Dantas, a mostra apresenta obras inéditas, resultado de uma imersão de quase um ano feita pelo Brasil, principalmente no nordeste e interior de São Paulo. A exposição conta com obras icônicas do artista, todas tratando de temas atuais e com abordagens contundentes. Ao todo, vão ser mais de 40 obras e 15 vídeos expostos no MON que apresentam a visão que o artista tem sobre o Brasil e o mundo contemporâneo.
A partir de quinta-feira (02/05), as obras imperdíveis vão tomar conta do principal espaço do MON: o “olho”, durante três meses. E não é para menos! “Ai Weiwei Raiz” foi eleita umas das dez melhores exposições do mundo pela DesignBoom em 2018. Além disso, ela foi ganhadora do prêmio APCA, como a melhor exposição internacional de 2018. A exposição, que já passou por São Paulo e Belo Horizonte, chega a Curitiba Curitiba!
Não é um artista comum
Ai Wewei já passou por inúmeras situações hostis em sua vida. Uma delas foi a sua recente prisão domiciliar, que afetou diretamente a exposição em Curitiba: a mostra tinha programação de chegar ao Brasil em 2013, mas foi adiada, após severas críticas de Weiwei ao regime chinês, que o fizeram ser preso pelo governo. O projeto foi retomado em 2018, após quatro anos de prisão domiciliar do artista.
Foi em Nova York, após o exílio com a família na infância, que Weiwei se descobriu como artista. Ele largou os estudos em animação e passou a vender retratos na rua e a fotografar a cidade. Imerso neste mundo, ele conheceu importantes nomes da arte contemporânea, como Marcel Duchamp, Jasper Johns e Andy Warhol. Este, inclusive, teve grande influência no processo criativo de Weiwei.
Hoje, ele é um fenômeno. Weiwei conseguiu fazer o que muitos querem realizar: comunicar. O artista soube migrar para o mundo digital e, com ele, utilizar as ferramentas da internet para ser ouvido em seus blogs (alguns fechados pelo governo) e no Twitter. Ele consegue conectar-se com chineses e pessoas de todo o mundo, dando visibilidade e relevância para as críticas da sociedade contemporânea presente em suas obras.
Atualmente, o chinês vive em exílio voluntário em Berlim. Desde que saiu do seu país de origem, o artista direcionou seu olhar aos movimentos migratórios que estão causando inúmeras crises sociais na África e Oriente Médio.
De olho em Weiwei
Se você ainda não ficou com vontade de conferir a exposição, se prepare, agora essa vontade vai surgir! Toda a história de Weiwei é traduzida em suas obras cheias de força e crítica. Confira algumas delas:
Law of the journey
A obra é uma representação dos botes de refugiados em direção à Europa. Os refugiados representados não apresentam rostos, denunciando a falta de visibilidade do problema.
Mapa da china
A peça é construída com partes de madeira entrelaçadas, que foram recuperadas dos templos destruídos da dinastia Qing (1644-1911). Uma das interpretações do trabalho é que as peças também podem representar um símbolo da diversidade cultural e étnica da China.
Vaso Coca-Cola
O vaso da dinastia Han (206 a.C.-220 d.C) com o logotipo da marca Coca-Cola é um dos melhores exemplos das críticas do artista às formas de consumo exacerbadas da sociedade chinesa e do mundo.
Ninho de Pássaro
Ai Weiwei foi o assessor artístico na construção do principal estádio dos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008, o Estádio Nacional de Pequim. Também conhecido como Ninho de Pássaro, a obra foi um marco para o artista em sua atuação na edificação.
Forever Bicycles
Apresentada em várias versões pelo artista, essa obra representa o grande crescimento da sociedade em uma escala global por meio das ligações dos aros.
Sunflower seeds
O aglomerado de sementes é uma crítica às produções em massa realizadas na China. Foi necessário dois anos para a produção de milhões de “sementes”, produzidas exclusivamente por mulheres chinesas para a realização da obra.
Straight
Em 2008, um terremoto matou todos os alunos de uma escola, que foi feita com materiais precários, em Sichuan, na China. Depois do desastre, Weiwei começou uma investigação para descobrir o real número de mortos da tragédia. Um ano depois, o artista conseguiu publicar mais de 5.385 nomes de jovens chineses mortos em seu blog. A página online foi fechada pelas autoridades. Mais do que isso, o artista comprou todos os ferros retorcidos no desmoronamento e os transformou em uma obra de arte.
Serviço:
Ai Weiwei Raiz
De 3 de maio a 28 de julho.
Museu Oscar Niemeyer (MON): Rua Marechal Hermes, 999.
Terça-feira a domingo, das 10h às 18h.